Esgotamento profissional tem sintomas específicos
Também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, o burnout é o distanciamento físico e emocional que vai além de um simples cansaço. De acordo com o médico do trabalho Hugo Ricardo Valim de Castro, do Serviço de Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida No Trabalho (SesoQVT), a condição está geralmente associada a profissões de estresse elevado e envolvimento emocional, como jornalistas, policiais e médicos, mas pode afetar qualquer um.
A palavra burnout tem origem na língua inglesa e significa, literalmente, exaustão. Segundo Hugo Castro, não existe um padrão e cada pessoa tem um limite e uma tolerância diferente até atingir essa condição patológica, na qual toda sua energia psíquica é drenada.
— A primeira medida depois da identificação do problema é o afastamento daquela pessoa, que não precisa ser prolongado, e início de uma psicoterapia. Os colegas e a instituição que o emprega devem ajudar a identificar os fatores de risco, aqueles que mais influenciaram no desenvolvimento da condição. Pode ser uma carga de trabalho excessiva, falta de reconhecimento, dentre outras — explica.
Segundo o Ministério da Saúde, o estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença, mas existe uma lista de sinais que podem ser associados ao burnout. São eles:
- Cansaço excessivo, físico e mental
- Dor de cabeça frequente
- Alterações no apetite
- Insônia
- Dificuldades de concentração
- Sentimentos de fracasso e insegurança
- Negatividade constante
- Sentimentos de derrota e desesperança
- Sentimentos de incompetência
- Alterações repentinas de humor
- Isolamento
- Fadiga
- Pressão alta
- Dores musculares
- Problemas gastrointestinais
- Alteração nos batimentos cardíacos
Contexto
Um estudo da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) apontou, em 2020, que nosso país é o segundo mais afetado pelo esgotamento profissional excessivo no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) levantou que o Brasil possui a maior taxa de pessoas com ansiedade, além de ocupar o quinto lugar no ranking de pessoas com depressão. As duas condições também estão ligadas ao burnout.
— O apoio, o respeito e a compreensão pela situação do indivíduo são importantes. O tratamento empático também ajuda, além de o empregador avaliar a possibilidade de flexibilização das condições de trabalho da pessoa — arremata Hugo Ricardo.
Agora em janeiro a OMS reconheceu a síndrome de burnout como um fenômeno ocupacional, ou seja, relacionado ao trabalho. A consideração passou a valer com a vigência da nova Classificação Internacional de Doenças, 11ª edição (CID-11).
Texto: Intranet