Arthur Piza: mestre modernista das gravuras construtivistas
A série de matérias sobre os artistas modernistas com obras no Senado, em comemoração ao centenário da Semana de Modernismo de 1922, homenageia, nessa edição, o paulista Arthur Luiz Piza. Pintor, desenhista, gravador, escultor e ilustrador de livros, Arthur Piza ficou conhecido como o mestre das gravuras construtivistas em relevo.
O Museu do Senado conta com duas de suas obras do autor, ambas em calcogravura, que utiliza matriz em metal, sobre papel. A primeira delas, Fruto, vislumbra uma semente. A segunda, Abstrato, deixa margem ao imaginativo coletivo, descreve o coordenador do Museu, Alan Silva. Para ele, as telas exploram a capacidade construtivista que marcou a carreira do artista e enriquecem o acervo da Casa.
Fruto Autor: Arthur Piza Ano: 1998/1999 Técnica: Calcografia. Talho-doce Dimensão: 90cm x 64cm
— As duas gravuras sobre estampas utilizam-se da geometrização, técnica bem característica de Piza, mas sem o abuso de cores ou de informações, imprimindo uma certa suavidade a elas, uma das marcas registradas dele. São peças que despertam o imaginário — complementa Alan.
Abstrato Autor: Arthur Piza Técnica: Calcografia. Talho-doce Dimensões: 61cm x 90cm
Carreira
Nascido em 1928, Arthur Piza iniciou sua trajetória artística aos 15 anos, em 1943, estudando pintura e afresco. Em 1951, após participar da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, decidiu mudar para a França, onde se naturalizou, sem nunca deixar de ser figura marcante nas exposições brasileiras. Nas bienais internacionais de São Paulo, recebeu o prêmio “Aquisição”, em 1953, e o Grande Prêmio Nacional de Gravura, em 1959.
Ao chegar em Paris, Piza resolveu se aprimorar em gravura em metal e escolheu, para isso, o Ateliê do renomado Johnny Friedlaender, que influenciou muitos artistas com suas técnicas pioneiras na área de gravuras. A partir de então, Piza começou sua grande fase criativa, experimentando a gravura em diferentes plataformas, como relevos sobre metal e sisal além de fragmentos de colagens e aquarelas. Os materiais empregados também eram bem variados: madeira, papel, tela, vasos, pratos e porcelanatos, metais como cobre e ouro, entre outros.
Para o chefe do Serviço de Exposições, Curadoria e Comunicação (SEECC), Ricardo Movits, o estilo próprio construtivista de figuras geométricas em relevo, característica marcante na obra de Piza, é não só peculiar, mas também carregado de significado e poesia.
— Não é à toa que Arthur Piza era conhecido como o mestre do construtivismo. Ele se utiliza, com maestria, de um jogo de luzes para dar a ideia de espaço e dimensão às peças, que parecem saltar da tela e ganhar vida própria. Era um artista muito intuitivo e talentoso, que deixou um grande legado ao modernismo — enaltece.
Exposições
Ao longo da sua carreira, Piza realizou muitas exposições individuais e participou de muitas outras coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior. O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e o George Pompidou de Paris, por exemplo, já expuseram suas obras.
Entre as diversas obras reconhecidas internacionalmente, está um mural tridimensional que ele criou, no final da década de 1980, para o Centro Cultural da França, na Síria. Em 2002, no Brasil, o artista realizou uma de suas mais conhecidas exposições de produção em relevos, com uma retrospectiva da trajetória da sua carreira, apresentada na Pinacoteca, em São Paulo, e no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, em Porto Alegre.