Avaliação do Programa Ciência sem Fronteiras

Pesquisa do DataSenado, com bolsistas e ex-bolsistas, avalia o programa em relação a qualidade de ensino das instituições estrangeiras, a possibilidade de transferência de conhecimento adquirido, o processo seletivo e mecanismos de acompanhamento e controle do programa.
20/10/2015 14h15

A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal (CCT) solicitou ao DataSenado aplicação de pesquisa de opinião com os beneficiários do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), criado em 2011 para impulsionar a competitividade brasileira por meio da promoção de intercâmbio acadêmico com bolsas de estudo em instituições de excelência no exterior para alunos e pesquisadores.

O intercâmbio acadêmico vem sendo estimulado em grande escala por vários países. No biênio 2010/2011, por exemplo, 8.700 estudantes brasileiros foram para os EUA, contra 158 mil chineses, 104 mil indianos e 73 mil coreanos, segundo dados do Instituto Internacional de Educação (IIE). Com a criação do Programa, a expectativa era chegar a cerca de 100 mil estudantes brasileiros no exterior.

Assim, para avaliar o Programa Ciência sem Fronteiras sob a ótica de seus beneficiários em relação a aspectos como a qualidade de ensino das instituições estrangeiras, a possibilidade de transferência de conhecimento adquirido, o processo seletivo e mecanismos de acompanhamento e controle do programa, o DataSenado realizou, de 1º a 28 de setembro, pesquisa por e-mail com bolsistas e ex-bolsistas cadastrados na base de dados da Capes e do CNPq.

Perfil dos participantes

Ao todo, 14.627 estudantes responderam à pesquisa, sendo 9.563 beneficiados pela Capes e 5.064 pelo CNPq. 26% dos participantes eram bolsistas e 74%, ex-bolsistas. A maior parte, 52%, fizeram ou estão fazendo intercâmbio na Europa, 39% na América, 7% na Oceania, 2% na Ásia e 1% na África. A maioria, 64%, tem até 25 anos, 17% têm de 26 a 30 anos e 12%, 31 anos ou mais. Do total de respondentes, 3% não possuem renda familiar. Outros 11% são de famílias com renda de até 2 salários mínimos, um quarto estão na faixa de 2 a 5 salários; 24% possuem renda de 5 a 10 e, 22%, superior a 10 salários mínimos.

Ciência sem Fronteiras é bem avaliado pelos bolsistas e ex-bolsistas

Dos entrevistados, 92% declararam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o Programa. E ainda, para 85% deles, a experiência de estudar no exterior foi ótima. Outros 12% avaliaram a experiência como boa.

Aprofundar conhecimentos na sua área de formação foi a principal motivação para a maioria tanto de atuais bolsistas (66%) quanto de ex-bolsistas (60%) do CsF.

Cursos no exterior são aprovados por brasileiros

Para 84%, a qualidade do curso nas instituições estrangeiras de ensino é boa ou ótima. Além de avaliarem positivamente as universidades, 58% dos participantes afirmam que, após o período de intercâmbio acadêmico, ganharam fluência na língua do país onde estudaram. Outros 27% dizem já ter partido do Brasil com domínio da língua necessária para o intercâmbio.

Ex-bolsistas mantém contatos acadêmicos no exterior

Quando perguntados se ainda mantêm contatos acadêmicos no exterior, 67% dos ex-bolsistas afirmam que sim.

Os participantes de engenharias ou áreas tecnológicas foram os que menos afirmaram ainda manter tais contatos: 61%, contra 70% daqueles na área de ciências exatas e da Terra e 75% em biologia, ciências biomédicas ou da saúde.

Maioria teve oportunidade de transferir conhecimento após intercâmbio

Quando perguntados sobre a transferência, ou não, de conhecimentos adquiridos ao retornar ao Brasil, 68% afirmaram ter tido a oportunidade de repassar os conhecimentos adquiridos a colegas e professores. Os ex-bolsistas de biologia, ciências biomédicas ou da saúde foram os que mais tiveram essa chance, 73%, contra 64% da área de engenharias e tecnologias.

Também importante foi o estímulo dos bolsistas para estudar mais: 59% dos que ainda estão no exterior e 53% dos que já finalizaram do intercâmbio dedicam-se mais ao estudo após a experiência com o Programa. No entanto, 24% dos beneficiados manifestaram o desejo de seguir carreira no exterior. Outros 53% afirmaram que preferem seguir carreira profissional no Brasil.

Acompanhamento e avaliação do intercâmbio

Apenas 31% dos atuais bolsistas já enviaram algum relatório à Capes ou ao CNPq. Já entre os que terminaram o estágio no exterior, 66% afirmam ter enviado relatórios durante o Programa.

Ainda entre os que já terminaram o Programa, 76% afirmaram não ter recebido retorno da Capes ou do CNPq sobre a avaliação da sua experiência no exterior. Apenas 11% receberam tal retorno.

Apreciação da conclusão do curso

Apesar da exigência de entrega final de relatório técnico-científico após conclusão, apenas 33% dos ex-bolsistas indicaram ter recebido orientação adequada para cumprir tal exigência. A maioria afirma não ter sido orientada adequadamente (55%) e outros 12% não souberam ou preferiram não responder à pergunta.

Tal relatório foi encaminhado à Capes ou CNPq por 64% dos participantes ex-bolsistas, dos quais 25% declararam ter recebido algum retorno dessas instituições.