e-Cidadania

Perdi parte dos intestinos em decorrência de uma doença crônica, incluindo a válvula íleo cecal que regula vazão intestinal, ou seja, tenho incontinência fecal permanente. Mas, por não se tratar de uma mutilação visível aos olhos da sociedade, não me encaixo como deficiente física, mesmo não tendo condições de exercer função laboral normalmente devido às sucessivas idas ao banheiro durante o dia. Sem contar o déficit nutricional devido à baixa absorção de nutrientes, em decorrência da perda de trechos importantes dos intestinos. Vivo de suplementação e infusão intravenosa de ferro, e sem condições financeiras para arcar com muitas delas, o que acaba agravando o meu quadro. Quero pleitear uma vaga de trabalho em que me aceitem com minhas limitações, mas não sei nem como prová-las antes de me verem trabalhando, pois não me encaixo em nenhuma categoria de deficiente hoje, porque minha mutilação não é explícita. No entanto, eu sofro impedimentos de longo prazo de natureza física, em interação com diversas barreiras, que obstruem minha participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais, conforme diz a Lei 13.146/15, tanto que hoje estou com quase 34 anos e somente um ano e meio de contribuição previdenciária, porque em 25 anos que sou portadora de Doença de Crohn, Artrite Reumatóide e Espondilite Anquilosante, eu nunca tive condições físicas de trabalhar como uma pessoa com saúde plena, produtividade e eficiência normais.