Cordão de girassóis já é adotado no Senado

Desde 17 de julho de 2023, quando a Lei 14624/2023 foi sancionada, o acessório está oficializado no Brasil como um item de acessibilidade e garantia de direitos.
28/08/2023 12h32

Pessoas com deficiências ocultas podem usar o cordão de fita com desenhos de girassóis como símbolo de identificação. Desde 17 de julho de 2023, quando a Lei 14624/2023 foi sancionada, o acessório está oficializado no Brasil como um item de acessibilidade e garantia de direitos. Apesar de o conceito estar introduzido, a causa precisa ser testada na prática.

Beatriz Campos Cruz, estagiária do Núcleo de Mídias Sociais (NMidias), possui uma deficiência auditiva e aderiu ao cordão de girassol. Ela afirma já ter sido questionada antes sobre o uso de serviços preferenciais por sua condição não estar visível e elogia a iniciativa da fita. Na visão da jovem, contudo, ainda é algo recente e que precisa ser enraizado na cultura brasileira.

— Muitas pessoas ainda não sabem o que significa, então, hoje em dia, ainda não vejo diferença tão grande. É preciso divulgação para as pessoas entenderem caso vejam o cordão no aeroporto, no mercado etc. O atendimento prioritário não é só para quem tem deficiência visível. Envolve um atendimento especializado. Uma pessoa surda como eu, por vezes, tem de fazer uma leitura labial ou usar um intérprete de Libras — explica.

Ela ainda levanta outra problemática: a segurança. O uso difundido dos cordões podem evidenciar vulnerabilidades dos usuários e, dependendo do ambiente, fazê-los correr mais riscos. Para estagiária, isso vai inibir muitas pessoas de usarem o item e, daí, a necessidade de uma conscientização geral da população para entender e abraçar as pessoas com deficiência (PCD) independente do que ela aparenta.

Tema  amplo

Beatriz avança o debate e discute ser preciso uma transformação da inclusão, que, conforme ela, na verdade parte de um tripé de palavras-chave, sendo as outras duas acesso e acessibilidade.

— Um espaço ser acessível não significa que isso é só para PCD, mas também para pessoas com corpos diferentes, mentes diferentes. Se alguém não consegue se sentar em uma cadeira porque é pequena demais, isso é falta de acessibilidade. Nos locais de trabalho, todos deveriam ser capacitados para receber pessoas de qualquer forma e jeito. Se não houver, deveriam se adaptar — defende.

A colaboradora reforça que mesmo para PCD com o mesmo tipo de deficiência, as demandas são diferentes pois cada um tem necessidades únicas. Para a jovem, a inclusão também precisa ser trabalha no trabalho no sentido de abrir mais oportunidades para pessoas com deficiência e, principalmente, vinculá-las aos setores de acessibilidade para melhor orientar os contratantes.

A assistente técnica do Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais (NCas), Celia Regina Pessoa, acredita no cordão como um passo importante na conscientização das pessoas e defende uma boa divulgação do tema para informar sobre as deficiências ocultas.

— Vai ser muito útil e já tem se mostrado assim para as pessoas enfrentarem menos constrangimentos ao usufruir de seus direitos. Vai proporcionar maior compreensão e respeito — conclui.