Nota de repúdio à coluna assinada pelo jornalista Joaquim Mota

A opinião expressa na coluna assinada pelo jornalista Joaquim Mota, na edição do dia 18 de março de 2016 do jornal Correio Popular de Campinas-SP oculta preconceito a todas as mulheres que ocupam espaços de poder, pois sugere que os problemas políticos seriam superados se houvesse “uma pessoa para namorar Dilma”.
08/04/2016 10h30

Vivemos um dos momentos políticos mais graves e delicados de nossa história republicana.

Em curso está um forte embate político entre diferentes correntes de opinião. Entretanto, sem entrar neste mérito, que não cabe nesta manifestação, vimos como mulheres, parlamentares e cidadãs expor o que segue:

a)     Nossa Constituição Federal estabelece em seu artigo 5º a igualdade de direitos entre homens e mulheres;

b)    As manifestações misóginas, preconceituosas e a banalização da condição de mulher são ilegais, inconstitucionais e ofendem todas as mulheres brasileiras;

c)     A opinião expressa na coluna assinada pelo jornalista Joaquim Mota, na edição do dia 18 de março de 2016 do jornal Correio Popular de Campinas-SP oculta preconceito a todas as mulheres que ocupam espaços de poder, pois sugere que os problemas políticos seriam superados se houvesse “uma pessoa para namorar Dilma”;

d)    A campanha lançada nas redes sociais com a frase #LulaperdeuodedonaxotadaDilma é ofensiva, ilegal e criminosa, pois também ataca a presidente e a desqualifica como mulher;

e)     A primeira mulher eleita para o mais alto cargo político do Brasil merece a solidariedade e o apoio das parlamentares por estar sendo vítima da cultura machista e patriarcal, ainda em prática em uma sociedade na qual a irresponsabilidade civil ousa perigosamente se sobrepor aos direitos humanos;

f)     A solidariedade com a presidente Dilma Rousseff não significa que não tenhamos diferenças e divergências políticas. Significa que nossa sociedade, e nós como suas representantes eleitas, não aceitamos que haja espaço para o preconceito e vamos lutar pela manutenção de instrumentos importantes como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, fundamentais para a proteção de mulheres e meninas no mais elementar direito à vida;

g)    Ao se posicionar contra as insinuações quanto à orientação sexual da presidente, a bancada feminina do Senado Federal defende a garantia do estado democrático de direito para rebater segmentos da imprensa resistentes ao protagonismo feminino e às conquistas legais garantidas na Constituição brasileira, desde que a presidenta se encontra no pleno exercício de suas atribuições.

Assim sendo, a bancada feminina do Senado Federal registra veemente repúdio às atitudes de desrespeito dirigidas à presidente Dilma Rousseff, que representam desserviço à democracia e à emancipação da sociedade.