IFI projeta PIB de 1,7% em 2026 e de 2,2% entre 2027 e 2035
A Instituição Fiscal Independente publicou o último Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF107) de 2025, nesta quinta-feira (18/12), que traz revisão de cenários para as principais variáveis macroeconômicas e fiscais, no curto (2025-2026) e médio (2027 a 2035) prazos. A IFI prevê uma discreta queda no ritmo de crescimento da economia brasileira. Aponta crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2025, 1,7%, em 2026, e uma taxa média de crescimento de 2,2% entre 2027 e 2035.
Segundo a IFI, a inflação deve fechar 2025 em 4,3%. Em 2026, recuaria para 3,9% e convergiria, de maneira suave, para o centro da meta (3,0%), entre 2027 e 2035.
De acordo com o RAF, todos esses elementos do cenário macroeconômico influenciam o cenário fiscal de curto e médio prazos por seus impactos nas receitas e despesas públicas e, portanto, no resultado primário, assim como na trajetória da dívida pública.
Os diretores da Instituição Fiscal Independente, Marcus Pestana e Alexandre Andrade, defendem um ajuste fiscal estrutural e profundo que, segundo eles, deveria mirar dois objetivos centrais: produzir superávits primários para estancar o crescimento da dívida bruta em proporção do PIB e ampliar substancialmente a capacidade de investimento do governo para superar os gargalos de infraestrutura e a imperiosa promoção de inovações tecnológicas, impulsionando o aumento da produtividade da economia como um todo.
“Nada mais distante da realidade atual marcada por déficits primários efetivos recorrentes desde 2014, tendência confirmada em 2025, e pela redução dramática dos investimentos federais, comprimidos pelo crescimento exponencial, automático e permanente das despesas orçamentárias obrigatórias”, avaliam na abertura do relatório.
No RAF de dezembro, a IFI lembra que um novo regramento fiscal foi aprovado no segundo semestre de 2023 e que no ano seguinte, em 2024, as metas foram rebaixadas. Em 2025, vários abatimentos legais aprovados no limite de gastos e na apuração do resultado primário.
“Diante da extrema rigidez do orçamento público brasileiro, do acelerado crescimento das despesas obrigatórias e das dificuldades de produção de superávits primários, estão sendo feitas exclusões de despesas das regras, o que tem contribuído para abalar a credibilidade do arcabouço e alimentar incertezas sobre a sustentabilidade do atual regime fiscal”, afirmam Pestana e Andrade.
A IFI estima que, nos três primeiros anos de vigência da LC nº 200, de 2023, as despesas excluídas da meta fiscal somam mais de R$ 170 bilhões. Soma-se a isso a consolidação legal do entendimento, após arguição do Tribunal de Contas da União, de que é cabível o governo perseguir o limite inferior de tolerância previsto e não o centro da meta, o que, na prática, representa um novo rebaixamento das metas fiscais.
Segundo Marcus Pestana e Alexandre Andrade, a distância crescente entre o resultado primário efetivo e o resultado legal apurado, somada à mudança permanente das regras fiscais, têm levado atores econômicos relevantes a abandonar o acompanhamento dos indicadores de desempenho fiscal fixados pelo arcabouço e fundamentar suas análises e decisões na observação da dinâmica de evolução da relação dívida pública/PIB.
“Os dados presentes no RAF em relação aos pressupostos macroeconômicos revelam, inequivocamente, a insustentabilidade do atual regime fiscal e suas regras e a inevitabilidade de, mais cedo ou mais tarde, o país promover um ajuste fiscal de maior fôlego, garantindo as bases de uma trajetória de desenvolvimento sustentado combinado com equilíbrio fiscal” concluem os diretores da IFI.