Como evoluiu a terminologia no campo das deficiências

29/10/2024 11h50

De acordo com Consultor de inclusão social Romeu Kazumi Sassaki, entre 1986 1996 foi bastante comum no Brasil o uso do termo portador (ou portadora) de deficiência. A expressão foi substituída pelo termo pessoa com deficiência, hoje de uso corrente, face à ponderação de que ninguém porta uma deficiência, como se porta um documento de identidade, um guarda-chuva. Pessoa com deficiência foi estabelecido como o modo adequado de nos referirmos a indivíduos que integram contingente daqueles apresentam disfuncionalidades corporais ou mentais por vários motivos. Aprovado após debate mundial, o termo “pessoa com deficiência” é utilizado no texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada em 13 de dezembro de 2006 pela Assembléia Geral da ONU, ratificada com equivalência de emenda constitucional pelo Decreto Legislativo 186, de 9 julho de 2008 e promulgada pelo Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009.

Para se chegar a essa nova qualificação, a estrada foi longa: passou pelas formas mais rudimentares e específicas, como aleijado, coxo, retardado, mongolóide, mudinho, ceguinho, inválido, deficiente. “Os termos são considerados corretos em função de certos valores e conceitos vigentes em cada sociedade e em cada época”, diz Sassaki em artigo napágina de acessibilidade da Câmara dos Deputados. “Assim, eles passam a ser incorretos quando esses valores e conceitos vão sendo substituídos por outros, o que exige o uso de outras palavras. Estas outras palavras podem já existir na língua falada e escrita, mas, neste caso, passam a ter novos significados. Ou então são construídas especificamente para designar conceitos novos. De acordo com o consultor, o uso de termos incorretos reforça e perpetua conceitos obsoletos, ideias equivocadas e informações inexatas. Segundo Sassaki, há “dificuldade ou excessiva demora” para a transformação de percepções, raciocínios e comportamentos, tanto por parte do público leigo quanto de profissionais que lidam com situação das pessoas com deficiência. Do mesmo modo, há “resistência contra a mudança de paradigmas”, como se dá no caso necessidade de os sistemas sociais evoluírem da “integração” para a “inclusão”.

  

Tipos de Capacitismo

 

Médico

Refere-se à visão de que pessoas com deficiência devem ser curadas ou tratadas, como se suas condições fossem algo exclusivamente negativo.

Exemplo: Forçar tratamentos sem consentimento ou achar que toda pessoa com deficiência deseja "se curar".

 

Recreativo

Envolve o uso de estereótipos de deficiência para entretenimento ou humor.

Exemplo: Imitar uma pessoa com deficiência para fazer piada ou produzir vídeos depreciativos.

 

Institucional

Ocorre quando instituições, políticas públicas ou organizações não consideram a acessibilidade e inclusão.

Exemplo: Falta de rampas de acesso em prédios públicos ou escolas que não oferecem recursos para estudantes, como ensino da língua de sinais, material em braile, audiolivros.