Roda de leitura na próxima quinta debate a primeira romancista do país

13/04/2018 13h19

12/04/2018, 13h48 - ATUALIZADO EM 12/04/2018, 14h33

Segunda do ano e segunda também a abordar um tema feminino, a Roda de Leitura desta quinta-feira (17), tratará da obra de Maria Firmina Reis, considerada a primeira romancista brasileira. O encontro ocorre às 17h, na Biblioteca do Senado, e terá como mediadora Tatiana Feitosa de Britto, consultora legislativa do Núcleo Social e especialista em educação. Tatiana e Cláudio Araújo Reis, também consultor, assumiram a curadoria das rodas de leitura, uma das novidades de 2018.

Tatiana afirma que Maria Firmina ficou esquecida por um longo período e que recentemente foi redescoberta, inclusive com direito a um verbete no livro Mulheres Extraordinárias, de 2017. Ela lembra que, desde o ano passado, quando a Consultoria Legislativa (Conleg) promoveu uma troca de livros no setor, já vinha tentando tornar a romancista mais conhecida, reforço agora possibilitado com a Roda de Leitura.

— Para mim e para muita gente ela é um personagem que ficou invisibilizada. Ela é mulher, negra e teve um pioneirismo que não aparecia em livros — citou.

Tatiana diferencia Maria Firmina de outros autores do período romântico do século 19.

— Uma coisa muito interessante é a visão do abolicionismo que ela tem. Em Úrsula, um livro comum ao gosto literário da época com personagens brancos, há um capítulo sobre uma personagem negra, Susana, antes de ser trazida para o Brasil [como escrava]. São narrativas um pouco ausentes da literatura do século 19. A vida do escravo é como se não fosse algo complexo, com relações familiares, enfim, uma vida. Ela traz à tona essa desumanidade — detalha. Clique aqui para acessar o capítulo.

Dois temas

Além da curadoria, a outra novidade da Roda de Leitura em 2018 é a seleção de dois temas específicos e abrangentes – Escritoras do Século 19 e Movimento Abolicionista no Brasil.  Tatiana é a curadora do primeiro, e Cláudio ficou responsável pelo tema do abolicionismo. Mônica Rizzo, coordenadora da Biblioteca, explica que os dois não atuarão necessariamente como mediadores. Eles selecionam trechos ou capítulos do livro em estudo e indicam obras relacionadas ao tema tratado. A primeira roda, realizada em março, foi mediada por outra consultora, Maria da Conceição Lima Alves. Na ocasião, a discussão se deu sobre o livro Opúsculo Humanitário, de Nísia Floresta, tida como a primeira feminista do país.

Histórico

Mônica Rizzo conta como surgiu a ideia da Roda de Leitura. Ela concebeu o formato junto com Maria Helena Freitas, do Serviço de Pesquisa e Recuperação de Informações Bibliográficas (Seprib). Para encontrar um meio de divulgar duas resenhas produzidas pelo consultor Alexandre Sidnei Guimarães, as duas optaram pelo final da tarde das quintas-feiras, horário menos tumultuado na Casa. A partir das demandas dos participantes a roda foi adquirindo a forma atual, mais organizada, com temas que permeiam diversas obras e autores. O primeiro encontro foi em maio de 2017, e a ele seguiram outros seis. Neste ano, estão previstos oito encontros.

Mônica observa que um dos temas deste ano surgiu meio ao acaso.

— As escritoras não foram escolhidas por essa razão [o abolicionismo]. Houve uma conjunção dos astros e coincidiu que as escritoras selecionadas defendiam a abolição. Elas eram mulheres à frente de seu tempo e vinham de uma estrutura escravocrata. Maria Firmina mesmo era negra e uma grande defensora da abolição — explica Mônica.

Clarissa Ribeiro, chefe do Serviço Administrativo da Coordenação de Biblioteca, reforça que a temática abolicionista está em sintonia com os 130 anos da abolição da escravidão negra no Brasil, celebrados em maio. No ano passado, afirmou, a escolha se dava pelo tema em voga naquele momento ou assuntos sugeridos pelos moderadores. Para ela, as rodas atingiram o objetivo de aumentar a interação com o usuário.

— A receptividade tem sido a melhor possível. As pessoas têm sido participativas, e o projeto ganhou mais visibilidade com a maior divulgação via Facebook e banners— comemora Clarissa.

Serviço

Neste semestre estão previstas mais duas rodas, com datas ainda provisórias. As do segundo semestre estão em fase de planejamento.

  • 17/05 – Os Manifestos Abolicionistas de 1880 / Facilitador: Cláudio Araújo Reis (Conleg)
  • 21/06 – O abolicionismo de Joaquim Nabuco / Facilitador: em seleção