Senadoras recebem denúncias sobre assédio sexual na Saúde Indígena

04/07/2017 16h50

indígenasCerca de dez mulheres indígenas da Região Sul denunciaram, em reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta 3ª feira, dia 4 de julho, a prática de assédio sexual e moral a profissionais de saúde indígenas.

Acompanhadas dos maridos e filhos/as, as indígenas dos povos Kaingang, Xokleng e Guarani denunciam que um mês após o protocolo de denúncias formais, com a presença do Ministério Público Federal e da Fundação Nacional do Índio, perante as autoridades da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), nada foi feito.

A delegação indígena acusa Gaspar Luis Paschoal, coordenador de Saúde da Região Interior Sul, de acobertar denúncias feitas há mais de um mês, além de também praticar assédio.

Segundo a advogada Angela Kaingang, ontem, dia 03/07, o grupo se reuniu em Brasília com o secretário Especial de Saúde Indígena, para pedir providências e a demissão imediata do coordenador da Região Interior Sul.

“Quando ele nos disse que não podia fazer isso, pois precisaria de ‘mais elementos’, a gente lhe disse: ‘Se o senhor não pode, a gente pode’, narrou Angela. “Vamos ocupar escritórios, fechar BRs, para impedir a atuação desses assediadores”, disse.

indígenas 2Mobilização

Em apoio à luta das agentes de saúde indígena, indígenas fecharam a BR 386, que liga o município de Canoas (RS) à Iraí, divisa com Santa Catarina, e ocuparam sedes do Distrito Especial Sanitário Indígena do Interior Sul em Florianópolis, Porto Alegre e Passo Fundo.

“O assédio a profissionais de saúde indígena acontece nas cinco regiões do país, mas no Sul as nossas meninas tiveram coragem de denunciar e as nossas lideranças vieram a Brasília para cobrar as providências que não foram tomadas”, disse a advogada Fernanda, do povo Kaingang.

“Nossas profissionais de saúde indígena jamais cederão o corpo por um emprego”, disse o Cacique Odirlei Fidélis Kaingang.

“Tudo isso que vocês estão levantando receberá todo apoio político necessário”, disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), “mas também é um caso de Justiça e a gente não perde de vista a perspectiva de que a Justiça seja feita em nosso país”.

Procuradora Especial da Mulher do Senado, Vanessa recebeu as denúncias ao lado da senadora Regina Sousa (PT-PI), presidenta da CDH, do senador Paulo Paim (PT-RS), e das senadoras Fátima Bezerra (PT-RN) e Gleisi Hoffman (PT-PR).

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