Exposição na Biblioteca mostra trajetória da mulher para ter o direito de votar

04/04/2019 10h30

Foi inaugurada na tarde dessa quarta-feira (3), na Biblioteca da Casa, a exposição “A conquista do voto feminino”, que mostra a trajetória de luta das mulheres, a partir do século 19, pelo direito de votar, garantido em 1932. A exposição apresenta itens do acervo da Biblioteca, Arquivo e Museu do Senado, como livros, revistas, jornais, fotos, charges e ilustrações sobre o tema.

Na abertura, houve uma homenagem a Eunice Michiles, a primeira mulher a eleger-se senadora na história do país. Exatamente há 40 anos – em 1979 –, ela tomava posse no Senado como representante do estado do Amazonas, compondo a bancada do Partido Democrático Social (PDS). Ele relatou sua chegada à Casa e os primeiros dias de trabalho.

— Cheguei aqui me sentindo muito pequena, de um estado pobre e enfrentando verdadeiros ícones da política brasileira. Fui introduzida [no Plenário] pelos senadores Jarbas Passarinho e Amaral Peixoto. Me receberam com flores e poesia. Eu recebi uma recepção muito agradável, mas discriminatória de qualquer forma, porque nenhum homem é recebido com flores.

Apesar da recepção calorosa, disse, era tudo muito difícil e foi preciso “descobrir os caminhos”. E ela percebeu que havia espaço para fazer seu trabalho.

— Eu sentia muita responsabilidade para honrar os compromissos assumidos na campanha: a liberdade religiosa, a defesa intransigente do meu estado, o Amazonas, e a promoção da mulher, para que ela saísse da sombra e se tornasse parceira do homem nas questões brasileiras.

Eunice Michiles também falou da atuação como deputada durante a Assembleia Nacional Constituinte, quando, disse, houve um grande avanço em relação aos direitos da mulher. Segundo ela, o trabalho tem sido árduo e há ainda um longo caminho a ser percorrido. “Mas nós estamos aos poucos caminhando, tentando chegar lá.”

História

Diretora-geral do Senado, Ilana Trombka disse ser fundamental conhecer a história para entender os avanços obtidos pela mulher. Muitos acham, afirmou, que as conquistas foram sem sacrifício.

— Mas essa foi uma caminhada que exigiu da senadora Eunice Michiles e de outras mulheres mais do que exigiu de mim. Temos de reconhecer que os passos de vocês tiveram muito mais percalços, porque foi uma trilha que não estava preparada para as mulheres. Se só em 1979 nós tivemos a primeira senadora, foi somente em 2016 que foi construído um banheiro feminino dentro do Plenário.

Segundo Ilana, buscar a equidade de gênero e a erradicação da violência contra a mulher é garantir um mundo melhor. Trabalhar por isso, disse, é atribuição de todos, inclusive dos que estão no Senado, para “construir um caminho mais fácil de ser trilhado por homens e mulheres”.

Caminho

A diretora da Secretaria de Comunicação Social, Angela Brandão, se disse honrada por estar ao lado de mulheres que abriram caminho para ela e tantas outras. A Secom, disse, vê com carinho a luta das mulheres por seus direitos.

— É muito impressionante para mim pensar que já andamos tanto ao longo dessas quatro décadas, permitindo que outras mulheres brilhassem na atuação parlamentar e que a gente ampliasse a participação feminina, e assim emergissem daqui lideranças como a nossa diretora-geral, que tem feito um trabalho brilhante. Agradeço também aos homens que se somam a essa iniciativa.

A ex-deputada do Distrito Federal Maria de Lourdes Abadia representou a senadora Leila Barros (PSB-DF) na abertura da exposição. Também esteve presente a ex-senadora Emília Fernandes, que hoje preside o Fórum de Mulheres do Mercosul, assim como o senador Fabiano Contarato (Rede-ES).

A mostra é uma realização da Diretoria-Geral e Biblioteca, com apoio da da Secretaria de Comunicação Social, Secretaria de Relações Públicas, Publicidade e Marketing, Gráfica, Museu e Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).

Exposição na Biblioteca mostra trajetória da mulher para ter o direito de votar