Colinet: a escultora das bailarinas em movimentos
Claire Jeanne Roberte Colinet (1880/1950) foi uma escultora impressionista e moderna belga reconhecida internacionalmente pelas peças pequenas, lindamente esculpidas em bronze e marfim, e, em geral, musculosas, dramáticas e em movimento, seja executando passos de danças ou em alguma posição ou situação bíblica ou histórica. Como mulher, destacou-se ainda porque o campo da escultura, à época em que atuou, era dominado basicamente por homens.
Colinet, como era mais conhecida, esculpia geralmente figuras femininas como bailarinas, dançarinas exóticas, odaliscas, malabaristas e artistas de circo e cabaré, embora também tenha esculpido outros personagens. No acervo do Museu do Senado, por exemplo, há uma estátua em bronze de um homem sentado, com a cabeça deitada sobre o joelho, intitulada “The sleep of Nascissus” (o sono de Narciso). A obra, adquirida em 1971, foi inspirada em uma das mais famosas esculturas do escultor francês Auguste Rodin, intitulada “O Pensador”. Ambas as peças retratam um homem em posição de meditação.
Nas esculturas, Colinet seguia, principalmente, o chamado movimento Art Déco, um estilo artístico decorativo de luxo que se popularizou entre a burguesia europeia, a partir dos anos 1920, e rapidamente se alastrou para outros continentes. Era um estilo que primava pelo design abstrato e pelo uso mais acentuado de figuras femininas e de animais, mas também foi muito utilizado na arquitetura.
Segundo a coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Silva Monteiro, a escultura “O sono de Narciso” é uma obra importante da artista. “Uma versão dessa obra, mas em gesso; ou seja, com material menos valioso que a nossa, que é de bronze, foi vendida em 2014, na Sotheby’s, uma renomada casa de leilões de Londres, por 7.500 euros”, afirma Cristina.
O chefe do Serviço de Exposições, Curadoria e Comunicação do Museu (SEECC), Ricardo Movits, destaca que as esculturas humanas de Colinet, algumas encrustadas de pedras preciosas, destacavam-se pelo forte apelo dramático. “As poses de seus personagens, geralmente em execução de movimentos complicados de danças e malabarismos, chamavam a atenção do público, em especial porque simulavam momentos que pareciam ser o ápice de determinada performance”, explica Movits.
Embora tenha se tornado conhecida como uma escultora francesa, por se tratar de uma figura sempre presente nas exposições de arte do Salon de Artistes Français e do Salon des Independents em Paris, Colinet nasceu em Bruxelas, na Bélgica. Ela emigrou para a França por volta de 1910, passando a residir permanentemente em Paris, cidade onde se aprimorou em escultura, técnica que já estudava na Bélgica.
Em 1913, Colinet realizou a primeira exposição no Salon des Artistes Français, instituição da qual se tornou membro permanente a partir de 1929, ano em que obteve a cidadania francesa. De 1937 a 1940, a artista expôs no Salon des Indépendants e, no mesmo período, ingressou no Sindicato das Pintoras e Escultoras. Em homenagem Póstuma, o Salon de Peinture et de Sculpture de Paris expôs as obras de Colinet por quase 30 anos.