Sinusite ou enxaqueca? Saiba diferenciar

Mais comum quando o ar está frio e seco, a inflamação da face também aparece no verão, pelo uso excessivo de ar-condicionado. Muitas vezes se confunde com os sintomas de enxaqueca
16/02/2023 10h55

Dor de cabeça, principalmente na região da testa e abaixo dos olhos, sensação de pressão interna no rosto. Sintomas que indicam sinusite, certo? Nem sempre. A sinusite está associada principalmente a quadros de secreção/obstrução nasal e alterações no olfato. Em cerca de 90% dos casos, a inflamação na mucosa que reveste internamente os seios da face acontece na esteira de um resfriado ou gripe.

Quando a sinusite é aguda, com duração inferior a 12 semanas, pode haver dor de cabeça, mas com intensidade de leve a moderada. Já em casos crônicos, que se estendem além desse período, é raro haver manifestação de dor.

– Estudos mostram que apenas 10% das queixas de dores frontais estão relacionadas a sinusite. Nos demais casos, o mais comum é a dor estar relacionada a tensão ou enxaqueca – explica Gustavo Lara Rezende, médico otorrinolaringologista do Hospital de Base e professor da Universidade Católica de Brasília.

Dor tensional na idade adulta tem a ver com estresse, falta de sono, sedentarismo. E raramente vem acompanhada de náusea, fotofobia, vômito, irritabilidade sonora – sintomas que sugerem enxaqueca, condição que deve ser acompanhada por um neurologista.

O médico destaca outro fator que costuma confundir os pacientes: reflexos neurológicos presentes durante a enxaqueca podem levar à congestão nasal. No entanto, nesses casos, a secreção deve estar clara. Para correta avaliação, é preciso procurar um profissional de saúde.

Diagnóstico

A princípio, o diagnóstico de sinusite deve se basear no relato do paciente sobre a evolução do quadro e sintomas, além do exame clínico realizado pelo médico, que permite visualizar vias aéreas e avaliar a secreção, se houver. Um recurso adicional pode ser a videonasoscopia, exame em que uma cânula fina é inserida pela narina do paciente e possibilita observar as vias aéreas internamente.

– Já o exame de raio-X não é recomendável porque não contribui para avaliar a secreção nasal e, portanto, não ajuda no diagnóstico – esclarece Gustavo Rezende.

infografico sinusiteTratamento

Como a maior parte dos casos de sinusite surge a partir de um resfriado comum ou gripe  causados por vírus, o tratamento deve focar, a princípio, apenas o alívio dos sintomas. É recomendada lavagem nasal e o uso de descongestionantes e analgésicos.

Visto que, nesses casos, a recuperação depende basicamente da resposta do sistema imunológico do paciente, medidas para fortalece-lo também são bem-vindas, como repouso, hidratação e alimentação correta.

Já o antibiótico só deve ser prescrito se o quadro viral evoluir para uma infecção bacteriana, situação em que os sintomas persistem por pelo menos cinco dias. A mucosa inchada dificulta a saída da secreção protetora naturalmente produzida no nariz. Com isso, ao longo dos dias, o muco pode virar meio de cultura bacteriano e se tornar uma secreção amarelada.

– Muco só tem relação com bactéria se ficar retido. Usar antibióticos em quadros virais não trata a doença e ainda leva o paciente a desenvolver resistência a esses medicamentos. Assim, ele vai precisar de antibióticos cada vez mais potentes para se tratar quando estiver realmente acometido por uma infecção bacteriana – alerta o médico.

Alguns fatores elevam o risco de sinusite, entre eles: alergias, tabagismo, baixa imunidade, infecção dentária e problemas funcionais no nariz, como desvio de septo, pólipos nasais e hipertrofia de cornetos.

Lavagem

A lavagem nasal com soro fisiológico puro pode ajudar na prevenção e tratamento da sinusite. A aplicação do soro pode ser feita com o uso de seringas, mas já se encontram no mercado embalagens em spray e também garrafinhas específicas para a lavagem com alto volume e baixa pressão.

Feita da forma e na frequência adequadas, a lavagem ajuda a retirar o excesso de muco e as impurezas acumuladas nos seios da face. No entanto, o uso prolongado desse recurso pode remover também a imunoglobulina-A, molécula de defesa natural do corpo presente nessa região. Além disso, a aplicação incorreta de soro pode causar otite. Portanto, é fundamental consultar um profissional de saúde para ter a orientação correta de uso.

Vale lembrar que os sprays com soro fisiológico são diferentes dos sprays com corticoides, que contêm medicação e devem ser usados apenas com prescrição médica.

 

Texto: Juliana Costa