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Edith Jiménez (1918-2004) foi uma importante pintora, gravadora e professora paraguaia, que veio ao Brasil em 1956, para estudar com pintores nacionais, e, a partir de então, passou a fazer parte da história da arte brasileira.
O Museu do Senado abriga 20 gravuras em xilogravura[1] sobre papel, da artista, que ficou conhecida como uma das mais importantes artistas paraguaias do século XX. Várias dessas obras se encontram na residência oficial da Presidência do Senado e no Gabinete da Presidência do Senado. Da série “Puzzle”, por exemplo, cinco xilografias sobre papel, adquiridas entre 1971 e 1972, estão expostas no Gabinete da Presidência. Um outra, intitulada “Puzzle V”, está na Residência Oficial da Presidência. Há ainda quadros em gabinetes de senadores, setores administrativos e na reserva técnica do Museu.
Nascida em Assunção, capital do Paraguai, em 1918, Jiménez começou a estudar pintura aos 25 anos, em 1943. A primeira exposição individual foi em 1952, na Galeria Agustín Barrios, no Centro Cultural Paraguayo-Americano. A partir de então, ela passou a ser representante oficial do Paraguai em importantes eventos internacionais ligados à pintura, muitos deles no Brasil, como as Bienais de São Paulo, em 1953, 1963 e 1975. No mesmo ano, participou, em Assunção, de exposição organizada pelo famoso grupo “Arte Nuevo - revolucionário da arte paraguaia”.
Em 1958, Jiménez recebeu uma bolsa do governo brasileiro para estudar gravura no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Ateliê Gravura, na mesma cidade, por um ano. Mas, o trabalho da artista foi tão bem reconhecido que a bolsa foi prorrogada por mais dois anos. Embora tenha realizado exposições em vários países, o Brasil foi o país internacional em que mais a artista expôs e que mais a premiou, fora do Paraguai. Entre os prêmios recebidos no Brasil, destacam-se o Prêmio Internacional da XIII Bienal de São Paulo, em 1957, e o prêmio Ordem do Rio Branco, concedido pelo Governo brasileiro.
A chefe do Serviço de Gestão de Acervo Museológico do Museu do Senado, Lisiane Matte Bastos, destaca que a carreira de gravadora de Edith Jiménez foi iniciada no Brasil, com a Bolsa de Estudos que recebeu do governo brasileiro. “Em 1956, a artista veio ao Brasil para se aprimorar em pintura. Mas foi com a bolsa de estudos, em 1958, que ela iniciou os estudos em gravação, outra especialidade que a tornou reconhecida mundialmente”, explica Lisiane.
A coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Silva Monteiro, explica que o reconhecimento brasileiro pelo trabalho de Jiménez foi tão grande que, em 1960, finalizada a bolsa de estudos, a artista foi convidada a ser professora de gravura no Centro de Estudos Brasileiros, em Assunção. “Jiménez tinha um carinho especial por esse cargo, no qual permaneceu por mais de 40 anos, até 2004, ano de sua morte”, explica a coordenadora do Museu do Senado.
Há muitas obras da artista espalhadas por museus e coleções particulares em diversos países, como, por exemplo, o Museu de Arte Moderna de Nova York; a Biblioteca Nacional de Paris; o Centro de Estudos Brasileiros; o Museu de Arte Moderna de Nova York; o Museu de la Estampa de Buenos Aires e o Smith College Museum, dos Estados Unidos.
[1] Xilogravura é uma técnica de gravura em uma matriz em madeira, na qual as incisões são feitas com goivas (pequenas facas em diferentes formatos), criando um relevo sobre a madeira. A imagem impressa fica na parte que não é retirada da madeira, com em um carimbo.
A série de matérias sobre os artistas modernistas com obras de propriedade do Senado homenageia, nessa edição, Alfredo Ceschiatti (1918-1989). Escultor, desenhista e professor, Ceschiatti foi um dos principais colaboradores de Oscar Niemeyer em vários projetos de integração entre arte e arquitetura e ficou conhecido como o principal escultor da construção de Brasília.
As figuras femininas, com formas curvilíneas e arredondadas, sempre foram as preferidas do escultor, embora ele tenha esculpido, também, figuras de homens, animais e plantas, entre outras. O acervo do Museu do Senado possui uma dessas esculturas femininas, em bronze, intitulada “Mulher Nua”, de 150 cm de altura, adquirida em 1970.
Mineiro de Belo Horizonte e filho de italianos, Ceschiatti foi à Itália em 1937, a convite do governo italiano, que estava concedendo viagens para que filhos de imigrantes pudessem conhecer o país. Aproveitou o passeio para conhecer mais profundamente a arte renascentista. Ao retornar ao Brasil, o artista ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde se especializou em esculturas.
Em 1944, quando já começava a se destacar como escultor, ele conheceu Oscar Niemeyer, que o contratou para fazer o baixo-relevo do batistério da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte. O trabalho rendeu-lhe uma viagem ao Exterior, como premiação no Salão Nacional de Belas Artes. Em 1945, em nova parceria com Niemeyer, fez uma obra para o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. Intitulada “O Abraço”, a escultura de duas mulheres se abraçando foi considerada, na época, imoral, razão pela qual somente após muitos anos foi exposta nos Jardins da Pampulha. De volta à Europa, entre 1946 e 1948, Ceschiatti estudou mais profundamente a história e a produção artística de vários artistas clássicos europeus.
No Brasil, as obras do escultor estão espalhadas por vários museus, praças, órgãos públicos e propriedades privadas. É dele, por exemplo, uma escultura em granito, confeccionada em 1960, para as Forças Armadas, em alusão aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. Para a beira da piscina da casa de Niemeyer, no mesmo ano, Ceschiatti fez “Guanabara”, escultura de uma mulher deitada, nua, com curvas acentuadas.
Ricardo Movits, chefe do Serviço de Exposições, Curadoria e Comunicação (SEECC) do Museu do Senado, destaca que as mulheres de Ceschiatti, “em estilo renascentista, em geral, são bem fieis aos modelos clássicos tradicionais, que o artista tanto admira e reproduz, embora haja também, em sua obra, uma pitada do barroco mineiro, outra técnica que ele domina com maestria”.
Para Brasília, a parceria com Niemeyer rendeu diversos trabalhos para espaços e edifícios públicos, entre os quais:
- “Deusa Athena”, no saguão da Biblioteca Central da Universidade de Brasília;
- “A Justiça”, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal;
- “As banhistas”, no espelho d'água do Palácio da Alvorada;
- “As gêmeas”, na cobertura do Palácio Itamaraty;
- “Os Anjos” e “Os Evangelistas”, ambos na Catedral Metropolitana de Brasília;
- “A Contorcionista”, no foyer da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro;
- “Anjo”, na Câmara dos Deputados;
- “As Iaras”, no espelho d'água do Palácio da Alvorada, e
- “Leda e o Cisne”, no pátio interno do Palácio do Jaburu;
Na Capital da República, Ceschiatti participou também da Comissão Nacional de Belas Artes e, entre 1963 a 1965, foi professor de escultura e desenho na Universidade de Brasília, de onde se demitiu por não concordar com a perseguição política a colegas, durante a ditadura.
Para a coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Silva Monteiro, Ceschiatti sempre será lembrado como “um escultor que procurou - em especial nas suas figuras femininas de anjos, santos, bailarinas e acrobatas - proporcionar equilíbrio, leveza, sensualidade, musicalidade e poesia ao ambiente. Trata-se de um artista brilhante em sua área, que nunca teve grandes pretensões de inovações, pois sempre procurou primar pelo simplismo formal e fiel ao estilo clássico tradicional”.
A série de matérias sobre os artistas modernistas com obras de propriedade do Senado homenageia, nessa edição, o modernista Burle Marx (1909-1994). Paisagista, desenhista, arquiteto, pintor, ecologista, botânico, escultor, gravador, litógrafo, ceramista, tapeceiro, decorador e designer têxtil e de joias, Burle Marx se tornou internacionalmente reconhecido como arquiteto-paisagista, com inúmeros projetos realizados em diversos países.
O acervo do Museu do Senado possui quatro obras do artista modernista. Três delas são telas pintadas com técnicas variadas e a última, uma tapeçaria em algodão de 3,28 x 4.83m, de 1973, exposta em uma parede do Salão Negro. Na depredação que o Congresso Nacional sofreu, no dia 8 de janeiro deste ano, a tapeçaria foi arrancada da parede, rasgada e urinada. A equipe de restauração do Museu avaliou que a recuperação da obra, por meio de contratação de uma empresa especializada, custará cerca de RS 250 mil.
Nascido em São Paulo, Roberto Burle Marx, filho de um alemão com uma pernambucana, viveu no Rio de Janeiro até os 19 anos, mas, em 1928, devido a um problema nos olhos, mudou-se para a Alemanha, com a família, para tratamento de saúde. Em Berlim, estudou canto e frequentou teatros e ateliês de arte. Foi naquele país, nas estufas do Jardim Botânico de Dahlem, que ele teve contato mais profundamente com espécies da rica flora brasileira.
De volta ao Brasil, em 1930, o artista fez curso de pintura e arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro e, em 1932, realizou seu primeiro projeto de jardim residencial, a convite de Lúcio Costa. Entre 1934 e 1937, Burle Marx residiu em Recife, onde ocupou o cargo de diretor de parques e jardins da cidade, e, ao retornar ao Rio de Janeiro, começou a trabalhar como assistente de Cândido Portinari.
Em 1949, a paixão por plantas impulsionou Burle Marx a comprar um sítio de 800.000 m2, em Campo Grande, no Rio de Janeiro, onde começou a adquirir e catalogar exemplares de plantas de diversas regiões do país, para possuir uma coleção própria da biodiversidade brasileira. Em 1985, o sítio foi doado ao governo federal e passou a se chamar Sítio Roberto Burle Marx, transformando-se em importante patrimônio paisagístico, arquitetônico e botânico.
A partir da década de 50, a vocação para o paisagismo levou Burle Marx a se dedicar mais intensamente a essa área de atuação, tanto no Brasil quanto no exterior. São dele, por exemplo, entre muitas criações ao longo de pelo menos 50 décadas, os projetos paisagísticos do Eixo monumental de Brasília (1958) e do Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro (1959).
A pintura, que Burle Marx encarou como a paixão das horas vagas, também o levou a diversas exposições coletivas, individuais e até póstumas, em vários países. Os trabalhos como designer têxtil e de joias também fizeram parte de exposições, assim como os desenhos, muitos dos quais sobre a arquitetura paisagística brasileira. Ao longo da carreira, foram também inúmeras as premiações, homenagens e títulos que o artista recebeu, tanto pelo conjunto da sua obra como pela contribuição ao paisagismo brasileiro.
A coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Silva Monteiro, destaca que, em todos os campos de atuação de Burle Marx, a paisagem natural brasileira aparece como pano de fundo. “Burle Marx era encantado com a natureza e, com ela, encantava a todos com seu trabalho inovador como botânico e pesquisador, realizando excursões por todo Brasil, à procura de novas espécies para incorporar à sua coleção particular e também para os parques e jardins que criava”, explica Cristina.
A partir de 1950, as pinturas do artista passaram a incluir a abstração com o uso de cores azul, amarelo e verde mais vivos. As composições geométricas em acrílico começaram a fazer parte das telas de Burle Marx, mais intensamente, a partir dos anos de 1980. Os desenhos a nanquim, que o artista utilizava para obter gradações em tonalidades diversas, foram inspirados, muitas vezes, da trama finíssima de folhagens e galhos.
A chefe do Serviço de Gestão de Acervo Museológico do Museu do Senado, Lisiane Matte Bastos, lembra que a intimidade com o mundo vegetal fez de Burle Marx um artista sem igual. “A profunda vivência de Burle Marx com as plantas e a experiência adquirida de paisagista e botânico fizeram com que ele construísse uma linguagem própria e criasse uma técnica muito individual que perpassa todo o seu trabalho. Burle Marx utilizou a natureza como matéria prima para suas composições, assim como os pintores utilizam as tintas, os pincéis e as telas”, descreve Lisiane.
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