Jarbas: desindustrialização não pode ser creditada apenas à moeda valorizada e à concorrência com asiáticos

Da Redação | 23/04/2012, 19h25

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) criticou em Plenário, nesta segunda-feira (23), a visão dos analistas econômicos que atribuem a desindustrialização brasileira ao problema do câmbio valorizado e a concorrência desleal com a China e outros países asiáticos. Na avaliação do parlamentar, eleger os dois fenômenos como os “grandes culpados” pelos problemas da indústria brasileira é apenas uma forma de justificar as seriíssimas questões estruturais não resolvidas, a incompetência gerencial de governos e a omissão das elites brasileiras, principalmente das classes empresariais industriais.

- Atribuir, por exemplo, à apreciação cambial todos os males da indústria brasileira, como muitos estão fazendo, é um grande equívoco e, sem dúvida, uma enorme simplificação — disse.

Para Jarbas Vasconcelos, contam mais contra o desenvolvimento industrial do Brasil, as deficiências em infraestrutura econômica, de estradas, ferrovias, portos, e aeroportos, em educação, em investimentos privados e governamentais, baixa poupança, a baixa qualidade da mão de obra e os investimentos insignificantes em inovação, entre outros problemas.

Analisando dados estatísticos sobre o declínio da participação da indústria nacional no produto interno bruto (PIB) a partir da década de 80, Jarbas Vasconcelos concluiu que o processo de desindustrialização no país é antigo e já dura quase três décadas.

Tratando das causas para o fortalecimento do real, Jarbas Vasconcelos apontou o grande sucesso que o Brasil tem tido nos últimos anos como exportador de commodities, a preços crescentes, em grande parte resultante da demanda chinesa. Uma outra razão para a apreciação do câmbio, segundo ele, seria o fato de o Brasil ter promovido uma grande — e talvez prematura — abertura ao capital estrangeiro.

— Nada contra o capital estrangeiro direto que é quase sempre bem vindo. Mas há ressalvas quanto ao ingresso do capital especulativo, ou hot money, que não cria raízes no país e pode, quando sem controle, contribuir para desestabilizar a economia nacional — alertou.

Jarbas Vasconcelos disse que a diversificação de sua pauta de exportações é um desafio que o país terá de enfrentar, de maneira escapar à tendência da dependência de commodities. Ele considerou também fundamental que o Brasil resolva o problema das fragilidades estruturais, relativas ao Custo Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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