Senado promove fórum sobre a mulher negra na administração pública

Início: 26.07.2023 / 10:00


O Senado promoveu o fórum virtual A Mulher Negra na Administração Pública para discutir desafios, necessidades e protagonismos. O evento foi realizado nessa terça-feira (25), uma data simbólica devido ao Dia Nacional de Tereza de Benguela (líder quilombola do século XVIII) e da Mulher Negra e ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

— O fórum faz parte do nosso segundo ano de comemoração do Dia da Mulher Negra, mas é a primeira vez que fazemos algo do tipo. Ainda mais em parceria com outras servidoras de outros órgãos — explica Stella Vaz, palestrante e coordenadora da Coprig.

Também palestraram Cristiane Lourenço, pesquisadora e assistente social do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania; Jessyca Pozzi, assistente social do Superior Tribunal de Justiça; Jaqueline Gomes, professora pesquisadora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); Adriana Pinheiro, juíza do Trabalho Substituta do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região; e Laís Barros, servidora do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pesquisadora da Universidade de Brasília.

Reflexões trazidas

Começando pela formação social e histórica do Brasil, Cristiane Lourenço afirmou que nossa nação foi forjada na hierarquização social e que o racismo estrutural teve origem em um racismo jurídico e científico. Ela ressaltou a importância do evento, mas disse que é preciso mais e lembrou a história do assassinato de Marielle Franco, ainda em investigação.

Marielle também foi lembrada por Jaqueline Franco, que falou dos silenciamentos e gritos de mulheres negras LGTQIAPN+ na administração pública. Ela exemplificou que chegou a ser desclassificada de uma seleção docente em que tinha um livro de sua autoria nas referências bibliográficas para a prova.

A ideia de estranhamento e não pertencimento das mulheres negras às funções gerenciais foi fundamentada por Jessyca Pozzi com dados sobre a presença delas em cargos gerenciais e no serviço público. Segundo ela, apenas 4% de mulheres negras estão nessas posições contra 20% de mulheres brancas e 57% de homens brancos.

A juíza Adriana Pinheiro afirmou que a partir das escolhas feitas de interpretação e aplicação das leis, é possível igualar as mulheres, gênero historicamente inferiorizado, para um julgamento mais justo. Ela destacou protocolos de julgamento sob a perspectiva de gênero desenvolvidos no judiciário brasileiro e a Convenção nº 190 da OIT, de 2021, que estabeleceu regras globais para construir política pública para cessar violências com o gênero feminino, em vias de aplicação no Brasil.

Laís Barros tratou da formação de lideranças femininas negras na administração pública e afirmou que os pilares para seu desenvolvimento vão além da competência técnica: necessitam focar no psicológico. Por fim, Stella Vaz concluiu o evento falando da importância dos comitês de equidade no serviço público e apresentou as ações do Senado sobre o tema, como ações específicas dentro de rodas de conversas, rodas de leitura e cine debate, as efemérides trabalhadas, exposições realizadas, o observatório de equidade e a Rede Equidade.

*Com informações da Comunicação Interna do Senado Federal