A exibição do filme “Chega de Fiu Fiu”, de Amanda Kamanchek e Fernanda Frazão, no auditório Eliseu Resende, na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foi a atração principal do último dia do Fórum Mulher em Foco, promovido pela ANTT, em parceria com a Procuradoria Especial da Mulher do Senado (ProMul).

A produção foi inspirada na campanha Chega de Fiu Fiu, lançada pela ONG Think Olga, em 2014, para combater assédio sexual em espaços públicos. A obra também explora o lado dos homens ao mostrar uma roda de conversa sobre masculinidades.

O longa-metragem retrata o dia a dia de três mulheres diferentes: Rosa Luz, de Brasília (DF); Raquel Carvalho, de Salvador (BA); e Teresa Chaves, de São Paulo (SP). Através das narrativas, o documentário amarra sua argumentação central sobre como o assédio sexual sofrido pelas mulheres nos espaços públicos inibe o seu direito de ir e vir.

Apresentado em escolas, universidades e instituições, através da Plataforma Taturana Mobi, o filme já alcançou mais de mil municípios.

Legislação

Durante a conversa com o público de cerca de 150 pessoas, a diretora Amanda Kamanchek falou sobre a importância de se discutir os tipos de assédio e como a lei enxerga esse crime.

“Eu sempre destaco a Lei de Importunação Sexual, nº 13.718/18, sancionada em setembro de 2018. A ideia é fazer com que as mulheres entendam quais são os dispositivos legais. Porque se você chega hoje em uma delegacia e fala que sofreu assédio, na verdade, você tem pouco respaldo. É muito importante conhecer a Lei", afirmou Amanda.

Antigamente a lei interpretava o assédio de três formas: Art. 216 do Código Penal, Art. 61 da Lei 3688/1941 e Art. 233 do Código Penal. Hoje, o assédio é considerado um crime de importunação sexual e é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência. O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô.

Oficina

Após a exibição e conversa sobre o filme, a diretora Amanda Kamanchek e Henrique Marques Ribeiro, coordenador do Observatório da Violência contra a Mulher do Senado Federal, realizaram a Oficina “Produção de Dados sobre Violência contra as Mulheres”.

Henrique Marques levou dados nacionais sobre violência contra as mulheres, assédio sexual e assédio moral no trabalho, com o intuito de cruzar com as informações colhidas na oficina.

“Quando surgiu o convite para o fórum eu pensei em aproveitar a oportunidade para falar sobre violência no trabalho. A ideia é obter dados sobre violências contra as mulheres na ANTT e juntos pensarmos soluções condizentes com a realidade da instituição”, disse Henrique.

Foto: Marcelo Favaretti/ProMul