Renan defende reforma política profunda

Segundo Renan, devem ser analisados pontos como a cláusula de barreiras, a proibição das coligações proporcionais e que defina regras transparentes para o financiamento de campanha eleitoral.
20/09/2016 14h46

No início da tarde desta terça-feira (20), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), concedeu entrevista e defendeu que é preciso fazer uma “reforma política profunda”. Segundo Renan, devem ser analisados pontos como a cláusula de barreiras, a proibição das coligações proporcionais e que defina regras transparentes para o financiamento de campanha eleitoral.

“O grande problema do Brasil é que nós temos mais de 30 partidos em funcionamento no Congresso Nacional e temos nestas eleições a inscrição de mais de 530 mil candidatos. Imagine financiar todo esse número de candidatos com recursos públicos, no momento em que o País precisa garantir recursos para a Saúde, a Educação, a Segurança Pública e para a Infraestrutura? Isso não é bom. Temos que concentrar todo o esforço para acabar com a pulverização de partidos políticos, que instabiliza o Brasil, do ponto de vista político e dificulta a construção da maioria parlamentar”, defendeu Renan.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, recomendou que o ideal é deixar as votações da reforma política para depois do primeiro turno das eleições municipais. “Nós estamos correndo com as sessões de discussão. Falta apenas uma para finalizarmos a discussão para a matéria, mas o regimento permite que nós possamos realizá-la e no mesmo dia apreciar a proposta de emenda à constituição”, explicou Renan.

O presidente do Senado sinalizou que a reforma política é inadiável, mas lamentou que a matéria não tenha caminhado na Câmara dos Deputados. “Nós temos agora uma circunstância nova. Com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados, nós vamos sim ter condições de, primeiramente, com relação à reforma política, construirmos uma pauta expressa de matérias que possam ser votadas simultaneamente nas duas Casas”, disse Renan.

Lava Jato

Questionado, nesta terça-feira, sobre se as supostas denúncias de caixa dois na campanha da ex-presidente da República, Dilma Rousseff, vão impactar no presidente da República Michel Temer, Renan Calheiros afirmou que a operação Lava Jato deve separar o “joio do trigo”.

“A operação Lava Jato é um avanço civilizatório é muito importante e nada vai detê-la. A operação deve acabar com o exibicionismo, com o processo de exposição das pessoas sem culpa formada, que nós vimos recentemente no episódio do ex-presidente Lula e em outros. Porque isso, ao invés de dar prestigio ao Ministério Público, por quem tanto lutamos, retira o prestigio do órgão e obriga o Congresso Nacional a pensar numa legislação que proteja garantias e que facilite o andamento da investigação. Ao final e ao cabo, todo mundo que é investigado deve estar pensando em apresentar suas razoes para se defender. A legislação, a Constituição e a tradição brasileira não convivem bem com isso”, disse Renan.

O presidente do Senado, defendeu ainda que é preciso que as denúncias não sejam motivadas perla defesa de interesses políticos e que tenham começo, meio e fim e que sejam consistentes. “Se isso acontecer, quem perde é a política e as instituições brasileiras”, argumentou Renan que defendeu a regulamentação de mecanismos que investiguem a corrupção. “Qualquer projeto que signifique proteger as garantias individuais e coletivas deve ser levado à cabo aqui no Congresso. O que não pode é, a pretexto de investigar, e todos defendem que as investigações sejam profundas, doa a quem doer, que se façam exibicionismos porque todos perdem com essa atitude, inclusive a Democracia”, argumentou Renan.

Segundo Renan, a sociedade apoia a operação Lava Jato e não há qualquer hipótese de a operação sofrer influência nos rumos que tomar. “Quem disse que há esse tipo de interferência está mentindo. Eu volto a dizer, a operação Lava Jato deve separar o joio do trigo e não pode nivelar a todos sob uma acusação genérica”, finalizou.