Próstata

03/02/2025 03h35

O SIS já tem no seu rol de cobertura as cirurgias de próstata feitas por robôs, técnica inovadora que garante uma recuperação mais rápida e menor risco de infecção. Até agora, 22 beneficiários se submeteram ao procedimento – 14 na rede Sírio-libanês de São Paulo e do DF e oito no Hospital Brasília. Em alguns dos casos, não só a próstata, mas tecidos adjacentes foram retirados também com extrema precisão.

O procedimento, conhecido prostatectomia robótica, começa com cinco ou seis pequenos cortes na área abaixo do estômago onde são inseridas câmeras com visão integral da área a ser operada, inclusive nervos, artérias e músculos. Por essas mesmas passagens, são introduzidos instrumentos robóticos em tamanho miniatura.

Num console dentro da sala de cirurgia, o médico controla os braços robóticos estéreis com punhos que giram em 360º manipulando as miniaturas para atingir e retirar o pequeno órgão com mais precisão e rapidez. Ou seja, aquele corte que que ia do umbigo ao osso púbico e a técnica de o cirurgião inserir a mão na parte baixa da barriga estão com os dias contados.

Custos

O custo médio de uma cirurgia assim é de R$ 27,6 mil. De acordo com a servidora Viviane Schunemann, chefe do serviço de credenciamento do SIS, os contratos variam um pouco entre eles.

– Enquanto no Hospital Sírio-libanês existe uma taxa padrão de uso do Robô Da Vinci,  no Hospital Brasília o contrato é mais global, incluindo, entre outras coisas, a taxa de uso do robô, honorários médicos, duas diárias de internação, materiais, medicamentos e insumos.

Glândula

A próstata tem o tamanho de uma noz e pesa como três moedas de R$1, mas pode fazer  um grande estrago quando doente. Glândula responsável pela produção dos fluidos de nutrição e transporte dos espermatozóides, ela ocupa o topo das estatísticas de câncer em homens de boa parte do mundo.

Geralmente, quando há um câncer está em estágio inicial, a próstata é removida completamente – com ou sem o uso de radiação ou hormonioterapia. Se o tumor é benigno ou há apenas aumento do volume da glândula (hiperplasia prostática benigna), o paciente pode ter a parte mais comprometida retirada, uma vez que a próstata aumentada compromete a função urinária por estar muito próxima à bexiga.

Nesse caso, a prostatectomia foca na parte da próstata que, ao pressionar a bexiga, bloqueia o fluxo da urina. O paciente perde a vontade freqüente de fazer xixi, inclusive à noite, e o fluxo deixa de ser interrompido ou dificultado.  Outra vantagem é que as infecções urinárias também param de ser um problema recorrente.

Danos

A prostatectomia é um procedimento que gera dois importantes efeitos colaterais: incontinência urinária, geralmente temporária, e impotência sexual.

A volta da função erétil depende da idade, do funcionamento sexual anterior à cirurgia e do nível do comprometimento de nervos no procedimento. A não ser que haja uma forte suspeita de câncer nos tecidos nervosos, os cirurgiões usam técnicas e movimentos dos robôs para preservar da melhor forma possível a musculatura que envolve  a função erétil.

Entrevista

Coordenador do departamento de Urologia do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, Alexandre Cavalcante é um entusiasta do uso de robôs em cirurgias. De acordo com ele, na rede privada de medicina essa tecnologia vem crescendo significativamente. "Na minha prática, a cirurgia robótica representa 100% dos procedimentos para câncer de próstata e rim", descreve. Veja agora os trechos mais importantes da conversa dele com a reportagem do Portal do SIS.

Em quais áreas da medicina as cirurgias robóticas são mais usadas?

Elas são realizadas em diversas especialidades cirúrgicas, com destaque para urologia, ginecologia, cirurgia geral, aparelho digestivo, coloproctologia e cirurgia torácica.  O pós-cirúrgico é muito melhor: há menos sangramento, menos dor, redução no tempo de sonda urinária e de internação. De maneira geral, a recuperação pós-operatória do paciente é mais rápida, o que antecipa o retorno às atividades normais. É sinônimo de uma cirurgia mais controlada, padronizada e segura.

O uso da robótica não limita o médico a ter visão mais generalizada do organismo?

Pelo contrário, a cirurgia robótica proporciona melhor visão cirúrgica.

Em casos de câncer e tumores malignos, a robótica é recomendada?

Sim. Na urologia, o principal uso da cirurgia robótica é no tratamento de tumores malignos da próstata, rim, bexiga e adrenal.

O risco de infecção cirúrgica, no caso da cirurgia robótica, chega a ser zerado? 

Não, o risco de infecção não é zero, mas é muito inferior ao das outras modalidades cirúrgicas, como a cirurgia aberta.

O paciente fica sozinho no centro cirúrgico?

O paciente nunca fica sozinho. Ele é assistido por um médico cirurgião, anestesistas e instrumentadores durante todo o procedimento. O cirurgião principal fica a poucos metros de distância, no console cirúrgico, mas na mesma sala.

E como é o tempo de cirurgia? Maior ou menor que uma intervenção convencional?

Para cirurgiões experientes, o tempo de cirurgia é menor.