Novo estudo alerta para risco de extinção da Floresta Amazônica — Rádio Senado
Meio ambiente

Novo estudo alerta para risco de extinção da Floresta Amazônica

Uma pesquisa divulgada pela revista Nature aponta que 47% da Amazônia pode deixar de ser floresta até 2050 em virtude do aquecimento global e do desmatamento. Propostas em análise na Comissão de Meio Ambiente, como a lei de diretrizes para os planos de adaptação à mudança do clima (PL 4129/2021), da deputada Tabata Amaral (PSB-SP); e a destinação de áreas rurais com floresta nativa submetida a queimadas ilegais para reflorestamento (PL 135/2020), do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), podem ajudar a minimizar os riscos apontados pelo estudo.

16/02/2024, 16h56 - ATUALIZADO EM 16/02/2024, 16h56
Duração de áudio: 02:56
gov.br/mma/

Transcrição
UM ESTUDO DIVULGADO PELA REVISTA NATURE, UMA DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS MAIS CONCEITUADAS DO MUNDO, FEZ UM GRAVE ALERTA SOBRE O RISCO DE EXTINÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA. QUARENTA E SETE POR CENTO DA FLORESTA PODEM DESAPARECER ATÉ 2050 SE O DESMATAMENTO REGISTRADO NOS ÚLTIMOS ANOS CONTINUAR. REPÓRTER CESAR MENDES. Pesquisadores brasileiros, europeus e norte-americanos analisaram a dinâmica das chuvas na Floresta Amazônica e mapearam as áreas mais próximas do que foi chamado pelo climatologista Carlos Nobre de ''ponto de não retorno''. Partes da floresta que se transformam em campos degradados, com a redução das chuvas, o aumento da temperatura e, claro, o desmatamento. Em porções de floresta com essas características já identificadas no sudeste da Amazônia, ocorre a redução da fauna e da flora e a perda da capacidade de absorção de gás carbônico. O engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador do Projeto Mapbiomas, que anualmente faz o mapeamento da cobertura e do uso da terra no Brasil, resume assim esse processo. Tasso - ''A maravilhosa máquina de umidade e chuva que a gente tem no Brasil e que são as florestas, estamos transformando, ou de segurança hídrica não é, mas nós estamos transformando isso em uma máquina que talvez passe a operar no sentido contrário.'' Liderado pelos pesquisadores Marina Hirota e Bernardo Flores, da Universidade Federal de Santa Catarina, o estudo leva em conta os cinco principais fatores de estresse climático sobre a Amazônia: desmatamento, aquecimento global, precipitação anual, distribuição das chuvas e duração da estação seca. A interação e a sinergia desses fatores é que podem acelerar a chegada ao ponto de não retorno, estudado há mais de 30 anos por Carlos Nobre, que reconheceu a importância do novo alerta. Carlos - ''Se nós continuarmos com desmatamentos, degradação da floresta e aquecimento global, até 2050 nós podemos ter até 50, quase 50% da floresta que já terá passado do ponto de não retorno. Quer dizer, passar o ponto de não retorno é você modificar o clima da região, um clima que não é compatível com a floresta tropical, a floresta tropical degrada, vira um ecossistema quase todo de dossel aberto, muito menos árvores, muito mais gramíneas e arbustos. E aquele novo bioma, ele vai estar em equilíbrio com o novo clima, o clima não volta mais a ser um clima de muita chuva, de estação seca mais curta, de temperatura mais baixa. Então, não tem mais volta, a floresta não volta mais.'' Algumas propostas em análise este ano pela Comissão de Meio Ambiente podem ajudar a diminuir o risco de chegada ao ponto de não retorno na floresta amazônica apontado na pesquisa. É o caso do texto que determina que áreas rurais com floresta nativa submetida a queimadas ilegais sejam destinadas ao reflorestamento, de autoria do senador Jorge Kajuru, do PSB de Goiás. E da proposta de lei de diretizes para a elaboração de planos de adaptação à mudança do clima, da deputada Tabata Amaral, do PSB de São Paulo. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

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