O Brasil precisa de uma política para o etanol, afirma Renan

Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado - Segunda-feira, 25 de Março de 2013
25/03/2013 00h00

A ausência de uma política para o etanol de cana brasileiro é um fator que fomenta crises relacionadas à matriz energética, afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no plenário da Casa, na tarde desta segunda-feira (25). De acordo com o presidente Renan, apesar de cada crise ter suas próprias circunstâncias, tanto a atual quanto aquela do final dos anos 80 e início dos 90 foram precedidas de períodos de euforia.

"Como sabemos, o Proálcool surgiu na metade da década de 70 como resposta brasileira ao choque do petróleo de 1973. Aquele momento de euforia criado pelo Proálcool foi como uma alucinação: usinas foram construídas às pressas, como se o Brasil, em pouco mais de cinco anos, houvesse inaugurado uma nova matriz energética", relembrou Renan Calheiros. Com a falta da capacidade produtiva para abastecimento dos carros a álcool, disse, houve também o fim do sonho, com prejuízos tremendos para o Brasil, e logo no fim da década perdida.

Traçando um paralelo com os tempos atuais, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), salientou o surgimento só no Centro-Sul de 130 novas usinas, entre 2004 e 2007; e de 74, e de 2007 a 2010. "Além de tudo, conseguimos convencer o mundo de que a cana não invadiria a Amazônia e de que nosso etanol não punha em risco a produção de alimentos, ao contrário do que ocorre com o etanol de milho norte-americano", enfatizou o presidente Renan em seu discurso. Segundo ele, o etanol da cana parecia prestes a se transformar em uma commodity planetária e o Brasil ensaiava despontar como liderança global no mercado de biocombustíveis, inclusive porque também desenvolvia uma animadora produção de biodiesel a partir da mamona e de outras fontes.

Entretanto, afirmou Renan Calheiros, na metade da década passada, uma nova euforia passou a monopolizar as atenções: a descoberta do pré-sal, que inverteu prioridades. "No discurso econômico, o etanol foi perdendo espaço até praticamente desaparecer", lastimou. Assim enfatizou o presidente do Senado, "se a política para o setor sucroalcooleiro já era sujeita a humores variados e às incertezas do clima, passou a ser errática. A política de preços para os derivados do petróleo provocou um pesado baque no etanol, que deixou de ser competitivo e o resultado não podia ser outro: uma crise que se abate sobre a agroindústria sucroalcooleira".

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou em seu pronunciamento que existem hoje estudos dando conta de que só podemos contar com 40% das cerca de 400 usinas existentes no país para suprir o mercado brasileiro. "Uma parte está quebrada e não tem solução, e outra mal se sustenta nas pernas e ficou sem capacidade de investir", revelou. Para Renan, em poucos anos, por falta de política para o setor, o Brasil foi ficando para trás na produção de combustível de fontes renováveis, ao contrário do que fez os Estados Unidos, que montou um projeto com participação dos melhores centros de pesquisa norte-americanos e agências do governo. "Em resumo, fez-se lá o que não se fez aqui, ou seja, criar uma política estratégica para o estratégico setor de combustíveis e energia. Resultado: em 2007 os Estados Unidos já haviam superado o Brasil, produzindo 24 bilhões de litros de etanol contra os nossos 22 bilhões", disse o presidente do Senado.

Para dimensionar a falta que faz uma política definida para o etanol, o presidente citou o Estado de Alagoas. Por contingências históricas, o Estado continua dependente da agroindústria sucroalcooleira. Dos 102 municípios alagoanos, 54 abrigam canaviais das 24 usinas. A quase onipresença geográfica é espelho da predominância econômica. Segundo o presidente Renan Calheiros, numa realidade como essa, e com a ausência de uma política nacional estratégica, é lógico que as consequências sociais da crise no setor sucroalcooleiro nacional se abatem com muito mais brutalidade sobre a população alagoana do que sobre estados com economia mais diversificada. Tudo isso acrescido da mais longa e severa seca dos últimos 50 anos.

"Por tudo isso, a formulação e implementação de uma política sólida e de longo prazo para o etanol de cana brasileiro é uma necessidade imperiosa para o futuro do Brasil", afirmou. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ressaltou que o Brasil detém as melhores condições para consecução desse objetivo: água em abundância; um litoral imenso onde sopram ventos fortes; terras férteis em longas extensões, que permitem produzir etanol de cana sem derrubar florestas; e sol forte em todo o país. "Nosso desafio – e compromisso – deve ser o de usar com inteligência o que nos foi dado", acrescentou o presidente do Senado.

Em um aparte ao discurso de Renan Calheiros, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) pediu a revisão da proibição do plantação da cana-de-açúcar no estado de Roraima. Ele explicou que Roraima foi classificada como parte do bioma amazônica, onde é proibida a plantação de cana, sem levar em conta que o estado tem áreas que não são de zona da mata e que poderiam ser cultivadas.

 

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