Pesquisa sobre violência contra a mulher é destaque na celebração dos 20 do DataSenado

A edição de 2005 da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher foi o primeiro levantamento realizado pelo DataSenado. Na época, os dados contribuíram para a discussão do projeto da Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006), hoje considerada referência mundial em legislação de proteção à mulher. Desde então, o instituto entrevistou mais de 4,7 milhões de cidadãos por meio de mais de 500 pesquisas sobre temas diversos.
28/11/2025 12h32

Os 20 anos do Instituto DataSenado e da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher foram celebrados em sessão especial nesta quinta-feira (27). Convidados destacaram a qualidade técnica das estatísticas produzidas pelo DataSenado e a relevância do instituto para a formulação de políticas públicas, além de comentarem os desafios revelados pela edição 2025 da pesquisa, divulgada hoje.

A primeira edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada em 2005, marcou o início das atividades do DataSenado. Seus resultados contribuíram diretamente para a discussão da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), hoje referência mundial na proteção às mulheres. Desde então, o DataSenado já entrevistou mais de 4,7 milhões de pessoas em mais de 500 levantamentos sobre temas diversos.

A sessão foi presidida pela senadora Leila Barros (PDT-DF), que leu o discurso da senadora Augusta Brito (PT-CE). No pronunciamento, Augusta ressaltou o papel do DataSenado na aproximação entre o Parlamento e a sociedade, por meio da avaliação de leis e políticas públicas. Ao comentar os dados da pesquisa, destacou a importância das estatísticas para compreender a violência de gênero como expressão de uma “misoginia estrutural”.

Avanços da edição 2025

A nova edição passou a apurar aspectos fundamentais, como:

  • violência testemunhada;

  • agressões digitais;

  • motivos da não denúncia;

  • pedidos de medidas protetivas;

  • continuidade da violência ao longo dos anos.

O coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, apresentou as principais constatações e enfatizou o aperfeiçoamento contínuo da metodologia. Segundo ele, as campanhas de conscientização ampliaram a capacidade das mulheres de reconhecer e nomear as violências sofridas.

Violência presenciada e impacto sobre crianças

Representando o Ministério das Mulheres, a secretária Estela Bezerra destacou um dado alarmante: em 71% dos casos, as agressões ocorrem na presença de outras pessoas — muitas vezes de filhos e filhas. Para ela, isso demonstra que a violência alcança também crianças e adolescentes, reforçando que seu enfrentamento é um desafio de toda a sociedade, e não apenas do Estado.

Série histórica e transparência

Ex-diretora de Transparência do Senado, Elga Lopes ressaltou que a pesquisa constitui a mais longa série histórica sobre violência contra a mulher no Brasil. Ela também elogiou o rigor técnico e a independência do DataSenado.

A coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência, Maria Teresa Firmino Prado Mauro, citou o Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma que integra dados de diversas fontes oficiais com a série histórica da pesquisa. Para ela, os 20 anos de continuidade representam uma política pública consolidada, fruto de comprometimento técnico e visão de Estado.

Modernização e compromisso institucional

Em mensagem gravada, o ex-presidente do Senado José Sarney reconheceu o DataSenado como instrumento essencial de modernização do Parlamento. Já Marcos André Bezerra Mesquita, da Secretaria de Transparência, destacou o orgulho de trabalhar com uma equipe dedicada a transformar a vida das pessoas por meio de dados públicos qualificados.

Representando o Instituto Natura, parceiro no Mapa Nacional, Beatriz Accioly Lins ressaltou a importância da continuidade e da consistência metodológica da pesquisa. Por fim, a professora Ana Maria Nogales (UnB) afirmou que a abrangência nacional das entrevistas do DataSenado é uma função pública essencial que deve ser preservada.

 

Fonte: Agencia Senado.