Parlamentares mulheres da Câmara dos Deputados prometem não participar de Reforma Política

20/05/2015 11h28

Bancada Feminina do Congresso radicaliza e ameaça cruzar os braços durante a votação da Reforma Política na Câmara dos Deputados.  Essa foi a determinação, aprovada no final da tarde desta terça-feira (19/05), pelas representantes das 51 paramentares do legislativo eleitas, caso não seja incluída a cota de 30% de vagas para mulheres durante a reforma.

Durante o encontro, na sala de reuniões da Secretaria Geral da Mesa, ficou acertada ainda a elaboração de Manifesto no qual serão recolhidas  assinaturas das senadoras e deputadas federais. A ideia é que o documento consensual seja levado pelas próprias deputadas ao Colégio de Líderes de partidos políticos da Casa, sobre a decisão antecipada.

“Sem a inclusão dos 30% de cadeiras ocupadas por mulheres não votaremos a reforma política”, afirmaram as parlamentares. A deputada Moema Gramacho (PT-BA), justificou que a situação está insustentável, levando-se em conta as dificuldades inviabilizadas ao longo do processo. “Diante do quadro, se não houver a garantia da cota, poderíamos radicalizar muito”, anunciou.

“Temos que tomar postura mais radical e mostrar que todas nós votaremos contra a Reforma Política caso nós mulheres não sejamos incluídas na reforma”, justificou a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ).

“Essa Casa só trabalha mesmo sob pressão. Esse é um direito que nos cabe, de a gente exigir e ter esse espaço garantido. Não é chegar na época das eleições, pegar meia dúzia de mulheres e fazer com que elas sejam massa de manobra, apenas para preencher a cota exigida pela lei”, defendeu a Procuradora da Mulher na Câmara, deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA).

Segundo ela, a hora é de a bancada feminina se posicionar e denunciar. “O voto durante a Reforma Política será aberto e a gente saberá quais parlamentares são contra ou a favor da mulher, e que eles possam depois responder por isso, nas suas bases”, alertou Barbalho.

Coletiva de imprensa com ministra da Secretaria de Mulheres promete mobilizar sociedade

Mais cedo, pela manhã, em reunião da Comissão de Reforma Política, no Plenário11 da Câmara, a deputada Moema Gramacho classificou como “lamentável”, o fato de o relator, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), não ter colocado em seu parecer as cotas para representação feminina no Legislativo.

Entraves como esse, que deputadas e senadoras têm enfrentado, foram relatados pelas próprias parlamentares à ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, que participou da abertura da reunião, juntamente com a procuradoria Especial da Mulher do Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Grazziotin informou sobre o lançamento da Campanha Mais Mulheres na Política, realizado na segunda (18/05), nos estados do Amazonas e Roraima. Ela afirmou que a “hora é de discutir procedimentos, como a mobilização da Câmara, na Comissão de Reforma Política e do Senado, na Comissão de Justiça (CCJ)”.

Ao final do encontro, o colegiado optou pela realização de ações de enfrentamento, para que a sociedade e os parlamentares homens se sensibilizem com a causa. As opções apresentadas foram de mobilização de caravanas de movimento feministas estaduais a ações de divulgação na mídia, com a criação de um fato político a ser encabeçado desta vez pela ministra Eleonora Menicucci.

“Eu aceito a proposta de convocar coletiva de imprensa sugerida aqui pelas deputadas que também deverão estar presentes para relatar os problemas. Podemos agendá-la para as 11h, da próxima quarta-feira (21/05), com local a ser definido”, acertou a ministra.

Para Menicucci, a discriminação de gênero é excelente  argumento  para a questão de 30% de cotas para mulheres. “Para votar em mulher tem que quebrar a cultura patriarcal. Estamos juntas pela cota de 30% de vagas para mulheres no poder legislativo, em defesa das mulheres, pela igualdade de oportunidades”.