IFI DIZ QUE ESTÁ MAIS FÁCIL CUMPRIR A META FISCAL DO QUE EM 2023 E 2024
A Instituição Fiscal Independente (IFI) diz que os indicadores relativos ao primeiro semestre de 2025 analisados no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de julho, divulgado nesta quinta-feira (17/07), mostram uma situação melhor para o cumprimento da meta fiscal do que em 2023 e 2024. Mas ressalta que a combinação da política monetária contracionista com um impulso fiscal menor e um quadro externo instável deve resultar na redução do crescimento econômico.
O RAF 102 traz um balanço do hiato do produto, do resultado primário estrutural e do resultado primário do primeiro semestre de 2025. De acordo com o relatório, o hiato do produto evidencia que a economia continua operando acima de seu nível potencial, ainda pressionando a inflação, mas em níveis menores do que nos períodos anteriores.
O resultado primário estrutural também indica uma redução do impulso fiscal, com queda significativa quando se compara o segundo trimestre de 2025 com os dois trimestres anteriores.
A tendência de alívio no desequilíbrio fiscal é confirmada pela apuração do déficit primário corrente, que registrou queda de 2024 para cá. Os diretores da IFI, Marcus Pestana e Alexandre Andrade, ressaltam que os dados precisam ser analisados com cautela, porque o orçamento da União para 2025 só foi aprovado em março, levando a um natural represamento da execução orçamentária.
Citam o pagamento dos precatórios, que será concentrado neste mês de julho, e a baixa execução de emendas parlamentares e de despesas discricionárias não rígidas. O relatório da IFI também aponta como fator corretivo do desequilíbrio, a queda real de 7,4% dos valores pagos no programa Bolsa Família, no acumulado do primeiro semestre de 2025, em função da redução de 2,1% no número de famílias beneficiárias e da diminuição do valor médio real do benefício.
Na abertura do RAF, Marcus Pestana e Alexandre Andrade lembram que o setor externo assumiu o protagonismo no debate econômico atual, a partir do anúncio da taxação em 50% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. “Não estão claros os efeitos sobre a economia nacional e as medidas que serão tomadas pelo governo brasileiro. Assim como permanecem as incertezas em relação às receitas previstas com o aumento do IOF sobre algumas transações financeiras e da tributação sobre LCAs, LCIs, BETs e Fintechs, objeto de um decreto presidencial (12.499/2025) e de uma medida provisória (1.303/2025). Instrumentos que dependem dos resultados e decisões derivados do diálogo institucional entre governo federal, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal”, destacam os diretores da IFI.
O RAF de julho alerta, mais uma vez, que o principal ajuste estrutural a ser feito no país reside no campo fiscal. Não apenas para assegurar a consolidação do arcabouço fiscal vigente e o cumprimento das metas fixadas para 2025 e 2026. Mas, também, para a médio e longo prazos, evitar o estrangulamento do funcionamento da máquina estatal pela compressão absoluta das despesas discricionárias, estancar o crescimento de dívida pública, recuperar a capacidade de investimento governamental e prover recursos adicionais para setores prioritários subfinanciados.
Acesse aqui a íntegra do RAF de julho:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/714955/RAF102_JUL2025.pdf