Costa Neto diz que PL recebeu R$ 6,5 milhões do PT para campanha
Da Redação | 23/08/2005, 00h00
De acordo com o ex-deputado, os pagamentos começaram em fevereiro de 2003, quando o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pediu-lhe que mandasse um interlocutor a Belo Horizonte para falar com "dona Simone" na agência SMP&B, do empresário Marcos Valério.
- Nunca tive motivo para desconfiar da origem do dinheiro do PT, que só trabalhava com gente de bem - disse o ex-deputado, para em seguida afirmar que levou 18 meses para receber os R$ 6,5 milhões da campanha.
Costa Neto acrescentou que seu partido precisou recorrer aos recursos de "caixa dois" do PT depois da aprovação da verticalização das eleições, uma vez que o PL teria de manter, nos estados, a mesma aliança nacional com o PT.
Segundo o acordo firmado com o PT, relatou, o fundo de campanha seria de R$ 40 milhões - dos quais R$ 30 milhões para o PT e R$ 10 milhões para o PL. O ex-deputado citou reportagens publicadas na revista Carta Capital e na Folha de S. Paulo para lembrar as negociações com o PT e observou que essas reportagens nunca foram contestadas.
Invenção
O deputado Roberto Jefferson teria criado a "história do mensalão" para desviar o foco do noticiário das denúncias de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, segundo afirmou o presidente do PL.
- Ele quis fazer uma chantagem com todos os que usaram recursos de caixa dois na campanha. Mas agora o Brasil já sabe quem é Roberto Jefferson.
O presidente do PL observou ainda que seu partido, que já contava com o vice-presidente da República, não precisaria de pagamento para votar com o governo. Além disso, afirmou, a distribuição de recursos não tinha periodicidade.
- É dinheiro de campanha - definiu.
O presidente do PL disse que, para a eleição de 2002, recebeu "involuntariamente" dinheiro "não-oficializado" do PT, o que acabou incluindo seu nome na lista dos que receberiam o mensalão, que, enfatizou, foi uma invenção de Roberto Jefferson.
- Decidi abrir mão de meu mandato para não sofrer mais chantagens de Jefferson - esclareceu o ex-deputado, que disse ainda que não retira o processo contra Jefferson no Conselho de Ética.
Costa Neto, que compareceu à CPI como acusado, mandou um recado para o deputado:
- Você não vai ficar descansando em Cabo Frio, vai pagar pelos seus crimes.
O presidente do PL, que se livrou de um processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados por ter renunciado ao mandato, disse que a renúncia foi para proteger o PL.
- Se eu deixasse a presidência do PL, era como admitir uma culpa que não tivemos, como vou provar aqui - afirmou.
Em resposta ao relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), o presidente do PL contestou a informação atribuída ao empresário Marcos Valério de que seu partido teria recebido R$ 10,8 milhões referentes à campanha de 2002. O valor total recebido, segundo o ex-deputado, foi de R$ 6,5 milhões.
- Os valores que atribuem a nós não são verdadeiros - afirmou Costa Neto.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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