Taquigrafia do Senado inicia mudança do papel para tablets

Nesta quarta-feira (3), comemora-se o Dia do Taquígrafo, profissional que usa de técnicas de escrita abreviada e símbolos para registro de falas em tempo real.
03/05/2017 12h42

Nesta quarta-feira (3), comemora-se o Dia do Taquígrafo, profissional que usa de técnicas de escrita abreviada e símbolos para registro de falas em tempo real. Atenta aos avanços tecnológicos, a Secretaria de Registro e Redação Parlamentar (SERERP) deve implementar, até o fim de 2017, o uso total de tables no trabalho dos taquígrafos da Casa, para ampliar o registro histórico e economizar mais de seis mil blocos de apanhamento taquigráfico por ano.

Taquigrafia

— A SERERP, vinculada à Secretaria-Geral da Mesa, está inserida no contexto de modernização legislativa. Os dois grandes objetivos para a implementação do tablet são a atualização de imagem e a economia de papel. O bloco e o lápis têm mais de 400 anos de uso e precisávamos de uma imagem mais moderna. Também calculamos uma economia em torno de 325 resmas anuais — diz Quésia de Farias, diretora do setor.

A substituição do suporte para apanhamento taquigráfico está de acordo com as diretrizes estratégicas do Senado para o biênio 2017-2019, que estabelecem aprimorar e automatizar processos de trabalho, bem como modernizar sistemas legislativos e parlamentares. Além disso, leva-se em conta a continuidade de uma logística sustentável na instituição.

Por enquanto, o processo está em fase de transição e adaptação. Por isso, Quésia conta que diferentes modelos de aparelhos e aplicativos estão sendo testados.

— A mão do taquígrafo é extremamente ágil. Papel e lápis tornam isso possível, mas o tablet às vezes falha. A caneta falha, o taquígrafo tem que voltar e aí já perdeu a palavra. Gera estranhamento porque cada um tem um ritmo, um costume. Há programas que eu posso encostar a mão, outros não. Mas a gente vai se adaptar. Uma das características do taquígrafo é a capacidade de adaptação — afirma.

Fábrica da palavra

A diretora também diz que a área de taquigrafia do Senado é uma das mais modernas e rápidas do mundo, com destaque para o Scriba. Esse sistema foi criado pelo Prodasen e compartilha todas informações de outros sistemas da Casa, o que facilita a produção da nota taquigráfica. Por isso, a dinâmica de trabalho do Senado está sendo exportada para a Câmara dos Deputados e outras assembleias. Do mesmo modo, foi apresentado a Parlamentos de língua portuguesa, como os de Moçambique e de Portugal.

— Somos uma fábrica do discurso, da palavra. Temos um grupo capacitado, com formação em língua portuguesa, em texto e discurso, em linguística, para fazer essa atuação. Além de termos organização suficiente para atuar horas e horas de uma sessão, como aconteceu no impeachment. Nenhum outro grupo faz isso com tanta rapidez e maestria — garante.

São 28 taquígrafos e 24 revisores responsáveis pelo registro de todas falas, pronunciamentos e debates do Senado. No Plenário, o atendimento acontece em tempo real, com os taquígrafos presentes revezando entre si. Depois, o documento é enviado para revisão, que disponibiliza o texto no site da instituição. A íntegra leva cerca de 50 minutos para ser publicada na internet.

Mesmo sendo um ofício antigo, implementado no Brasil na Assembleia Nacional Constituinte de 1823 e logo em seguida no Congresso Nacional, a diretora considera que não existe tecnologia capaz, até agora, de substituir o ouvido e a atenção do taquígrafo.

(Do Senado Notícias)