Saúde digital: a transformação do cuidado — Rádio Senado

Saúde digital: a transformação do cuidado

Impactos da tecnologia na saúde é tema de reportagem especial da Rádio Senado

O uso da tecnologia vem revolucionando os cuidados em saúde em todo o mundo há muito tempo. Mas foi na pandemia que a modalidade ganhou força e foi incorporada de vez à rotina. A lei 14.510/2022, que regulamentou a telessaúde e autorizou a teleconsulta no Brasil, foi sancionada há um ano. Hoje, procedimentos são feitos com apoio de robôs, dispositivos monitoram em tempo real a saúde e novas tecnologias já impulsionam a criação de diversos serviços.

O uso de iniciativas de saúde digital para atender pacientes onde o acesso médico é dificultado pelas grandes distâncias territoriais e faltam profissionais especialistas é apontado como um dos principais avanços. Mas aspectos como a velocidade da internet, a segurança dos dados e o uso da inteligência artificial vêm sendo debatidos.

Na Reportagem Especial “Saúde digital: a transformação do cuidado”, da jornalista Leila Herédia, você vai conhecer algumas das iniciativas que vêm sendo adotadas no Brasil e os impactos provocados por elas na vida do cidadão.

30/01/2024, 08h00 - ATUALIZADO EM 06/02/2024, 17h27
Duração de áudio: 22:42

Transcrição
VOCÊ SABE O QUE É SAÚDE DIGITAL? O TERMO PODE ATÉ PARECER ESTRANHO, MAS É MUITO PROVÁVEL QUE VOCÊ JÁ TENHA USADO ESSA MODALIDE DE CUIDADO. PODE TER SIDO PARA AGENDAR UM HORÁRIO COM O MÉDICO, VER O RESULTADO DE UM EXAME OU MESMO UMA CONSULTA. TUDO PELA INTERNET. FATO É QUE A TECNOLOGIA CHEGOU PARA FICAR TAMBÉM ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PROMETE REVOLUCIONAR TUDO O QUE CONHECEMOS, COMO VOCÊ PODE ACOMPANHAR A PARTIR DE AGORA NA REPORTAGEM ESPECIAL “SAÚDE DIGITAL: A TRANSFORMAÇÃO DO CUIDADO”. UMA PRODUÇÃO RÁDIO SENADO. Eu fiz o meu pré-natal com as duas médicas, quando a doutora não podia me atender, a outra atendia, mas toda semana elas me atendiam desde o início da minha gravidez. Então assim, elas fizeram o possível e impossível pra me ajudar, me orientaram a viajar, viajei. Eirunepé é um município no interior do Amazonas. Para chegar lá, são necessárias quatro horas de avião, a partir de Manaus. Se for de barco, meio mais comum de transporte, são 15 dias. Isso na época da cheia do Rio Juruá. Na seca, chega a um mês. À espera do primeiro filho, Francisca das Chagas passou por uma gravidez de alto risco. Hipertensa, diabética e obesa, precisava de cuidados especiais para ela e o bebê. A solução veio por meio de uma plataforma tecnológica que permitiu que os médicos lá de Manaus pudessem se unir à equipe de saúde de Eirunepé durante o pré-natal. Nós compartilhamos a conduta nossa, com esse profissional que atua lá no município ou no polo base indígena. O que se está se fazendo aqui é usar a tecnologia para levar saúde para perto dessas pacientes e evitar que ela tenha um desfecho desfavorável a essa gravidez, ela, ou seu filho, sua filha. Segundo o médico Pedro Elias, chefe da unidade e-Saúde do Hospital Universitário Getúlio Vargas, no Amazonas, a maioria dos 62 municípios do estado já aderiu à plataforma, chamada Telepnar, Projeto de Telemonitoramento de Pré-Natal de Alto Risco. Já temos hoje 40 municípios que aderiram ao projeto, de regiões bem remotas mesmo, como o Vale de Juruá, que é bem distante, tem municípios que realmente ficam mais de 15 dias de barco em grande monta a via de transporte é fluvial, né? E ela é bem demorada... ou via aérea. Então são 2 extremos: a via aérea, que é muito cara, ou a outra fluvial, que é especialmente demorada, e o que pode comprometer a vida desse paciente. O ambiente digital que permite o acompanhamento das consultas das grávidas foi criado em 2022 por iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e da Universidade Federal do Amazonas. A ideia era atender pacientes onde o acesso médico é dificultado pelas grandes distâncias territoriais e faltam profissionais especialistas. Funciona assim: uma rede de profissionais de saúde, que inclui ginecologistas, obstetras e enfermeiros, conversa pela internet com a equipe de atenção primária dos municípios. Muitas vezes o diálogo acontece por e-mail. Em outras situações é marcado um horário específico. A enfermeira Joelma Pedroso, coordenadora da Saúde da Mulher de Eirunepé há cinco anos, conta que a interconsulta garante mais segurança. Daí, de acordo com cada situação que a grávida apresenta, por exemplo, alto risco, se tiver uma infecção urinária com repetições ou alguma suspeita de confirmação de dengue, vírus, zikavírus, ou até sífilis primária ou secundária, se tiver esses exemplos, situações, as grávidas, elas são inseridas na plataforma, como alto risco ou risco intermediário. A partir da análise da situação é escolhida a conduta.   Aí é preenchido o formulário pela plataforma, no máximo dois, três dias a gente tem uma resposta, às vezes até antes mesmo, com relação ao acompanhamento dessa grávida. Tem casos que houve necessidade de mudar a medicação, que era o caso de uma paciente hipertensa e diabética. Foi ajustada a medicação e ela estabilizou, né? A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, diz que a universalidade do acesso é o principal ganho.  Quando, às vezes, se não tem a teleconsulta, só o presencial, aquele paciente pode ficar sem atendimento nenhum e esse é o momento de maior desumanidade: Quando esse paciente não consegue o acesso, não consegue a informação, não consegue uma orientação. A distância física para se chegar a um posto de saúde ou a um hospital não é a única barreira nessas localidades remotas. É comum, na população indígena, não haver conhecimento sobre a importância da realização do pré-natal.  Ercília Vieira Tikuna, que coordena o Distrito Sanitário Especial Indígena do Médio Solimões, explica que muitas vezes o problema é o medo.  As mulheres indígenas por exemplo elas engravidam e têm medo de fazer o pré-natal. O profissional precisa saber explicar o porquê da importância do pré-natal, o acompanhamento, e quando eu falava que na minha gravidez eu tinha medo de tomar o remédio, porque eu tinha medo de a criança crescer e na hora de parir não ter condição. Então é falta de conhecimento. Para driblar a falta de informação, a saúde digital também prevê ações educativas. Para entender quais outras modalidades de cuidado podem ser oferecidas, é importante conhecer a lei que regulamentou de forma definitiva a telessaúde no Brasil. Este será o assunto da próxima parte desta reportagem especial “Saúde digital: a transformação do cuidado”.  A REPORTAGEM E A APRESENTAÇÃO SÃO DE LEILA HERÉDIA E A EDIÇÃO DE FERNANDA NARDELLI. LOCUÇÃO, RICARDO NAKAOKA. TRABALHOS TÉCNICOS DE ANDRÉ MENEZES E JOSEVALDO SOUZA. VOCÊ PODE ACESSAR TODOS OS EPISÓDIOS DESTA SÉRIE NO SITE DA RÁDIO SENADO WWW.SENADO.LEG.BR/RADIO O USO DA TECNOLOGIA JÁ VEM REVOLUCIONANDO OS CUIDADOS EM SAÚDE EM TODO O MUNDO HÁ MUITO TEMPO. MAS FOI NA PANDEMIA QUE A MODALIDADE GANHOU FORÇA E FOI INCORPORADA DE VEZ À ROTINA. HÁ UM ANO FOI SANCIONADA A LEI QUE REGULAMENTA A TELESSAÚDE NO BRASIL. ESTE É O ASSUNTO DA SEGUNDA PARTE DA REPORTAGEM ESPECIAL “SAÚDE DIGITAL: A TRANSFORMAÇÃO DO CUIDADO”. UMA PRODUÇÃO RÁDIO SENADO. Quando se fala em telessaúde, saúde digital ou telemedicina, muitas vezes a ideia que vem à cabeça é uma consulta com um médico a distância, por meio de um computador ou celular. Algo para substituir o atendimento presencial. Presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde, o médico Chao Lung Wen, professor da USP, explica que o conceito vai muito além.   O correto é entender que a telemedicina e a telessaúde são inovações de processo pra melhorar a cadeia da saúde, para otimizar o processo de cuidado, para aumentar a capacidade de acesso e para que nós possamos fazer a coisa mais importante, logística. A logística de cuidado. E aí você vê que servem para assistência, para educação e promoção de saúde. A lei que regulamentou de forma definitiva a telessaúde foi sancionada há um ano. Ela define a modalidade como a prestação de serviços de saúde a distância por meio de tecnologias da informação e comunicação, a exemplo do celular, de forma que seja garantida a confidencialidade. A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, afirma que, além da medicina, também está previsto atendimento remoto em enfermagem, fisioterapia e psicologia, por exemplo, envolvendo 14 profissões da saúde.     Ela vale para as 14 profissões da saúde e ela autoriza a teleconsulta porque os outros procedimentos eles já eram feitos há bastante tempo, né? Então, o que veio além e agregou é a teleconsulta. E, nesse sentido, a lei ela é boa, ela é aberta e ela é genérica. Ela traz os princípios mais importantes a serem observados em todos os casos, por todas as profissões da saúde e por todas as especialidades médicas também. O Brasil passou a fazer parte dos países que seguiram a resolução da OMS de usar a telessaúde em 2007, quando foi criado um programa para melhorar a qualidade do atendimento e da atenção básica no SUS. Mas a modalidade só ganhou força de verdade durante a pandemia. Frente a todas as restrições, o Congresso Nacional liberou temporariamente a teleconsulta e outros serviços foram digitalizados de forma emergencial – como receitas e atestados médicos. A partir dali houve consenso de que era possível usar a iniciativa com segurança, o que abriu caminho para a proposta sancionada em dezembro de 2022. Durante a discussão no Senado, Zequinha Marinho, do PL do Pará, destacou a importância principalmente no caso de especialidades que são tradicionalmente mais difíceis de marcar uma consulta e em cidades distantes.  Hoje, a tecnologia nos permite avançar. Eu que sou da Região Norte, do estado do Pará, um estado de dimensão gigantesca, onde não se tem condições de manter profissionais de diversas especialidades no interior remoto, e a gente pode através da telessaúde encurtar distâncias, facilitar esse atendimento, dar qualidade ao trabalho, enfim, salvar vidas. Na opinião do doutor Chao, o principal avanço está na segurança   Esta lei define a palavra telessaúde. Isso é importante e define que a telessaúde é multiprofissional, né? A telemedicina faz parte da telessaúde e isso ela estabelece bem conceitualmente e define em lei federal, está reconhecido dentro do SUS. Portanto, a Lei 14.510 é uma lei que moderniza o SUS. A lei prevê que as consultas remotas poderão ser usadas desde que o médico e o paciente concordem com a modalidade. O relator no Senado, Veneziano Vital do Rêgo, do MDB da Paraíba, lembra que no caso de recusa, a opção do atendimento presencial deve ser garantida ao paciente.   Nenhum profissional médico é obrigado fazer o atendimento remotamente, se ele não quiser, como também nós, enquanto pacientes, se não quisermos, temos todo o direito de exigir o atendimento presencial. Desde que a lei foi sancionada, a ideia é que progressivamente conselhos profissionais e diferentes especialidades estabeleçam normas que a complementem,  levando em conta as particularidades de cada um, inclusive as normatizações éticas.   Se você vai fazer uma teleconsulta de dermatologia, tem certos aspectos que são importantes. Uma consulta de urgência em neurologia vai trazer outros aspectos que você precisa para essa consulta ou para uma série de questões tanto para a consulta quanto para consultoria, triagem para tudo aquilo que a gente faz a partir da telessaúde. Então, sim, nós vamos gradualmente precisar de regulamentações complementares que possam detalhar a lei e considerar as especificidades de cada tipo de atendimento Em 2022, o Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução que prevê que a mediação por tecnologias digitais pode ocorrer não só para fins de assistência, mas também para pesquisa, prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção da saúde e educação. Para garantir a qualidade em qualquer destas modalidades, a internet é fundamental. E como é a realidade da conectividade no Brasil? Acompanhe na terceira parte da reportagem especial “Saúde digital. A transformação do cuidado”. LOC: A REPORTAGEM E A APRESENTAÇÃO SÃO DE LEILA HERÉDIA E A EDIÇÃO DE FERNANDA NARDELLI. LOCUÇÃO, RICARDO NAKAOKA. TRABALHOS TÉCNICOS DE ANDRÉ MENEZES E JOSEVALDO SOUZA. VOCÊ PODE ACESSAR TODOS OS EPISÓDIOS DESTA SÉRIE NO SITE DA RÁDIO SENADO WWW.SENADO.LEG.BR/RADIO CONSULTAS E EXAMES A DISTÂNCIA, TESTES GENÉTICOS, PROCEDIMENTOS COM APOIO DE ROBÔS, APLICATIVOS QUE MONITORAM A SAÚDE EM TEMPO REAL. SÃO INÚMEROS OS AVANÇOS, MAS SEM INTERNET, NÃO EXISTE QUALQUER AÇÃO DIGITAL NA SAÚDE, COMO VOCÊ PODE CONFERIR NA TERCEIRA PARTE DA REPORTAGEM ESPECIAL “SAÚDE DIGITAL: A TRANSFORMAÇÃO DO CUIDADO”. UMA PRODUÇÃO RÁDIO SENADO. Entre as barreiras enfrentadas hoje nas diferentes modalidades de uso da saúde digital está a velocidade da internet e, em alguns casos, até a falta de rede, realidade ainda comum em áreas mais remotas, justamente os locais com maior carência de assistência especializada. Segundo a pesquisa TIC Saúde 2023, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, muito já se avançou nesta área. Hoje, somente cerca de 1.300 unidades básicas de saúde, o que representa 3% do total, não possuem pelo menos um computador. Coordenador de pesquisas do Cetic.br, Fábio Senne lembra que a conectividade não é o único desafio.    Do ponto de vista de chegar a conectividade, eu acho que falta é ainda tem um desafio em algumas áreas, especialmente áreas mais remotas e áreas rurais, mas houve um avanço recente. O que a gente vê de desafio para além é da conectividade. Por um lado, é a capacidade de adoção, né, de sistemas, baseados em TICs, que exigem também a formação de profissionais com essa especialização, né? Então, a formação de habilidades digitais quanto a isso e cada vez também mais uma discussão sobre a governança de dados, né? Além dos cuidados com a conexão, a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, ressalta que a teleconsulta deve seguir exatamente os mesmos padrões de uma consulta tradicional.   Está pressuposto que uma consulta remota deve atender todos os mesmos preceitos que uma consulta presencial atende: o sigilo, a confidencialidade, uma boa comunicação, trabalhar com plataformas dedicadas e seguras e a primeira coisa é testar o processo de comunicação. O áudio está bom? O vídeo está bom, tem boas condições tecnológicas para fazer. Não tem: vamos fazer uma consulta presencial. Entre as modalidades de teleatendimento estão, além da consulta, a interconsulta, monitoramento, triagem, consultoria, diagnóstico e até telecirurgia. A tecnologia tornou possível na pandemia levar um especialista que não estava disponível naquele serviço ou UTI para contribuir com o diagnóstico e o tratamento. Um exemplo de procedimento de alta complexidade feito a distância vem sendo testado pelo Hospital das Clínicas da UFMG em parceria com o Ministério da Saúde.  Mais de 12 mil espirometrias, exame essencial para o diagnóstico de doenças respiratórias, foram realizados a distância em 147 municípios, uma iniciativa inédita em âmbito nacional. Em Colombo, no Paraná, cidade com pouco mais de 250 mil habitantes, havia uma enorme demanda entre usuários do SUS, como afirma a enfermeira Danielle Cherbiski.  Eu fiz o treinamento lá, voltei pra cá e comecei a colocar em prática os exames. Nós estávamos com uma fila parada há mais ou menos dois, três anos, porque não tinha prestador para esse serviço, né? Então o município estava sem poder realizar. O sistema da UFMG funciona muito bem. Eu faço o exame do paciente, envio pelo próprio software, o pneumologista da universidade avalia o exame e em menos de 24 horas já retorna para mim o resultado via software mesmo. No Amazonas, desde o início do Projeto de Telemonitoramento de Pré-Natal de Alto Risco - o Telepnar, mais de 600 profissionais já foram capacitados, entre médicos e enfermeiros. A maioria, de forma presencial, inclusive nos territórios indígenas, como explica o médico Pedro Elias.  Nós também definimos que uma das prioridades é a mulher indígena. Os sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas que existem no Amazonas, porque o Amazonas tem a maior população indígena do país. Todos eles estão habilitados a partir daí a utilizar essa plataforma e enviar casos de mulheres em pré-natal que se enquadram nesse perfil de alto risco. Existe um protocolo já pré-definido, inclusive pelo Ministério da Saúde há muito tempo de qual é o perfil dessas gestantes. E nós temos hoje mais de 170 pacientes sendo acompanhadas. Em Santos, foi inaugurada em dezembro a primeira Estação de Telessaúde Integrada de Bem-Estar dentro de uma escola municipal, como conta a professora Ana Caetano.  (ana caetano 1) do lado de fora eles criam uma ambientação de bancos, totem, tem uns banners e tem essas televisões. Aonde vão passar o Homem Virtual, que são vídeos que esses jovens já estudaram. Então vão falar sobre a importância da vacinação de HPV, vão falar sobre vírus e bactérias da lavagem de mãos. (ana caetano 2) dentro da cabine a secretaria de saúde manda um técnico, haverá um técnico que vai medir pressão, que vai fazer essas orientações básicas Para o professor da USP Chao Lung Wen, a inclusão de jovens neste processo é decisiva para resultados a longo prazo.   É que nós não estamos apenas preocupados com o provimento de serviço à distância. Nós estamos preocupados na reorganização da cadeia de serviços, inclusive levando a telessaúde para dentro das escolas para formar jovens que são os futuros adultos, a saberem se cuidar.  A empatia é algo essencial quando se fala de saúde. O acolhimento faz parte da rotina de cuidados do paciente. Frente ao crescente uso da inteligência artificial, qual será a realidade que estes jovens vão encontrar no futuro? Acompanhe no último episódio da reportagem especial “Saúde digital. A transformação do cuidado”. A REPORTAGEM E A APRESENTAÇÃO SÃO DE LEILA HERÉDIA E A EDIÇÃO DE FERNANDA NARDELLI. LOCUÇÃO, RICARDO NAKAOKA. TRABALHOS TÉCNICOS DE ANDRÉ MENEZES E JOSEVALDO SOUZA. VOCÊ PODE ACESSAR TODOS OS EPISÓDIOS DESTA SÉRIE NO SITE DA RÁDIO SENADO WWW.SENADO.LEG.BR/RADIO A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE FEZ UM ALERTA PARA OS CUIDADOS COM O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA SAÚDE A NECESSIDADE DE MANTER O ATENDIMENTO HUMANIZADO E O CUIDADO COM A SEGURANÇA DOS DADOS DOS PACIENTES FAZEM PARTE DESTA QUARTA E ÚLTIMA PARTE DA REPORTAGEM ESPECIAL “SAÚDE DIGITAL: A TRANSFORMAÇÃO DO CUIDADO”. UMA PRODUÇÃO RÁDIO SENADO. No ambiente digital, uma preocupação sempre presente é a segurança das informações. Na área de saúde, o sigilo é uma das exigências éticas.  É consenso a necessidade de garantir a proteção de dados, como previsto na LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados, resguardar a confidencialidade das informações e seguir padrões internacionais de segurança. O coordenador de pesquisas do Cetic.br, Fábio Senne conta que o processo avança mais rapidamente no setor privado. De acordo com a pesquisa TIC Saúde, um terço dos estabelecimentos já adotou alguma das medidas previstas na lei, como, por exemplo, nomear um responsável pelos dados digitais e implementar um plano de respostas a acidentes   A entrada em vigor da lei ainda é um fato recente, então é um processo de implementação que ainda vai demandar muito dos governos no sentido de criar uma cultura de dados realmente no setor de saúde, até porque, também no contexto da pandemia, foi feito um processo de digitalização mais acelerado, mas não necessariamente pensando em proteção de dados. Na pandemia, muita atenção em saúde feita por plataformas inadequadas ou redes sociais ... Plataformas não desenvolvidas para o funcionamento da saúde, não é? A pesquisa mostra ainda um cenário bem incipiente de implementação de medidas para atender a LGPD. Segundo uma pesquisa divulgada pela Global Market Insights, o tamanho do mercado de saúde digital deve ultrapassar 900 bilhões de dólares até 2032. Um dos cuidados é garantir que os dados em saúde sejam usados em benefício do cidadão e não sejam monetizados.  A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, alerta que todos devem estar conscientes da necessidade de cuidado com a segurança, com a proteção do cadastro e da senha para acessar os sistemas de saúde digital. Ela conta que, em uma próxima fase, será implantada, nacionalmente, a Rede Nacional de Dados, que permitirá o compartilhamento de informações entre os setores público e privado.  Nosso banco de dados não é restrito aos dados produzidos pelo SUS. Na verdade, Ministério da Saúde nesse momento vem desenvolvendo uma plataforma de interoperabilidade, que é a rede nacional de dados em saúde. A interoperabilidade, completa, de tal forma que o cidadão em breve passará a ter, como já tem tido gradualmente, parte das informações dos seus dados de saúde no seu celular, no seu aplicativo. Mas, na prática, como isso acontecerá?  Vamos supor que um paciente, ele foi atendido numa unidade básica de saúde do SUS, e foi registrado esse atendimento. Ai numa outra ocasião, esse mesmo paciente foi numa outra unidade básica de saúde em outra cidade. Depois, ele recebeu um atendimento num hospital de saúde suplementar, que tem ainda outro sistema e aí ele foi num laboratório privado. Nós estamos trabalhando e estabelecendo padrões para troca de informação, padrões que constituem conjuntos mínimos de dados Uma nova preocupação que tem surgido é o uso de inteligência artificial. A Organização Mundial da Saúde fez um alerta de que a adoção precipitada de sistemas não testados pode levar a erros por parte de profissionais de saúde, causar danos aos pacientes, minar a confiança na ferramenta e atrasar os potenciais benefícios e usos de longo prazo dessas tecnologias. Fábio Senne conta que a inteligência artificial ainda é pouco usada nesta área no Brasil.   A gente nota um número ainda pequeno, de cerca de 3% dos estabelecimentos que mencionam já um nível de utilização de inteligência artificial. Isso corresponde no conjunto de estabelecimentos que a gente analisa, corresponde a mais ou menos 3500 estabelecimentos em que já há algum tipo de uso da inteligência artificial. O presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde, Chao Lung Wen, prevê que os impactos que serão provocados com a inteligência artificial exigirão um profissional cada vez mais capacitado. Vai se chamar medicina conectada e saúde conectada e vai se chamar medicina e saúde sem distância aonde nós não nos importamos mais aonde o paciente esteja, nós estaremos sempre quando ele precisa. E temos que então ter bandeiras, metas para construir algo de qualidade, humanizado e eficiente, tá? E aí nós precisamos, no mínimo que tenha 25% dos profissionais de saúde sabendo lidar com isso até 2030 Uma realidade na qual o 6G já estará implantado.  O 6G já vai ser o novo tema para que possamos fazer o chamado suporte de acompanhamento em domicílio e a chamada recuperação domiciliar pós alta hospitalar. Esse tem que ser um plano estratégico para ver como que vão se construir. Frente a todas as possibilidades da tecnologia, a secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde lembra que a ideia não é substituir o atendimento humano e humanizado, mas sim ampliar a oferta de serviços.  A gente não se propõe a fazer uma teleconsulta no lugar ou pra substituir um atendimento presencial. Na verdade, os dois convivem e se complementam. Você ouviu a Reportagem Especial: “Saúde digital: a transformação pelo cuidado”. Redação e apresentação: Leila Herédia. Locução, Ricardo Nakaoka, com trabalhos técnicos de André Menezes e Josevaldo Souza. OS QUATRO EPISÓDIOS DESSA REPORTAGEM ESPECIAL TAMBÉM ESTÃO DISPONÍVEIS EM SENADO.LEG.BR/RADIO. É SÓ CLICAR NA ABA “PROGRAMAS” E PROCURAR POR “REPORTAGEM ESPECIAL”.

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