Darcy Ribeiro: saiba mais sobre a história de um dos mais novos Heróis da Pátria — Rádio Senado
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Darcy Ribeiro: saiba mais sobre a história de um dos mais novos Heróis da Pátria

A Lei 15.020/2024 inscreveu o nome de Darcy Ribeiro no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. Antropólogo, sociólogo, político, escritor e educador, Darcy foi pioneiro na proteção de povos indígenas; fundou a Universidade de Brasília (UnB); e, no Senado, foi um dos principais responsáveis pela atualização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), legislação que completará 30 anos em 2026. Nesta reportagem de João Guilherme Bugarin, o professor Alexandre Pilati e a ex-reitora Márcia Abrahão, ambos da UnB, destacam a relevância de Darcy para o Brasil.

05/12/2024, 18h14 - ATUALIZADO EM 05/12/2024, 18h14
Duração de áudio: 05:40
Agência Senado via Wikimedia Commons

Transcrição
NO ÚLTIMO DIA 12 DE NOVEMBRO, O PRESIDENTE LULA SANCIONOU A LEI QUE INSCREVE O NOME DE DARCY RIBEIRO NO LIVRO DE HÉROIS E HEROÍNAS DA PÁTRIA. ANTROPÓLOGO, SOCIÓLOGO, EDUCADOR E ESCRITOR, DARCY TAMBÉM FOI POLÍTICO E ATUOU, INCLUSIVE, NO SENADO. O REPÓRTER JOÃO GUILHERME BUGARIN CONTA SOBRE A VIDA E FEITOS DESTE PENSADOR BRASILEIRO, MARCOS DARCY SILVEIRA RIBEIRO: (Caetano Veloso ) "Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.  - Darcy Ribeiro." Este trecho do discurso de Darcy Ribeiro na Universidade de Sorbonne, em Paris, que acabamos de ouvir na voz de Caetano Veloso, demonstra a determinação de um pensador que dedicou sua vida a transformar sonhos em realidade. Nascido em Montes Carlos, Minas Gerais, Darcy Ribeiro entrou na universidade para estudar Medicina, mas logo migrou para as Ciências Sociais. Se formou em Antropologia, área onde começou a desenvolver seus trabalhos de campo. Conviveu com indígenas de Mato Grosso do Sul, do Pará e do Maranhão. A proximidade com os povos originários fez com que Darcy participasse da criação do Parque Indígena do Xingu e do Museu do Índio, no Rio de Janeiro. Também foi um dos apoiadores da candidatura do cacique xavante Mário Juruna, o primeiro indígena eleito no Congresso Nacional. Na educação, Darcy Ribeiro atuou ao lado de Anísio Teixeira na formatação de um plano pedagógico de Brasília e, depois, na criação da Universidade de Brasília - nova, independente e revolucionária. Foi o primeiro reitor da UnB, tendo Anísio Teixeira como vice. Com o golpe militar de 1964, a universidade enfrentou diversas mudanças e limitações. Para se salvar da perseguição, da prisão ou da morte, Darcy pede asilo no Uruguai. No período de exílio, ele aprofunda conexões intelectuais e colabora com universidades latino-americanas. Alexandre Pilati é professor do departamento de Letras da UnB e, junto, com o professor Murilo Camargo, ministra a disciplina “Darcy Ribeiro: Pensamentos e Fazimentos”, que procura divulgar e apresentar o trabalho e a vida do intelectual que deu vida e dá nome ao campus da universidade: (prof. Alexandre Pilati - UnB) "Tinha um grupo de estudantes que era ligado a Darcy Ribeiro e quando eles conversavam com os colegas, percebiam que muitos deles não sabiam quem era o Darcy Ribeiro, não conheciam a trajetória dele. Então, esses estudantes se mobilizaram, tiveram essa ideia de criação de uma disciplina que pudesse apresentar para a comunidade da Universidade de Brasília, para os estudantes da Universidade de Brasília, a figura do Darcy Ribeiro e a importância dele para o Brasil e para a criação da própria UnB. Então, eles procuraram a mim e ao professor Murilo Camargo." Para Alexandre Pilati, um dos aspectos mais interessantes de Darcy Ribeiro é sua produção literária, talvez o mais desconhecido para a maioria, mas em seus romances múltiplas particularidades se encontravam: (prof. Alexandre Pilati - UnB) "Então eu diria, assim, que é uma literatura de interpretação do Brasil, assim como outros autores como Machado de Assis, como Graciliano Ramos, né, eu acho que o Darcy Ribeiro acaba usando a literatura pra pensar, problematizar a realidade brasileira. Mas, ele faz isso com um talento muito grande para a ficção, para as coisas especificamente literárias." Darcy Ribeiro também atuou na política, onde buscou transformar suas ideias em realidade, principalmente nas áreas de Educação e Diretos Sociais. Foi Ministro da Educação e depois chefe da Casa Civil no governo de João Goulart, quando inaugurou a Universidade de Brasília, em 1962. Também foi vice-governador do Rio de Janeiro, na gestão de Leonel Brizola, de 83 a 87, onde criou os Centros Integrados de Ensino Público, CIEP's. De 1991 a 1997, ano de sua morte, atuou como senador pelo estado do Rio de Janeiro. Foi autor do projeto da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a LDB, legislação essencial que completará 30 anos em 2026. Em discurso no ano de 1996, o senador Darcy Ribeiro realça a importância da educação para o desenvolvimento do país: (senador Darcy Ribeiro - PDT-RJ - 1996) "O ensino médio, o ensino superior, essa lei o descreve como problemas, como situações que têm que ser tomadas pela nação e reformadas para que o Brasil dê aquele passo que tem que dar. Nós somos muito mais atrasados em educação do que qualquer país do nosso nível de desenvolvimento. Eu estou orgulhoso, senhores senadores, de que junto com os senhores nós produzimos a lei que o Brasil precisava, uma lei luminosa para a educação." O Congresso Nacional aprovou e o presidente Lula sancionou, em novembro de 2024, a lei que inscreve o nome Darcy Ribeiro no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. A homenagem é feita a quem, como ele, dedicou sua vida a alguma grande causa para o país - no caso dele, foram muitas. Ex-reitora da UnB, Márcia Abrahão, comenta a homenagem: Márcia Abrahão - professora e ex-reitora da UnB) "Ao escrever o nome de Darcy Ribeiro no Livro de Heróis da Pátria, reafirmamos o nosso compromisso com os seus princípios e sua visão de um Brasil mais educado, mais solidário, mais democrático e menos desigual." Darcy Ribeiro morreu de câncer em 1997, aos 74 anos. Porém, sua luta pela educação, pela cultura e por um Brasil mais justo permanece como símbolo para as novas gerações. Sob supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, João Guilherme Bugarin.

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