Nosso museu tem as cores e a leveza de Renina Katz

O Museu do Senado possui cinco gravuras de Renina, com técnicas, cores e tons variados
30/11/2022 15h35

A carioca Renina Katz, de 96 anos, é uma pintora, desenhista, gravurista, ilustradora, professora e acadêmica que faz parte da primeira geração de grandes gravadores brasileiros, ao lado de nomes como Edith Behring e Fayga Ostrower, ambas já retratadas nesta série.

Entre as cinco obras da artista que fazem parte do acervo do Senado, a intitulada "Melhor isto ou aquilo?", de 2010, está na reserva técnica do Museu, com outras três obras dela. A quinta gravura, intitulada "Abstrato", de 1971, está exposta no gabinete do senador Luiz Carlos do Carmo (PSC-GO).

Nascida em dezembro de 1925, Renina Katz iniciou a carreira como pintora em 1940, dedicando-se, inicialmente, à pintura de retratos e paisagens do Rio de Janeiro, com o uso de elementos do expressionismo.

A partir de 1946, começou a se dedicar à xilogravura, técnica em que realizou a maior parte da sua produção artística. Em 1947, começou a estudar pintura na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Anos depois, formou-se em desenho pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.

Entre 1948 a 1956, a artista se utilizou de temas ligados ao realismo social para retratar personagens marginalizados, num tom de denúncia. Aos poucos, a partir de 1960, a obra dela foi perdendo o caráter social. Ela passou então para a serigrafia, adotando um estilo de pintura e desenho, em geral, não-figurativo como forma de explorar o uso de cores e tons.

A fase acadêmica de Renina começou em 1951, quando ela se mudou para São Paulo e começou a ministrar cursos de gravura e desenho no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e, posteriormente, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Em 1965, a artista se tornou docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, instituição onde cursou mestrado e doutorado e permaneceu por 28 anos. Em 1970, a artista começou a focar na litogravura, especializando-se na produção de gravuras em superfícies translúcidas. A partir do ano 2000, devido a problemas de saúde, Renina abandonou o trabalho intensivo com gravuras e passou a se dedicar às aquarelas.

Alan Silva, coordenador do Museu do Senado, explica que as cinco gravuras abstratas de Renina Katz do acervo do Museu do Senado são da fase não-figurativa. Três delas, de 1971, são compostas por desenhos em que a artista explora a utilização de cores e tons diversos. Nas duas últimas, uma de 1994 e outra de 2010, a artista utiliza a técnica que desenvolveu de sobreposição de cores em superfícies translúcidas.

— Basta um olhar para perceber a grande transformação pela qual passou o trabalho da Renina. As três estampas mais antigas são composições geométricas, em formatos, tamanhos e dimensões bem definidas em plano e espaço. Já as duas últimas, da fase translúcida, denotam uma leveza singular, um certo tom poético e bucólico — revela.