Morre o jornalista Sérgio Vieira, da Rádio e da Agência Senado — Rádio Senado
Homenagem

Morre o jornalista Sérgio Vieira, da Rádio e da Agência Senado

Morreu nesta terça-feira (21) o jornalista Sérgio Salexandre Vieira, que atuou como repórter na Rádio e na Agência Senado. Seu trabalho na Rádio foi reconhecido nacionalmente por prêmios como o Embratel de Jornalismo, em 2010, com a reportagem "Quando a sombra cai: a história da tortura no Brasil"; e o Prêmio Petrobras, em 2015, com "Torrente", reportagem especial sobre a escritora Hilda Hilst.

22/11/2023, 20h17 - ATUALIZADO EM 23/11/2023, 13h15
Duração de áudio: 07:00
Foto: Agência Petrobras

Transcrição
RECEBEMOS COM TRISTEZA A NOTÍCIA DO FALECIMENTO DO JORNALISTA SÉRGIO SALEXANDRE VIEIRA, NESTA TERÇA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO, EM BRASÍLIA. O "SERGINHO", COMO ERA CONHECIDO, FEZ HISTÓRIA AQUI NA RÁDIO SENADO. Sérgio Salexandre Vieira era jornalista concursado do Senado Federal desde 2005, quando começou a trabalhar na Rádio Senado. Anos depois, migrou para a Agência Senado, mas não abandonou a paixão pelo rádio, e continuou produzindo matérias especiais para a emissora. Foi o autor de reportagens premiadas, entre elas “Quando a sombra cai: a história da tortura no Brasil”, que traçou um panorama sobre a tortura praticada por agentes públicos desde a escravidão, passando pela ditadura militar, até os dias atuais. Um trabalho primoroso, com o qual Sérgio venceu, em 2010, a 12ª edição do Prêmio Imprensa Embratel. Também é da lavra do Sérgio Vieira a reportagem “Torrente”, sobre a literatura de Hilda Hilst; que conquistou o Prêmio Petrobras, em 2015. No programa "Conexão Senado", de 3 de julho de 2015, Sérgio conversou com o apresentador Adriano Faria sobre mais esse reconhecimento nacional: "Obrigado, Adriano, mas eu, na verdade, os parabéns vão para a Rádio Senado, para a equipe, eu não fiz essa reportagem sozinho. Teve, também, a participação da jornalista Ana Beatriz Santos; das locutoras, Regina Pinheiro e Lya Passarinho; do técnico em áudio, André Menezes; e outros colegas -  a gente está sempre conversando, trocando ideia e tudo serve de inspiração para produzir um trabalho de qualidade. E, na verdade, sou um admirador, gosto muito da Hilda Hilst. Ela lançou, no total, 40 livros e eu li 29" Jornalista de inteligência fina, Sérgio Vieira tinha interesses e gostos variados. Certa vez tirou férias e escolheu como destino a Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo. Com muito custo, conseguiu o visto norte-coreano. Como jornalista, foi monitorado por agentes da ditadura daquele país durante todo o período que ficou por lá. Levou uma câmera fotográfica e tirou algumas fotos. Mas, antes do embarque de volta, os agentes apreenderam a máquina no aeroporto e pediram a ele para selecionar as fotos que queria. Devolveram a máquina com o cartão de memória apagado e entregaram a impressão das fotos que ele tinha escolhido. Serginho trouxe na bagagem fotos de Pyongyang, mas não do Lago Baikal, na Rússia, por onde passou no trajeto de trem até a fronteira com a Coreia do Norte. Quando os colegas de redação perguntaram por que não tirou fotos do lago, ele respondeu de bate-pronto: “O Lago Baikal é tão maravilhoso que nenhuma foto expressaria a sua real beleza. Assim, aproveitei cada minuto pra contemplar aquela paisagem espetacular." A jornalista Ester Monteiro, que conhecia o Serginho mesmo antes de ambos ingressarem no Senado Federal, lembra, com carinho, o companheiro de trabalho: O Serginho, como sempre chamei, foi um repórter muito sensível, principalmente para temas especiais que nem sempre chamavam atenção da maioria, e pelos quais ele batalhava, ele defendia com muita ênfase. Essa sensibilidade algumas vezes foi incompreendida, mas traduziu-se em prêmios. Ele deixou a marca dele, não passou em vão. Atual chefe de reportagem da Rádio Senado, Marcela Diniz destaca as vezes em que Sérgio Vieira, normalmente reservado, mostrou seu humor fino no dia a dia da Redação: Teve uma em que ele chegou na redação de visual novo e aí comentou ‘falaram que eu precisava ter mais luz na minha vida então eu fiz luzes no cabelo’. E outras tiradas assim que demonstravam um humor fino, uma inteligência muito aguçada que ele colocava sempre nas matérias também que ele fazia, ele tinha muitos interesses, interesses variados, sabia de literatura, sabia de relações internacionais, ele gostava de pautas econômicas, culturais, era antenado com os acontecimentos, tanto os históricos quanto do mundo atual, então ele tinha muito o que falar nas matérias dele. Para o diretor da Rádio Senado, Celso Cavalcanti, a morte de Serginho deixa uma lacuna na comunicação pública: O Sérgio Vieira foi um repórter de poucas palavras e muitas ideias e pensamentos. Ele lutava com bastante convicção para concretizar seus projetos jornalísticos, sobre temas em que ele acreditava, histórias que ele queria mesmo contar para os ouvintes. Sua partida é uma grande perda para a comunicação do SF, além, claro, para todos os seus amigos, seus familiares, e também para os ouvintes, os cidadãos que sempre receberam dele informação de muita qualidade sobre temas relevantes. Diretora da Agência Senado, último local de trabalho de Sérgio Vieira, Paola Lima também lamentou a perda do colega: Estamos todos arrasados. A Agência perde um profissional comprometido, premiado, engajado, alguém que entendia muito de política, que estava pronto para discutir ideias, para analisar e pensar o contexto que a gente está vivendo, que é muito importante numa cobertura, um cara educado, atencioso, realmente é muito triste. Segundo Érica Ceolin, diretora da Secretaria de Comunicação Social do Senado, a morte de Sérgio Vieira não apaga a marca que ele deixou na Instituição: Foi uma partida prematura. Ele chegou aqui na Secom, passou pela Rádio, pela Agência, e era sempre reservado. Mas marcou presença o suficiente para ser conhecido entre nós como Serginho. Meus profundos sentimentos a todos os familiares e amigos neste momento difícil e triste. Sérgio Salexandre Vieira faleceu nesta terça-feira, 21 de novembro, em Brasília, em decorrência de problemas cardíacos. Ele tinha 47 anos. Com trabalhos técnicos de André Menezes, da Rádio Senado, Regina Pinheiro. 

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