Edith Jiménez: a paraguaia que encantou os brasileiros

28/04/2023 08h41

Edith Jiménez (1918-2004) foi uma importante pintora, gravadora e professora paraguaia, que veio ao Brasil em 1956, para estudar com pintores nacionais, e, a partir de então, passou a fazer parte da história da arte brasileira.

O Museu do Senado abriga 20 gravuras em xilogravura[1] sobre papel, da artista, que ficou conhecida como uma das mais importantes artistas paraguaias do século XX. Várias dessas obras se encontram na residência oficial da Presidência do Senado e no Gabinete da Presidência do Senado. Da série “Puzzle”, por exemplo, cinco xilografias sobre papel, adquiridas entre 1971 e 1972, estão expostas no Gabinete da Presidência. Um outra, intitulada “Puzzle V”, está na Residência Oficial da Presidência. Há ainda quadros em gabinetes de senadores, setores administrativos e na reserva técnica do Museu.

Nascida em Assunção, capital do Paraguai, em 1918, Jiménez começou a estudar pintura aos 25 anos, em 1943. A primeira exposição individual foi em 1952, na Galeria Agustín Barrios, no Centro Cultural Paraguayo-Americano. A partir de então, ela passou a ser representante oficial do Paraguai em importantes eventos internacionais ligados à pintura, muitos deles no Brasil, como as Bienais de São Paulo, em 1953, 1963 e 1975. No mesmo ano, participou, em Assunção, de exposição organizada pelo famoso grupo “Arte Nuevo - revolucionário da arte paraguaia”.

Em 1958, Jiménez recebeu uma bolsa do governo brasileiro para estudar gravura no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Ateliê Gravura, na mesma cidade, por um ano. Mas, o trabalho da artista foi tão bem reconhecido que a bolsa foi prorrogada por mais dois anos. Embora tenha realizado exposições em vários países, o Brasil foi o país internacional em que mais a artista expôs e que mais a premiou, fora do Paraguai. Entre os prêmios recebidos no Brasil, destacam-se o Prêmio Internacional da XIII Bienal de São Paulo, em 1957, e o prêmio Ordem do Rio Branco, concedido pelo Governo brasileiro.

A chefe do Serviço de Gestão de Acervo Museológico do Museu do Senado, Lisiane Matte Bastos, destaca que a carreira de gravadora de Edith Jiménez foi iniciada no Brasil, com a Bolsa de Estudos que recebeu do governo brasileiro. “Em 1956, a artista veio ao Brasil para se aprimorar em pintura. Mas foi com a bolsa de estudos, em 1958, que ela iniciou os estudos em gravação, outra especialidade que a tornou reconhecida mundialmente”, explica Lisiane.

A coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Silva Monteiro, explica que o reconhecimento brasileiro pelo trabalho de Jiménez foi tão grande que, em 1960, finalizada a bolsa de estudos, a artista foi convidada a ser professora de gravura no Centro de Estudos Brasileiros, em Assunção. “Jiménez tinha um carinho especial por esse cargo, no qual permaneceu por mais de 40 anos, até 2004, ano de sua morte”, explica a coordenadora do Museu do Senado.

Há muitas obras da artista espalhadas por museus e coleções particulares em diversos países, como, por exemplo, o Museu de Arte Moderna de Nova York; a Biblioteca Nacional de Paris; o Centro de Estudos Brasileiros; o Museu de Arte Moderna de Nova York; o Museu de la Estampa de Buenos Aires e o Smith College Museum, dos Estados Unidos.

 

[1] Xilogravura é uma técnica de gravura em uma matriz em madeira, na qual as incisões são feitas com goivas (pequenas facas em diferentes formatos), criando um relevo sobre a madeira. A imagem impressa fica na parte que não é retirada da madeira, com em um carimbo.