Apesar da apreensão causada pela demora no processo de saída do Reino Unido da União Europeia, visto que o plebiscito do Brexit foi realizado em junho de 2016, os participantes do evento se mostraram otimistas quanto as possibilidades abertas para o Brasil.

Abrindo o evento, o Diretor-Executivo do Interlegis/ILB, Márcio Coimbra, explorou aspectos políticos do Brexit, pontuando que o processo atual é marcado pela polarização, dentro de uma sociedade que sempre foi conhecida pela prudência e pelo consenso. Segundo ele, vivemos um momento histórico em que se discute a eficiência de organismos supranacionais na tarefa de solucionar questões internas dos países. Coimbra ressaltou a importância de travar debates de alto nível dentro do Senado Federal, através do Interlegis/ILB.

- Isto auxilia nosso corpo técnico, bem como senadores, a refletirem sobre a relevância e desdobramento de temas como este. Algo que nos auxilia muito na discussão das políticas que chegam aqui para deliberação e votação. Daí a enorme importância conferida pelo Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para iniciativas como esta, afirmou o Diretor-Executivo do Interlegis/ILB.

Já o Ministro Carlos Perez (MRE) trouxe uma visão otimista em relação ao Brexit no que diz respeito ao comércio exterior brasileiro. Segundo Perez, existem atualmente 77 acordos bilaterais firmados entre o Brasil e o Reino Unido. De acordo com o ministro, trata-se de uma relação duradoura e consolidada. Apesar das previsões em contrário, desde 2016, os investimentos brasileiros no Reino Unido cresceram exponencialmente. Ao todo são 1700 empresas brasileiras investindo em solo britânico. Ao passo que o Reino Unido ocupa a oitava posição entre os maiores países investidores no Brasil. Na opinião de Perez, quando o Brexit se concretizar, devem surgir mais oportunidades para aprofundar o comércio bilateral.

O embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, admitiu as dificuldades em se costurar um acordo de saída da União Europeia, e, ao mesmo tempo, preservar as relações com o continente sem fazer parte de uma estrutura supranacional. Rangarajan descreveu um estado de ansiedade entre as forças políticas britânicas para se decidir o impasse do Brexit, e finalmente cuidar da agenda doméstica. Ele explicou que após a crise financeira global de 2008, o Reino Unido passou por um período de austeridade fiscal. O embaixador concluiu afirmando que existe uma necessidade de se retomar investimentos em segurança pública, saúde, educação, assistência social para idosos e infraestrutura, após um longo período concentrado em questões de política externa.