José Agripino condena declarações de Lula

Da Redação | 25/02/2005, 00h00

O líder do PFL no Senado, senador José Agripino (PFL-RN), manifestou nesta sexta-feira (25) sua indignação contra a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que, no início do seu mandato, foi informado da prática de corrupção numa instituição do governo, não tomando providências porque queria preservar a imagem do país.

José Agripino observou que o próprio líder do PT no Senado, Delcidio Amaral (PT-MS), afirmou que Lula pediu o silêncio de quem lhe levou a denúncia para preservar a instituição, que era o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Disse também que Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, confirma, num jornal, o diálogo com Lula, mas aponta exagero na reprodução da conversa.

- Agora está claro. Pela voz do líder do PT, é o BNDES. E o alto companheiro é o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa. Agora é com o Ministério Público. Este é o órgão que pode responder a minha preocupação e a dos brasileiros. Quem é que está com a verdade? Houve prevaricação? Houve corrupção? A palavra do presidente merece fé ou daqui para frente não merece mais fé? - indagou.

José Agripino se disse estarrecido com as cenas mostradas pela televisão do presidente Lula fazendo seu discurso em Jaguaré (ES). Ele afirmou que se sentiu impactado como se tivesse levado um soco. E definiu a fala do chefe de Estado como um destempero verbal.

- Vi a imagem do presidente em manga de camisa, suado, cabelo desalinhado, visivelmente irritado, eu diria até movido por uma certa dose de excitação. Num dado momento, ele bateu com força na tribuna de onde falava. E ouvi uma coisa que me estarreceu porque estava ouvindo a palavra do presidente do meu país - disse.

De acordo com o líder do PFL, quem governa não tem o direito de ter atitudes que possam ser vistas como levianas.

- Quem governa tem obrigações com a sociedade e com as instituições porque o que o presidente fala ou diz é observado pelo país inteiro. E ele disse que tinha cometido o crime da prevaricação. Ele assumiu, ele é réu confesso - afirmou.

O parlamentar pelo PFL considerou igualmente preocupante que o presidente pedisse o silêncio do funcionário que lhe levou a denúncia. "Fui governador duas vezes e quando tomei conhecimento de fatos errados tomei providencias de demitir gente, esclarecer os fatos, para não conviver com a improbidade. Isso a opinião pública aplaude, dê no que der".

Na opinião do líder pefelista, o crime de prevaricação está comprovado. Ele também sustentou que o Ministério Público precisa manifestar-se porque, como Carlos Lessa está dando outra versão para o diálogo, há o risco de a palavra do presidente da República ficar maculada.

No mesmo discurso, Agripino anunciou que estava encaminhando à Mesa requerimento para que a Comissão de Educação convoque o ministro Tarso Genro, da Educação, a fim de que explique a decisão de adotar rito sumário para o registro dos médicos brasileiros formados em Cuba. "Nada contra eles, mas tudo a favor da igualdade de oportunidades", disse o líder.

O senador também cobrou da Mesa o andamento de requerimentos apresentados para que os ministros da Defesa e da Segurança Institucional da Presidência da República expliquem fatos concernentes à hospedagem, no Palácio da Alvorada, de amigos de um filho do presidente Lula. Entre outras coisas, o líder quer saber se a lancha e a aeronave utilizadas pelos jovens eram da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB). Na presidência dos trabalhos, Antero Paes de Barros disse que os dois requerimentos já foram aprovados.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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