Valeria Castanho   |  22/02/2024

Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, ceramista, escritora e educadora, Fayga Ostrower é uma das artistas que mais possuem obras no acervo do Museu do Senado: são, no total, 63, todas de ordem figurativa. 

As obras da artista ficaram conhecidas pela versatilidade, com trabalhos marcados por uma linguagem expressionista e abstracionista, em grande parte, de cunho social, discutindo a fome, a miséria, a guerra, entre outros temas em que foi obrigada a conviver desde a infância. 

Fayga nasceu na Polônia, em 1920, mas, de origem judia, foi obrigada, com sua família, a emigrar para a Bélgica e depois para o Brasil, em 1934, ainda com os 14 anos a completar, para fugir da ditadura nazista. No Rio de Janeiro, formou-se em artes gráficas pela Fundação Getúlio Vargas, casou-se e teve filhos, adotando o país como segunda pátria, embora tenha estudado, trabalhado e exposto seus trabalhos por vários países.

No início da carreira profissional, Fayga dedicou-se com mais frequência a gravuras figurativas, de caráter crítico, para demonstrar sua preocupação com a temática social. Numa segunda fase, a artista passou a se dedicar ao abstracionismo, utilizando-se de gravuras para dar vida a linhas, cores e ritmos, de forma intensa, expressiva e impactante. Artista com muitas facetas, Fayga também se dedicou à aquarela, técnica empregada para demonstrar seu lado lírico, mas sem abandonar o uso da luz e dos ritmos, composições que utilizou também para expressar sua vocação ao paisagismo.

Fayga em seu ateliê, no Rio de Janeiro

Ao longo de sua carreira, Fayga realizou diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, locais que abrigam várias de suas obras e também onde lecionou e recebeu numerosos prêmios. A artista deixou rico acervo de livros de autoria própria sobre a arte e ocupou diversos cargos voltados para as artes plásticas e a cultura, entre eles, os de presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas e da Comissão Brasileira da International Society of Education through Art (INSEA), da Unesco.

A carreira e os cursos de Fayga inspiraram muitos artistas e também o lançamento do livro “Fayga Ostrower”, em 2001, sobre a vida e a obra da artista. Em 2002, foi criado o Instituto Fayga Ostrower, no Rio de Janeiro, com o objetivo de manter e expor, para a sociedade, grande parte da história, da carreira e das obras da artista.

Obras doadas ao Museu do Senado