Sessão Solene saúda 80 anos da UNE e destaca presidência feminina

11/08/2017 16h10

movimento uneO papel das mulheres na direção da União Nacional dos Estudantes foi destacado na Sessão Solene do Congresso Nacional em homenagem aos 80 anos da entidade, fundada no dia 11 de agosto de 1937. A sessão foi realizada por requerimento da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que é Procuradora Especial da Mulher do Senado.

Coube à senadora Vanessa discursar sobre o histórico de lutas nacionais da entidade – que conta mártires como Honestino Guimarães, assassinado durante a ditadura – e destacar a importância do movimento estudantil na formação política brasileira.

O senador Eunício de Oliveira, presidente do Congresso e do Senado Federal, relembrou seu passado na direção da Casa do Estudante, no Ceará, atestando a presença da luta estudantil na biografia de grande número de parlamentares e lideranças políticas.

A senadora Vanessa disse que o Parlamento olha com inveja a participação política feminina na entidade estudantil, cuja presidência foi ocupada sucessivamente por mulheres, nos últimos três mandatos.

Sete mulheres já presidiram a entidade: Clara Araújo (1982-1983), Gisela Mendonça (1986-1987), Patrícia de Angelis (1991-1992), Lúcia Stumpf (2007-2009), Virgínia Barros (2013-2015), Carina Vitral (2015-2017), e a atual presidenta, Marianna Dias.

Carina VitralHistória

O senador José Serra disse que foi na sua gestão que, pela primeira vez, uma mulher ocupou uma direção, no 26º ano de existência da entidade. Como presidente da UNE, Serra foi um dos oradores no Comício da Central do Brasil, tido como estopim no golpe de 1964, e sua gestão sucedia à do ex-deputado constituinte Aldo Arantes, que criou o famoso Centro Popular de Cultura (CPC).

Também ex-presidentes da UNE o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) fizeram referência em seus discursos à participação feminina na entidade.

Famoso por sua atuação à época do impeachment do presidente Collor, o senador Lindbergh lembrou às dirigentes da UNE que “aqui no Senado, quem lidera a oposição também é um conjunto de mulheres bravas, Vanessa Grazziotin, Gleisi Hoffmann, Fátima Bezerra, Regina Sousa e Lídice da Mata” e disse que “só com o povo nas ruas a gente vai conseguir derrotar essa onda de retrocesso que vem aí”.

O deputado Orlando Silva disse ser uma felicidade ter tantas mulheres atualmente no comando da UNE. “Certa feita, fui debater com a Carina Vitral – mas agora só mulher é Presidente da UNE? Ela falou: é; tem 80 anos, são mais de 50 Presidentes homens, até empatar o número de Presidentes homens vai haver muita mulher para presidir a entidade”.

 

une jessyDiversidade

Vice-presidente da gestão atual, Jessy Dayane Silva Santos dissea universidade tem que ter mulher, tem que ter negro, tem que ter LGBT, tem que ter muito pobre dentro dela, para que a gente possa construir uma universidade com a cara dos trabalhadores do povo brasileiro”.

Sergipana, Jessy se orgulha de ter entrado na universidade pelas cotas sociais e raciais. “Ao contrário da história da minha família, da minha mãe, que é empregada doméstica e analfabeta, graças à luta da União Nacional dos Estudantes, pude ser a primeira jovem da minha família a entrar na universidade pública”.

Marianna Dias, presidente da UNE, disse que “é também inspirada na história que a UNE tem, que a gente se coloca hoje sendo uma entidade com capacidade de dar resposta a tudo que o Brasil tem vivido, pois pesa sobre os ombros dessa geração de jovens a responsabilidade de reconstruir a democracia neste Brasil”.

“Não queremos um presidente que, sobretudo, não representa o projeto político aprovado nas urnas na última eleição”, disse a presidenta da UNE. “Queremos eleições, nós queremos um projeto de Brasil que respeite os sonhos da juventude do povo brasileiro”, reivindicou.

Participaram da audiência, a ex-presidenta da UNE, Carina Vitral, os ex-presidentes Aldo Arantes e Ricardo Capelli; Lorena Martínez, embaixadora da República da Nicarágua; Sinknesh Ejigu, embaixadora da República Democrática Federal da Etiópia; os senadores Roberto Rocha (PSB-MA), Paulo Rocha (PT-PA), Fátima Bezerra (PT-RN) as deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Jô Moraes (PCdoB-MG), Alice Portugal (PCdoB-BA), Luciana Santos (PCdoB-PE), Luzia Ferreira (PPS-MG); os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ), Danilo Cabral (PSB-PE), Carlos Zarattini (PT-SP); Emmanuel Tourinho, reitor da Universidade Federal do Pará e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Associações do Ensino Superior; a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas; a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a Federação do Sindicato de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Proifes), entre outras pessoas e entidades.

Fotos: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Procuradoria da Mulher do Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Procuradoria da Mulher do Senado)