IFI diz que rombo nas contas públicas em 2025 deve ultrapassar 64 bi
A Intituição Fiscal Independente (IFI) divulgou o novo Relatório de Acompanhamento Fiscal, prevendo déficit primário de R$ 64,2 bi em 2025 e de R$ 128 bi em 2026. Para cumprir a meta do ano que vem, seria necessário um esforço extra de R$ 72,3 bi. A dívida pública deve chegar a 79,8% do PIB em 2025, “batendo na trave” de um nível crítico. O diretor da IFI, Marcus Pestana, alerta que o atual arcabouço fiscal não está contendo a alta da dívida e pediu atenção do Congresso e do governo federal.

Transcrição
O DÉFICIT PRIMÁRIO DEVE CHEGAR A SESSENTA E QUATRO BILHÕES DE REAIS EM 2025.
É O QUE MOSTRA O RELATÓRIO DA INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE, QUE APONTA UM ROMBO AINDA MAIOR EM 2026, E ALERTA QUE O CONJUNTO DE REGRAS FISCAIS NÃO ESTÁ CONSEGUINDO SEGURAR O CRESCIMENTO DA DÍVIDA.
RPÓRTER MARCELLA CUNHA
Após revisão do cenário fiscal, a Instituição Fiscal Independente estima um déficit primário de R$ 64,2 bilhões neste ano. O valor equivale a 0,51% do PIB. O documento alerta para um possível agravamento do quadro em 2026, quando o rombo pode chegar a R$ 128 bilhões, ou quase 1% do PIB. O crescimento previsto da economia também é baixo: 2,0% em 2025 e 1,6% em 2026, o que dificulta a arrecadação de impostos e o controle da dívida, como explica o diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana.
Um déficit primário de mais de meio ponto do PIB e o agravamento do endividamento, que é o principal termômetro. Todos os agentes econômicos, domésticos e internacionais prestam atenção na relação dívida PIB para ver a sustentabilidade a saúde fiscal de um país. A nossa trajetória é de deterioração da situação de endividamento.Isso não é saudável para a economia brasileira e nem justo com as futuras gerações.
A meta do governo é terminar 2025 sem déficit. Mas, para 2026, a meta é ainda mais difícil: um superávit de 0,25% do PIB, ou seja, precisa sobrar dinheiro no fim do ano. Para isso, será preciso um esforço extra de R$ 72,3 bilhões, usando a margem de tolerância que o arcabouço fiscal permite. Para 2027 a situação é mais grave, já que os precatórios voltam a ser incluídos na conta da meta do superávit primário. Para Pestana, a situação é delicada já que o atual arcabouço fiscal não está conseguindo estancar o crescimento da dívida.
Dívida é uma herança que nós estamos deixando para nossos filhos, nossos netos. Nós estamos trocando consumo presente por dívida futura. E isso vai tornar a situação do país cada vez mais complexa. Para não é ter uma posição alarmista, o Brasil não está à beira do abismo, do caos, mas a situação é extremamente delicada e recomenda muita atenção do Congresso e do governo.
O novo arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos, foi desenhado para estabilizar a dívida pública. Segundo a IFI, a dívida bruta neste ano deve ser de quase 80% e a de 2026, 84%. Os números são considerados tecnicamente preocupantes, caso não sejam adotadas medidas adicionais para aumentar a arrecadação, e podem revelar o fracasso das novas regras fiscais. A IFI também reavaliou a alta dos preços para o ano que vem, elevando a estimativa anterior de inflação de 3,6% para 4,4%. Da Rádio Senado, Marcella Cunha