Nota de Solidariedade ao grupo das mulheres que denunciaram múltiplas situações de assédio moral e sexual sofridas dentro da Caixa Econômica Federal

25/10/2022 20h20

 

A Procuradoria Especial da Mulher do Senado (ProMul) manifesta seu apoio e solidariedade ao grupo das mulheres que denunciaram múltiplas situações de assédio moral e sexual sofridas dentro da Caixa Econômica Federal e que agora sofreram verdadeira revitimização, em razão de declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Em entrevista concedida ao Jornal Metrópoles, nesta segunda-feira, dia 24/10, o presidente da República foi perguntado sobre as acusações de assédio moral e sexual que levaram ao afastamento do dirigente maior da Caixa Econômica Federal, Sr. Pedro Guimarães, e disse textualmente: “Não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher... Vi depoimentos de mulheres que sugeriram que isso [assédio] poderia ter acontecido. Está sendo investigado”.
Verbo transitivo associado a pisar e machucar, “contundir” não deve nos “confundir” sobre quem são as pessoas feridas e contundidas nesta triste história. Contundente do direito social constitucionalizado ao trabalho era o próprio e impróprio comportamento do presidente da Caixa Econômica Federal, que já vinha sendo investigado em sigilo de Justiça.
Infelizmente, as declarações do presidente da República também pisam e machucam o mais elementar senso de justiça. Ao questionar a gravidade dos depoimentos, o presidente revela o lado pelo qual torce e só mostra sua vontade de relativizar, minimizar e tirar a objetividade das acusações que pesam sobre o dirigente que nomeou e cujo afastamento teve que aceitar, depois de muito relutar.
A ProMul reitera seu posicionamento público, quando pediu tanto afastamento do Sr. Pedro Guimarães quanto a pronta apuração dos indícios de que a Caixa Econômica Federal falhara, institucionalmente, em proteger o direito ao trabalho de suas funcionárias, ferido desde o alto, desde a sua alta administração, para escândalo de todo o país.
Em tempos de tanta agressividade, tenhamos sabedoria para preservar nossa empatia com aquelas mulheres que se expuseram tanto na denúncia que fizeram e aguardemos o pronunciamento da Justiça.
Senadora Leila Barros
Procuradora Especial da Mulher do Senado

 

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