Senado debate epidemia do vírus Zika e a propagação do Aedes Aegypti no Brasil

O presidente do Senado acrescentou que a ameaça de microcefalia decorrente do vírus Zika não assusta só as famílias das gestantes, mas também todos os brasileiros que, de uma maneira ou de outra, são responsáveis pelo que vem acontecendo.
25/02/2016 13h25

Ao abrir sessão temática nesta quinta-feira (25), promovida para debater o vírus Zika e as demais doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti no Brasil, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), destacou que “as dúvidas sobre a relação entre o Zika Vírus e a microcefalia têm deixado em pânico grande parte dos brasileiros” e elogiou o pedido para realização da sessão feito pelo senador Lasier Martins (PDT/RS) “para coletar elementos, sugestões e propostas legislativas para combater esta mais recente saúva nacional: o mosquito Aedes Aegypti”.

O presidente do Senado acrescentou que a ameaça de microcefalia decorrente do vírus Zika não assusta só as famílias das gestantes, mas também todos os brasileiros que, de uma maneira ou de outra, são responsáveis pelo que vem acontecendo. Foto: Jane de Araújo

Participaram do debate, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, o representante da Fundação Oswaldo Cruz, Valcler Rangel Fernandes, da médica especialista em obstetrícia e ginecologia, Adriana Melo, da diretora médica da empresa Sanofi Pasteur, Lucia Brinks, e do coordenador do departamento de doenças transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde OPAS, Henrique Vasques.

O presidente do Senado acrescentou que a ameaça de microcefalia decorrente do vírus Zika não assusta só as famílias das gestantes, mas também todos os brasileiros que, de uma maneira ou de outra, são responsáveis pelo que vem acontecendo.

“Afinal de contas, a incidência dessa má formação congênita já foi verificada em 16 Estados, demonstrando que não é mais um problema localizado, mas que se está se espraiando perigosamente graças ao alcance de voo do Aedes Aegypti, mas principalmente a boa vida que estamos dando a ele, com a falta de saneamento básico e de tratamento de esgoto, que persiste em milhares de cidades brasileiras”, lembrou Renan.

Segundo boletim divulgado, na terça-feira (23), pelo Ministério da Saúde, os casos suspeitos de microcefalia em investigação no país chegam a 4.107. O boletim aponta, ainda, que 950 notificações já foram descartadas e 583 confirmadas para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita.

Os 583 casos confirmados ocorreram em 235 municípios, localizados em 16 unidades da federação: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rondônia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Os 950 casos foram descartados por apresentarem exames normais, ou apresentarem microcefalias e/ou alterações no sistema nervoso central por causas não infeciosas.

“Muito embora, os estudos científicos não confirmarem ainda a referida relação Zika vírus e microcefalia, não podemos descartar a possibilidade de que a alta incidência dessa má formação tenha a ver com o Aedes Aegypti. Afinal de contas os casos de microcefalia e de Zika têm aumentado par e passo”, disse Renan ao ressaltar ainda que a incidência de manifestações do vírus, “ que em outros países se dissemina lentamente, aqui em nosso país está, como todos sabem, aumentando assustadoramente”.

Ao recordar que o Aedes aegypti, além de transmitir a Zika, também carrega os vírus transmissores da dengue e da febre chikungunya, Renan Calheiros disse que “o inimigo número um para a ocorrência de tantos casos de doenças viróticas atuais é o mosquito. É ele que temos de combater, em primeiro lugar e imediatamente”.

O presidente do Senado chamou atenção de que o combate ao Aedes Aegypti é tarefa de todos e citou que o brasileiro não lida só com a falta de saneamento básico para servir de “terreno fértil” ao mosquito “mas também o descaso de tantos com os fatores que contribuem para a sua incidência, como acúmulo de lixo, água parada, enfim toda sorte de desmazelo com as nossas cidades”, vem garantindo “a boa vida” para o inseto.

“Por isso, repito, a responsabilidade é de todos nós. Para discutir o que podemos e devemos fazer para combater essa nossa mazela, cá estamos hoje, aqui. Que dessa sessão de debates saiam sugestões e decisões para que possamos enfrentar mais essa dor de cabeça do povo brasileiro. Vamos ao debate e, antecipadamente, deixo assegurado que qualquer providência legislativa, ministro Marcelo Castro, terá prioridade nesta Casa do Congresso Nacional”, finalizou Renan.