Rossini Perez: um dos mais respeitados gravadores em metal e fotógrafos arquivistas do Brasil

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13/03/2023 08h19

A matéria de hoje é uma homenagem ao pintor, desenhista, fotógrafo, gravador e professor Rossini Perez (1931-2020), artista plástico modernista que se destacou mundialmente pela gravura em metal e a fotografia, em especial pela dedicação à documentação arquivística da paisagem do Rio de Janeiro.

O acervo do Museu do Senado possui dez gravuras abstratas de Perez, todas sobre papel, algumas em calcogravura (matriz de placa de metal) e outras em serigrafia (matriz feita em uma tela, como um processo fotográfico, utilizando uma emulsão sensível à luz). Algumas dessas gravuras estão em gabinetes de senadores, como a intitulada “Nó”, que enfeita uma das paredes do gabinete do senador Izalci Lucas. Já a gravura denominada “X” pode ser apreciada na sala do Bloco Moderador, enquanto outras estão na reserva do Museu.

Rossini Quintas Perez nasceu em 1931, em Macaíba, no Rio Grande do Norte, mas com apenas nove anos de idade, em 1940, mudou-se, com a família, para o Rio de Janeiro, cidade onde viveu a maior parte de sua vida. Os primeiros contatos do artista com a pintura se deram ainda na infância, mas, a partir de 1951, começou a fazer cursos de pintura em diversos lugares, como a Associação Brasileira de Desenho, a Escolinha de Arte do Brasil e também ateliês de diferentes artistas, com o objetivo de aprender e aprimorar técnicas diversificadas.

A partir de 1952, Rossini começou a participar de exposições coletivas, e, a partir de 1955, a realizar suas próprias exposições individuais, com a primeira na Galeria Ibeu Copacabana (RJ).  Ao longo da carreira, somam-se mais de 20 exposições individuais e cerca de 100 coletivas em várias cidades brasileiras e de outros países, muitas delas com premiações diversas. Na década de 1950, as obras de Rossini tinham como tema, em geral, figuras de barcos, morros e favelas cariocas. Com o passar dos anos, no entanto, ele foi se afastando da figuração e iniciando a produção de gravuras abstratas voltadas para a experimentação gráfica, técnica que se tornou uma de suas marcas registradas. 

Grande parte da obra do artista, com cerca de 7,5 mil imagens, foi doada ao acervo do Instituto Moreira Salles. Mas vários outros museus nacionais e internacionais possuem telas de Rossini, a exemplo da Pinacoteca de São Paulo; do Museu Nacional de Belas Artes (RJ); dos museus do Supremo Tribunal Federal e do Itamaraty (ambos em Brasília); do Museu Nacional de Soares dos Reis (Portugal) e do Museu de Rijksakademie - Amsterdã (Holanda); entre outros.

A carreira artística de Rossini Perez foi construída não só no Brasil, mas também em alguns outros países da Europa. Em 1959, por exemplo, ele foi contratado como assistente e, depois, professor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1961. No ano seguinte, viajou como bolsista para Amsterdã, para aperfeiçoar-se em litografia (técnica de gravura que utiliza a pedra como matriz). Naquele mesmo ano, Rossini se mudou para Paris, onde permaneceu até 1972. Nos dois anos seguintes, o artista passou um período de viagens para realizar exposições e montar oficinas de gravuras em alguns países, como Portugal e México. Entre 1974 e 1975, ajudou a implantar, no Senegal, uma oficina de gravura em metal, na Escola Nacional de Belas Artes de Dacar, instituição onde deu aulas nos anos de 1977 e 1978. Naquele mesmo ano, retornou ao Brasil e foi contratado como professor do Centro de Criatividade da Fundação Cultural do Distrito Federal (Brasília), e, entre 1983 a 1986, do Ateliê de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro (MAM).

A coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Silva Monteiro, lembra que embora Rossini tenha se tornado célebre pela gravura em metal, ele era conhecido por muitas outras habilidades. “O conjunto da obra de Rossini perpassa várias técnicas e experimentações além da gravura, como pintura, colagem, fotografia, desenho, arte têxtil e até a criação de objetos únicos, de uso pessoal. Cada uma dessas fases da vida dele foi marcada por histórias e desafios. Na fotografia, por exemplo, a prática arquivística marcou expressivamente a obra de Rossini, que era conhecido como um arquivista rigoroso e detalhista”, explica Cristina.

Já o chefe do Serviço de Exposições, Curadoria e Comunicação do Museu (SEECC), Ricardo Movits, destaca que a paixão de Rossini pelas artes visuais começou ainda criança, quando ele se mudou para o Rio de Janeiro. “O artista contou, em depoimento, que ao chegar ao Rio de Janeiro, na época Capital da República, ficou impactado pela modernidade da cidade, com escadas rolantes, anúncios em neon, elevadores, coisas que ainda não existiam em sua terra natal. Foi aí que, incentivado pela família, começou a frequentar museus e mostras que o incentivaram a iniciar os primeiros cursos de pintura”, explica Movits.