Obras de Arte do Senado destruídas em protestos começam a ser restauradas

A primeira das obras já voltou a ser exposta
06/02/2023 13h41

A equipe de restauradores do Museu do Senado está trabalhando arduamente para consertar as 14 obras de arte danificadas durante a invasão ao Senado, no dia 8 de janeiro deste ano. A primeira delas já foi restaurada e recolocada no devido lugar. Trata-se do quadro Trigal na Serra, de Guido Mondin, de 1967, que fica exposto na Sala de Recepção da Presidência da casa. A obra foi devolvida, no dia 2 de fevereiro, ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que enalteceu mais um sinal de resiliência da democracia brasileira.

— Essa tela representa, primeiro, nossa capacidade de recuperação. É um gesto simbólico de que esta obra que foi vilipendiada, danificada, vandalizada, mas está recuperada, como recuperados estarão os outros espaços do Senado em sua plenitude muito brevemente. É também um símbolo de que a democracia está de pé e de que nós somos capazes de reestabelecer a democracia, apesar de, em algum momento, terem tentado tomá-la de assalto — disse.

O chefe do laboratório de restauração do Museu do Senado, Ismail de Souza Carvalho Neto , explicou a situação em que o quadro foi encontrado.

— A tela estava fora da moldura, entre estilhaços de vidro, e havia muitos deles em toda a pintura. O quadro também, infelizmente, estava bastante molhado, encharcado, e por isso empenou.  Não é uma pintura em tela, e sim sobre madeira eucatex, que é muito porosa e suga muita água. Apesar de todos os cuidados, o quadro desenvolveu fungos, que tiveram que ser removidos — explicou.

A recuperação foi feita pelo conservador Nonato Nascimento. O trabalho de recuperação da peça, de 92 por 112 centímetros, começou logo após os ataques, ainda na Presidência da Casa. O trabalho incluiu a remoção dos fragmentos de vidro, a remoção dos esporos de fungos e a colocação da tela entre papéis mata-borrão e, depois, em uma prensa para que o empenamento fosse corrigido. Nos locais onde houve perda de cores, o restaurador fez a reintegração cromática.

Nascido em Porto Alegre (RS), em 1912, Guido Mondin foi pintor, economista, empresário, professor e político — inclusive como senador, por dois mandatos (1959 a 1975). O quadro foi uma das obras doadas por ele ao Senado. Além de Trigal na Serra, compõem o acervo da Casa outras nove obras. Mondim morreu em 2000, aos 88 anos.

Com texto publicado, originalmente, pela equipe da intranet do Senado