Desigualdade de gênero no mercado de trabalho é maior nos cargos de chefia

24/03/2017 18h20

Desigualdade de gênero no mercado de trabalho é maior nos cargos de chefia

No último debate do Mês da Mulher no Senado, Roberta Gregoli, do Observatório da Mulher contra a Violência, apresentou nesta quinta-feira (23) dados sobre a desigualdade no mercado de trabalho, ressaltando que 55% das brasileiras estão fora do mercado formal. Ela também mostrou gráficos que indicam o “efeito tesoura”, ao falar de liderança e oportunidades iguais no ambiente de trabalho.

— Todos os gráficos mostram que, nos níveis mais baixos, as mulheres geralmente predominam. Porém, à medida que a carreira progride há uma inversão. Aqui no Senado, 63% das estagiárias são mulheres, mas quando vamos para cargos efetivos, elas são apenas 30%. É importante entender esse fenômeno para se questionar o que leva a essa evasão das mulheres — afirmou.

Roberta Gregoli apresentou ainda as causas e dinâmicas de desigualdades.

— A violência é um fenômeno cultural e social. As formas mais extremas de violência contra as mulheres, como agressões físicas e feminicídio, nos impactam muito, mas são apenas a ponta de um iceberg que tem muito mais a ver com a cultura machista em que a gente está inserido — ressaltou.

Inclusão

Para Ramila Vieira, da Procuradoria Especial da Mulher, a situação é ainda mais difícil para as mulheres negras.

— Falar de liderança ainda é um tema distante para as mulheres negras, pois nós ainda estamos tentando entrar no mercado de trabalho. Antes de falar de liderança, precisamos falar de inclusão. Devemos incluir as mulheres negras nessas empresas e instituições e só daí possibilitar que elas consigam alcançar cargos de chefia, de liderança — disse Ramila.

Para ela, a solução começa na educação, ao permitir que as crianças entendam que elas são iguais apesar de todo o sistema desigual. Como exemplo, citou o Senado.

— Aqui só temos uma mulher negra, a senadora Regina Souza. E como ela é vista pela sociedade? Nenhuma senadora branca já foi comparada com a “tia do café” como ela foi. Todas as pessoas devem ser respeitadas. O que determina que algumas pessoas sejam vistas de uma forma e outras, com o mesmo cargo, sejam vistas de outra?

Senado

Terezinha Nunes, da Secretaria de Gestão de Pessoas (SEGP), exibiu os números levantados pelo Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça referentes a gênero e raça no Senado.

— A gente tem que conhecer para poder começar a pensar em medidas positivas, e ver onde realmente a administração precisa atuar — disse.

Segundo Terezinha, a maior força de trabalho do Senado é constituída por pessoas de mais idade. Assim, ressaltou, é preciso considerar a necessidade desse grupo em relação a um grupo que acabou de entrar, por exemplo, o que é um desafio.

A palestra fez parte da programação do Mês da Mulher, organizada pela Diretoria-Geral (DGER) em parceria com a Procuradoria Especial da Mulher do Senado, Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, Observatório da Mulher contra a Violência e Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher.

Fonte: Comunicação Interna/Senado Federal