Recomeçar comemora 10 anos de presença e atuação no Congresso

18/10/2023 23h55

 Com a abertura oficial da exposição fotográfica Outubro Rosa 10 Anos, no Espaço Galeria do Senado Federal, a Recomeçar – Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília comemorou nesta 4ª feira, 18 de outubro,  dez anos de presença ativa no Congresso Nacional. Nesse período de muita interlocução e pressão em favor da aprovação de leis sobre o câncer de mama, pelo menos dez leis sobre o tema foram sancionadas. A falta de implementação na prática de algumas delas, todavia,  compromete o esforço de legislar em defesa da vida. 

“Cada foto nesta galeria é um testemunho de coragem, resiliência, força e resistência. Cada imagem revela uma jornada de superação”, discursou Joana Jeker, na abertura oficial da exposição Outubro Rosa Dez Anos, a sétima organizada desde 2013 pela Recomeçar. Presidente da Recomeçar, entidade que criou em 2011, Joana superou o câncer, mas perdeu a mãe e uma tia para a doença.

Sempre presente na discussão da aprovação de projetos de lei referentes ao câncer, Joana destacou a importância de se aprovar, ainda em 2023, o PL 2952/2022, que institui a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e o projeto 4434/2021, que cria um fundo nacional de enfrentamento do câncer.

Diagnóstico precoce

A exposição Outubro Rosa Dez Anos foi realizada com apoio da Procuradoria Especial da Mulher do Senado e da Secretaria da Mulher da Câmara. “Estas mulheres tiveram câncer de mama e estão aqui, no Outubro Rosa, dando visibilidade à necessidade de as mulheres de um diagnóstico precoce que pode salvar vidas”, disse a senadora Zenaide Maia, procuradora Especial da Mulher do Senado.

Em sua fala, a senadora Zenaide Maia, disse que o diagnóstico precoce salva vidas e que não possível que as mulheres dependam de mutirões de mamografia para conseguir fazer o rastreamento. Para a senadora, isso precisa se tornar uma política de Estado. “As decisões são políticas, por isso é tão importante nós mulheres entrarmos na política”, destacou.

Médica, a senadora Zenaide enfatizou que o diagnóstico de câncer parecia uma “sentença de morte” há poucas décadas, mas que a ciência e a tecnologia ajudam a dar conta de 90% das situações precocemente diagnosticadas. A procuradora da Mulher do Senado lamentou que o dinheiro gasto com planos privados seja abatido no Imposto de Renda e, dessa forma, deixe de financiar o SUS, que é um sistema que “abraça a todos e todas”.

Superações

Tereza Nelma, ex-deputada federal e ex-procuradora da Mulher da Câmara dos Deputados, atualmente Secretária Nacional da Pesca e da Aquicultura, tem um nome que se transformou num símbolo de superações na luta contra vários cânceres. Atualmente, a cada 3 semanas faz sessões de tratamento para uma metástese em um hospital privado renomado. “Queria muito que todas as mulheres tivessem o tratamento que tenho, pois todas nós queremos viver e temos esse direito. Eu acabei de criar minhas filhas, agora quero ver meus netos crescerem”, disse.

Presidente da Comissão Especial de Combate ao Câncer no Brasil, o deputado federal Weliton Prado reforçou a necessidade de aprovar uma política nacional que contemple do diagnóstico à reabilitação da pessoa com câncer e também de uma rubrica única no Orçamento, para o financiamento dessa política pública. O deputado também chamou a atenção para a associação que parece haver entre câncer de mama e câncer infantil. Segundo um especialista, o câncer infantil deve acender um alerta de diagnóstico para a própria mãe, e vice-versa: quando a mãe é diagnosticada, deve-se observar a criança.

Estética da vida

Última oradora da noite, a deputada Erika Kokay disse que a exposição Outubro Rosa Dez Anos representava uma espécie de “estética da vida”, baseada na coragem, na superação e no recomeçar, em oposição a uma “estética da barbárie”, fundamentada em desumanizações, desigualdades e discriminações.  Citando um verso de Drummond, segundo o qual “os lírios não nascem da lei”, ela disse que a ambição dos parlamentares é de que suas leis tenham concretude, sem transigir com o seu não atendimento.

Duas leis, em especial, têm sua implementação salientada pela Recomeçar em folder sobre o câncer de mama no Brasil: a Lei 13.896/2019, que estabelece prazo máximo de 30 dias para a realização de exames de diagnósticos do câncer no SUS; e a Lei 12.732/2012, que estabelece o prazo máximo de 60 dias para o início de tratamento contra o câncer no SUS após o diagnóstico.

Narrativas

Na exposição fotográfica Outubro Rosa 10 Anos é possível conhecer a narrativa de doze mulheres, como uma mãe (Eliete Moreira) e uma filha (Elisabete Moreira) acometidas de câncer, a jogadora de vôlei que inspirou uma lei distrital (Fabíola Constâncio) ou a mãe que engravidou na menopausa induzida e, mesmo tendo feito mastectomia “bilateral radical” amamenta há 3 anos e nove meses o seu bebê.

Geralmente constituída de fotografias de integrantes da Recomeçar, esta exposição dos 10 anos abre uma exceção para destacar também a deputada federal Silvia Cristina (RO) e a ex-deputada e procuradora da Mulher, Tereza Nelma. Após a abertura da exposição, as imagens das fotografias da exposição foram projetadas nas torres do Congresso Nacional, dando uma monumentalidade literal à luta das mulheres que recomeçam e uma injeção de ânimo, autoestima e coragem em cada uma.