Tasso se despede do Senado com balanço de sua atuação e críticas ao governo Lula

Da Redação | 08/12/2010, 22h21


O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ocupou a tribuna, nesta quarta-feira (8), para se despedir do Senado e, conforme afirmou, prestar contas de compromissos por ele assumidos quando de sua posse, em maio de 2003. Foram quatro horas de discurso, em que o senador recebeu apartes de inúmeros colegas.

Além de fazer um balanço dos seus oito anos de mandato, citando projetos que apresentou e lembrando posições que assumiu em diversas votações, Jereissati fez também duras críticas ao governo Lula, ao relembrar, por exemplo, escândalos envolvendo os ministros da Casa Civil, José Dirceu e Erenice Guerra.

- Lula foi uma decepção, em vários sentidos. Lula nos decepcionou como político, como liderança comprometida com a ética e a honestidade, como símbolo da mudança nas relações do governo com a sociedade, do Executivo com os demais poderes e, principalmente, como esperança de algo realmente novo na vida nacional - disse.

Na avaliação do parlamentar, Lula devido à grande popularidade, poderia ter sido um grande estadista e ter feito importantes reformas que o Brasil necessita, tais como a política, a tributária e a trabalhista.

Jereissati acusou o PT de desacreditar o instrumento das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que, afirmou, em outras épocas serviram para desmantelar esquemas criminosos.

- Nada, absolutamente nada de relevante pôde, por exemplo, ser levantado pela CPI da Petrobras e pela CPI das ONGs, diante da ação de relatores submissos e da articulação do bloco de apoio ao governo - lamentou.

Jereissati reclamou ainda da falta de reconhecimento, por parte de Lula, de realizações importantes ocorridas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O trabalho de FHC, disse ele, possibilitou a transformação do Brasil numa nação moderna, baseada em fortes instituições democráticas e econômicas.

O parlamentar defendeu também as privatizações ocorridas durante o governo de FHC, especialmente no setor de telecomunicação e da mineradora Vale do Rio Doce.

- Após a privatização, a Vale do Rio Doce viu seu lucro anual subir de cerca de US$ 500 milhões, em 1996, para os aproximadamente 12 bilhões de dólares atuais - assinalou, lembrando também o aumento no número de empregos oferecidos pela companhia.

Entre os projetos de sua autoria, Jereissati destacou os que trataram de questões como uma correção mais justa do FGTS; o combate ao trabalho escravo; a tipificação como crime da venda de bebidas alcoólicas para menores; o aumento das penas nos crimes relacionados ao tráfico de drogas em escolas e universidades; a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas estradas; e a obrigatoriedade de a Caixa Econômica Federal priorizar a aplicação de recursos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Apartes

Durante seu pronunciamento, Tasso Jereissati recebeu apartes de 33 senadores, que ressaltaram o importante papel que desempenhou no Senado durante os seus oito anos de mandato, bem como os governos inovadores que realizou, em dois mandatos, no Ceará, de 87 a 91 e de 95 a 2002. Todos os senadores da oposição apontaram a necessidade de Jereissati não abandonar a vida pública e continuar a exercendo papel proeminente dentro do PSDB.

Fizeram apartes a Jereissati os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM); Eduardo Suplicy (PT-SP); José Agripino (DEM-RN); Edison Lobão (PMDB-MA); Patrícia Saboya (PDT-CE); Sérgio Guerra (PSDB-PE); Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE); Francisco Dornelles (PP-RJ); Antonio Carlos Junior (DEM-BA); Marco Maciel (DEM-PE); Pedro Simon (PMDB-RS); Álvaro Dias (PSDB-PR); Marisa Serrano (PSDB-MS); Lúcia Vânia (PSDB-GO); João Tenório (PSDB-AL); Romero Jucá (PMDB-RR); Flexa Ribeiro (PSDB-PA); Cícero Lucena (PSDB-PB); José Sarney (PMDB-AP); Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR); Heráclito Fortes (DEM-PI); Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN); Cristovam Buarque (PDT-DF); Tião Viana (PT-AC); Demóstenes Torres (DEM-GO); Augusto Botelho (Sem partido-RR); Inácio Arruda (PCdoB-CE); Efraim Morais (DEM-PB); Roberto Cavalcanti (PRB-PB); Rosalba Ciarlini (DEM-RN); Antonio Carlos Valadares (PSB-SE); Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Mão Santa (PSC-PI).

José Agripino, elogiando o caráter polêmico de Tasso, relembrou o papel importante desempenhado pelo senador durante a votação do fim da CPMF no Senado e também a contribuição que ele deu com a apresentação do projeto da Lei de Falências. Arthur Virgílio ao elogiar o trabalho de Jereissati no Senado, reforçou as criticas a Lula acusando-o de gastar de maneira desenfreada e colocar em risco a estabilidade econômica obtida no governo de FHC.

Suplicy, em defesa de Lula, destacou o elevado crescimento do PIB e a distribuição de renda alcançados durante o governo petista. Edison Lobão, também respondeu a críticas de Jereissati à administração da Petrobras, lembrando que foi no governo Lula que a estatal conseguiu aumentar significativamente as reservas de petróleo brasileiras com a descoberta do pré-sal .

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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