GÊNERO E VIOLÊNCIA POLÍTICA

Baixar o Pdf

O Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), em conjunto com o Instituto DataSenado, lançou no ano de 2022 a segunda edição da pesquisa Mulheres na Política. Foram entrevistados 2850 candidatas e candidatos às eleições de 2018 e 2020, em todos os cargos. Este boletim propõe uma analise a partir do recorte feito na pesquisa, que enfocou a presença feminina na política e os óbices que as candidatas enfrentam em várias instâncias: família, partido e eleitores. A discriminação de gênero, as formas de violências políticas e em quais esferas as mulheres são mais impactadas dentro do universo eleitoral são aqui apresentadas como forma de demonstrar a violência política a qual as mulheres são submetidas geralmente para influenciar o resultado eleitoral e, portanto, a discriminação de poder político. O estudo busca acrescentar dados para se compreender a baixa representatividade das mulheres nos cargos eletivos de poder, e incitar a investigação de novos caminhos. Algumas questões sobre a vivência em relação à violência, em suas várias formas, se destacam para o estudo aqui proposto.

De forma geral, homens e mulheres relatam níveis semelhantes de violência física e econômica. Há diferenças significativas, contudo, nos níveis de violência moral e simbólica. Enquanto o percentual de homens (36%) é maior que o de mulheres (27%) que afirmam ter sofrido calúnia, difamação ou injúria (violência moral); o quadro se inverte nas ocorrências de desqualificação por gênero (violência simbólica), em que 22% das mulheres afirmam terem passado por essa situação, ao passo que 8% dos homens relataram o mesmo.

A pesquisa mostra que existe uma relação entre o nível do cargo pretendido e a violência e discriminação. Nas esferas mais altas, Estaduais e Federais, mais se observa a ocorrência de violência em relação aos Distritais. Trinta e dois por cento das mulheres (cargos municipais) afirmam ter sofrido discriminação em razão do seu gênero. Já no caso dos cargos estaduais e federais, 44% das mulheres afirmam ter passado por tal situação. A situação se inverte em relação aos homens: 10% entre os homens candidatos a cargos municipais declararam violência política de gênero, 7% dos cargos estaduais/federais.

O gráfico acima mostra a relação entre candidatos da esfera municipal em relação à esferaestadual e federal. Percebe-se que nos cargos mais elevados (Federais e Estaduais) a discriminação por gênero é bem maior para mulheres e menor para homens, em comparação com candidatas (os) da esfera municipal.