Entidades divulgam Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil

09/11/2015 17h25

A publicação elaborada pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) traz dados sobre a realidade brasileira no índice de feminicídio (homicídio de mulheres) que ocupa a quinta posição num grupo de 83 países. A taxa desse crime é de 4,8 feminicídios por cada 100 mil mulheres.

O estudo realizado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz (Flacso) aponta dados detalhados com recorte de cor, idade das vítimas, tipos de violência e principais agressores. Segundo o mapa 55,3% desses crimes aconteceram no ambiente doméstico, sendo 33,2% cometidos pelos parceiros ou ex-parceiros das vítimas. A pesquisa também revela que os feminicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no país, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. Por sua vez, no mesmo período, o número de homicídios de mulheres brancas teve queda de 9,8%, passando de 1.747 em 2003 para 1.576 em 2013.

A Secretária Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos Eleonora Menicucci, afirmou que apesar dos avanços em políticas públicas com enfoque no combate à discriminação de gênero e raça “o novo mapa divulgado é lamentável”. Para Eleonora, “o avanço da violência também se deve à cultura de ódio e intolerância que chega aos lares e acaba afetando os sujeitos vulneráveis”, pondera. A respeito da morte de mulheres negras, ela pontua ser uma discriminação de mão dupla, de raça e gênero, e trata-se de um “contraponto da negação, que se deve ao protagonismo assumido pelas mulheres negras”.

Eleonora Menicucci também assinalou a importância da sanção da lei do feminicídio (LEI Nº 13.104, de 9 de março de 2015.); para ela “a partir da lei foi possível mudar a linguagem sexista da legislação penal e distinguir as mortes causadas pelo fato de ser mulher”.

Estiveram presentes no lançamento representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), da ONU Mulheres, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), além da Ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes.