Ossos

Exame de densitometria é fundamental para o diagnóstico precoce e início de tratamento
19/10/2023 18h17

A osteoporose é uma das principais causas de mortalidade entre idosos. A partir dos 50 anos, 30% das mulheres e 13% dos homens sofrerão algum tipo de fratura decorrente da fragilidade óssea. Em mulheres acima dos 45 anos, a doença é responsável por mais dias de internação do que qualquer outra, incluindo diabetes, infarto do miocárdio e câncer de mama.

O tecido ósseo é vivo e passa por renovação constante. Células chamadas osteoclastos reabsorvem áreas envelhecidas das estruturas ósseas, enquanto os osteoblastos produzem tecido novo. É o que garante o restabelecimento de um osso após fratura, por exemplo. Mas com a idade, o processo de reabsorção pode superar o de recomposição da massa óssea.

A maior incidência de osteoporose entre mulheres depois da menopausa está ligada à queda do estrogênio no organismo. Esse hormônio é importante regulador do equilíbrio entre os processos de formação e de reabsorção óssea.  Quando ele baixa, já na menopausa, a densidade e a força dos ossos tendem a cair.

A endocrinologista Karen Werberich Goulart, da Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor no Senado (Coasas), alerta que embora a osteoporose seja uma condição frequentemente associada à menopausa feminina, os homens também precisam ficar de olho.

— O risco de osteoporose no homem e na mulher praticamente se igualam a partir dos 70 anos de idade. Hoje já é bem difundido no mundo feminino a necessidade de acompanhamento e prevenção. Mas é fundamental que os homens façam exames a partir dessa idade e tenham informação sobre fatores de predisposição e saibam como prevenir a doença — explica Karen.

Massa óssea

A massa óssea é formada na juventude, até por volta dos 25 anos de idade. A partir daí, passa a ocorrer uma perda lenta e progressiva, que pode ser acelerada por fatores como dieta pobre em cálcio, abuso de álcool, tabagismo, sedentarismo, baixo peso (IMC <18), doenças intestinais de má absorção, doenças inflamatórias, deficiência dos hormônios sexuais e diabetes mellitus.

Tanto quanto evitar fatores que acelerem a perda de densidade dos ossos, é essencial proporcionar um desenvolvimento ósseo adequado durante a juventude para atingir o potencial individual de pico de massa óssea.

Para isso, é importante manter hábitos de vida saudáveis, como dieta equilibrada, regular ingesta de alimentos ricos em cálcio e vitamina D, exposição à luz solar e atividade física, tanto quanto evitar fatores de risco, como o uso frequente de corticoides. Além disso, os hormônios sexuais são de extrema importância para a adequada formação óssea. Por isso, é necessário buscar auxílio médico se há indícios de distúrbios da puberdade ou de disfunções do sistema reprodutor.

O principal risco relacionado à osteoporose é o de fraturas ósseas, que podem acontecer independentemente de o paciente sofrer um trauma físico importante – a chamada fratura por fragilidade. Ela atinge especialmente vértebras, quadril, fêmur, punho e costelas. Como consequência, pode levar a quadros de dor crônica, problemas de coluna e perda de autonomia, o que compromete desde o bem-estar do paciente até sua expectativa de vida.

— A osteoporose não causa dor, mas é importante estar atento a sinais sugestivos, como perda maior de 4 cm na altura ou aparecimento de deformidades de coluna, como a cifose — esclarece a médica.

Densitometria

Para evitar ser surpreendido pelo diagnóstico de osteoporose, é fundamental fazer o exame de densitometria óssea, a principal ferramenta para o acompanhamento e identificação da doença. Ele é recomendado para todos a partir dos 70 anos de idade, mulheres após a menopausa e indivíduos com antecedentes familiares, artrite reumatoide, disfunções na tireoide ou usuários frequentes de corticoides.

Prevenir a doença é também adotar exercícios físicos regulares que treinem o equilíbrio e fortaleçam os ossos e a estrutura muscular, reduzindo o risco de quedas e fraturas. Se forem ao ar livre, podem coincidir com um tempo para tomar sol, o que favorece produção de vitamina D pelo corpo. Essa vitamina é importante para a absorção e fixação do cálcio, mineral essencial para os ossos. Nesse sentido, também é importante ter uma dieta rica em fontes de cálcio e vitamina D – como leite e derivados – além de vegetais de folhas verde-escuras.

Para quem já tem o diagnóstico, o tratamento inclui: suplementação de cálcio e vitamina D; remédios que buscam o reequilíbrio entre formação e reabsorção ósseas; prática regular atividade física contra resistida, como musculação; abandono do cigarro e do uso abusivo de álcool.

Nesses casos, é recomendável fazer ajustes no ambiente com o objetivo de evitar quedas. Por exemplo, não usar tapetes e instalar barras de apoio nas áreas de chuveiro. As fraturas são a principal preocupação quando se trata de pacientes com osteoporose.

—Estudos norte-americanos mostram que, entre pessoas com idade avançada que sofrem fraturas, aproximadamente 5% morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos três  meses subsequentes e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura. Mais de 50% dos que sobrevivem a fraturas de quadril se tornam incapazes de uma vida independente, muitos necessitarão viver em ambientes institucionalizados — finaliza a endocrinologista Karen Goulart .

 

 Por: Juliana Costa