Senado se pautou pela isenção, equilíbrio e responsabilidade, destaca Renan

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comandou durante todo o dia e durante a madrugada desta quinta-feira (12), a sessão que decidiu pelo acolhimento do processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff.
12/05/2016 12h55

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comandou durante todo o dia e durante a madrugada desta quinta-feira (12), a sessão que decidiu pelo acolhimento do processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff. Foram 20 horas de debates em que mais de 70 senadores do governo e da oposição se alteraram na tribuna.

Senado se pautou pela isenção, equilíbrio e responsabilidade destaca Renan. Foto: Jonas Pereira

Passava das seis e meia da manhã quando a votação foi concluída. Pouco antes do encerramento da sessão, Renan Calheiros destacou a busca pelo equilíbrio e responsabilidade com que tem conduzido a Casa durante todo processo. “Eu gostaria de reiterar aos Senadores e às Senadoras, e especialmente à Nação, que este Senado da República, umas das mais antigas instituições brasileiras, se pautou, neste processo, pela isenção, pelo equilíbrio e pela responsabilidade que as circunstâncias impõem. Em nenhum momento, relevando sempre o traço nervoso e ligeiro do noticiário, que às vezes não dispõe de tempo para reflexão, esta Presidência jamais foi modulada por partidos ou posições políticas, e eventuais interpretações, muitas delas precipitadas em relação à predileção desta Presidência. A história, como os Senadores sabem, é aberta, plural e permitirá muitas interpretações. E a história, definitivamente, vai fazer as suas interpretações”, enfatizou.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ressaltou que seguiu e continuará seguindo integralmente a Constituição Federal e as leis que regem o impeachment como forma de assegurar a voz da oposição como também o direito ao contraditório. A Presidência do Senado Federal se portou, em todos os momentos, pelo equilíbrio institucional e pela normalidade para ultrapassarmos, sem sobressaltos, esse gravíssimo quadrante da vida nacional que assombrou o País, alvoroçou segmentos políticos, criou conflagração na sociedade e derreteu uma das economias mais pujantes do Planeta. Fomos ágeis, Srs. Senadores, quando a circunstância demandava e ponderados quando a lei exigia. Também soubemos ser enérgicos diante da tentativa de burlar a democracia com artifícios inconsistentes e explosivos. Soubemos agir, e nisso agradeço mais uma vez a todos os Senadores e a todas as Senadoras, quando tentaram transformar uma centelha em um incêndio de grandes proporções”, disse.

Renan Calheiros destacou o momento delicado vivido pela História do país, alertou que é preciso bom senso, responsabilidade e equilíbrio para evitar radicalizações e atropelos. “Os vetores autoritários, os roncos messiânicos estão, a todo instante, testando o Brasil e sua jovem democracia. Sabemos e haveremos de repetir que o Brasil e nossa sociedade estarão sempre acima desses interesses, alguns deles camuflados em mantos democráticos. Igualmente este Parlamento, dentro do eterno jogo de transferência de responsabilidades, não pode ser responsabilizado por eventuais insucessos desse ou daquele segmento. Igualmente este Parlamento, dentro do eterno jogo de transferência de responsabilidades, não pode ser responsabilizado por eventuais insucessos desse ou daquele segmento. Cada qual terá de responder perante a história por sua parte de acerto ou erro neste processo”, afirmou.

Reforma política

Durante o discurso, Renan Calheiros fez um apelo pela mudança do sistema politico brasileiro e cobrou alterações para modernizar o sistema e evitar futuras crises. “O sistema político eleitoral partidário atual do Brasil é um conjunto de cheques pré-datados de crise: ou mudamos este modelo arcaico, enrugado, viciado, fomentador de incertezas, ou estaremos assinando a ruína das nossas instituições e das nossas biografias. Quem pode, nos dias atuais, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sr. Ministro, recusar essas mudanças fundamentais e insubstituíveis?”

Ao encerrar, o presidente do Senado também ressaltou que é justamente em momentos de crise que instituições como o Senado marcam seu papel na história. “Cumpro, nesta Presidência, meu esforço, mas tenho consciência de que o meu papel, todos os papéis são difíceis, mas o meu talvez seja o mais difícil, que é pregar o equilíbrio, o bom-senso, a responsabilidade. Todos os Senadores também aqui, nesta sessão, fizeram isso. Neste momento de crise, neste momento de impasse, neste momento de histerismo, de ódio, de corporações autônomas, de grupos, de seitas, de fanatismo, o papel do Senado Federal se agiganta”, concluiu.

Discurso do Presidente Renan Calheiros