Esgotamento profissional tem sintomas específicos

Não existe um padrão e cada pessoa tem um limite e uma tolerância diferente até atingir a condição patológica, na qual toda a energia psíquica é drenada.
20/01/2023 14h25

Também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, o burnout é o distanciamento físico e emocional que vai além de um simples cansaço. De acordo com o médico do trabalho Hugo Ricardo Valim de Castro, do Serviço de Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida No Trabalho (SesoQVT), a condição está geralmente associada a profissões de estresse elevado e envolvimento emocional, como jornalistas, policiais e médicos, mas pode afetar qualquer um.

A palavra burnout tem origem na língua inglesa e significa, literalmente, exaustão. Segundo Hugo Castro, não existe um padrão e cada pessoa tem um limite e uma tolerância diferente até atingir essa condição patológica, na qual toda sua energia psíquica é drenada.

— A primeira medida depois da identificação do problema é o afastamento daquela pessoa, que não precisa ser prolongado, e início de uma psicoterapia. Os colegas e a instituição que o emprega devem ajudar a identificar os fatores de risco, aqueles que mais influenciaram no desenvolvimento da condição. Pode ser uma carga de trabalho excessiva, falta de reconhecimento, dentre outras — explica.

Segundo o Ministério da Saúde, o estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença, mas existe uma lista de sinais que podem ser associados ao burnout. São eles:

  • Cansaço excessivo, físico e mental
  • Dor de cabeça frequente
  • Alterações no apetite
  • Insônia
  • Dificuldades de concentração
  • Sentimentos de fracasso e insegurança
  • Negatividade constante
  • Sentimentos de derrota e desesperança
  • Sentimentos de incompetência
  • Alterações repentinas de humor
  • Isolamento
  • Fadiga
  • Pressão alta
  • Dores musculares
  • Problemas gastrointestinais
  • Alteração nos batimentos cardíacos

Contexto 

Um estudo da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) apontou, em 2020, que nosso país é o segundo mais afetado pelo esgotamento profissional excessivo no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) levantou que o Brasil possui a maior taxa de pessoas com ansiedade, além de ocupar o quinto lugar no ranking de pessoas com depressão. As duas condições também estão ligadas ao burnout.

— O apoio, o respeito e a compreensão pela situação do indivíduo são importantes. O tratamento empático também ajuda, além de o empregador avaliar a possibilidade de flexibilização das condições de trabalho da pessoa — arremata Hugo Ricardo.

Agora em janeiro a OMS reconheceu a síndrome de burnout como um fenômeno ocupacional, ou seja, relacionado ao trabalho. A consideração passou a valer com a vigência da nova Classificação Internacional de Doenças, 11ª edição (CID-11).

Texto: Intranet