CAPACITISMO

Introdução

O preconceito dirigido às pessoas com deficiência manifesta-se desde os primórdios da sociedade humana. Houve tempos que era considerado aceitável eliminar indivíduos com deficiência por temor de que ameaçassem a sobrevivência ou o esforço de guerra de determinados grupos. A esse tratamento hostil, seguiu-se o abandono dos que não podiam andar, por exemplo, relegados a quartinhos de fundos. Quem sofria de nanismo era muitas vezes submetido a posições e tarefas humilhantes, como a de atração de circo. Mesmo hoje, há casos da presença de indivíduos com essas características em quadros de humor. Ainda assim, à medida que a civilização evoluiu — do ponto de vista da consciência, da cultura, das leis e da tecnologia — as atitudes discriminatórias, reforçadas pela linguagem, foram sendo questionadas, combatidas e substituídas por formas mais inclusivas de interação, em processo lento, que está por se completar.

  

Exemplos de frases capacitistas

 

"Nossa, um rapaz tão bonito! Que pena estar preso a uma cadeira de rodas!

A frase original pressupõe que pessoas com deficiência não podem ser bonitas, o que perpetua estereótipos capacitistas ou que deficiência enfeia a pessoa. A substituição elogia a pessoa sem fazer referência à deficiência, reconhecendo sua beleza de forma genuína e inclusiva.

Troque por: "Nossa, como ele é bonito!”

 

"Você nem parece que tem autismo!"

Dizer que alguém "não parece" ter autismo invalida a identidade da pessoa e sugere que há uma forma esperada de ser autista. É mais positivo mostrar interesse nas preferências e necessidades específicas da pessoa, valorizando sua individualidade.

Troque por: "Nossa, você é mesmo interessante!”

 

"Deus só dá cruz pesada a quem consegue carregar."

A frase original minimiza as dificuldades da pessoa, implicando que o sofrimento é inevitável, um desígnio de Deus — e até necessário. Uma abordagem mais empática consiste em oferecer ajuda ou suporte concreto, sem espiritualizar o sofrimento da outra pessoa.

Troque por: "Vejo que você leva sua vida de maneira positiva!”

 

"Fulano é cego para a realidade"

É capacitismo porque associa a cegueira à ignorância ou à falta de entendimento, estereotipando pessoas cegas.

Troque por: "Fulano ignora a realidade / se recusa a enxergar os fatos”

  

"Ela deu um show de retardada!"

Termos como "retardado" são ofensivos e carregam um histórico de opressão contra pessoas com deficiência intelectual.

Substituição: "Ela se comportou de forma inadequada" ou "Ela agiu de forma inconveniente."

Troque por: "Fulano ignora a realidade / se recusa a enxergar os fatos”

 

"Você está surdo?!"

Implica que não ouvir ou ser surdo é algo negativo ou sinônimo de desatenção.

Troque por: "Você não prestou atenção?" / "Você não ouviu o que eu disse?"

 

"Ficar ne cadeira de rodas deve ser horrível"

Por quê é capacitista? Presume que a vida de uma pessoa que utiliza cadeira de rodas é intrinsicamente negativa.

Troque por: "Deve exigir uma adaptação escífica" / "Deve envolver desafios diferentes"

 

"Hoje estou meio bipolar

Reduz um transtorno psiquiátrico complexo à oscilação de humor comum.

Troque por: "Hoje meu humor está oscilando" / "Estou com sentimentos confusos."

 

"Ele parece um autista"

Utiliza uma característica do espectro autista como insulto ou julgamento.

Troque por: "Ele está distraído" / "Ele está muito focado."

 

"Fulano é deficiente, mas é tão esforçado!"

Ao utilizar "mas", implica que ser esforçado é inesperado para alguém com deficiência.

Troque por: "Fulano é muito esforçado."

 

O que é Capacitismo?

Como evoluiu a terminologia no campo das deficiências

Por que evitar o capacitismo?