Campina Grande recebe Oficina Senado Mulheres

05/09/2018 11h05

desafiosNa última sexta-feira, 31/08, a Câmara Municipal de Campina Grande (PB) recebeu a sétima edição da “Oficina Interlegis Senado Mulheres nas Casas Legislativas”, que discutiu questões relacionadas à promoção da saúde, à ascensão profissional e às políticas públicas voltadas a assegurar às mulheres uma vida sem violência.

A Oficina Desafios para Ascensão Profissional de Mulheres contou com a presença de quase quarenta participantes, os quais, compartilhando saberes e experiências, mediados pelas especialistas, debateram sobre os entraves que se interpõem no desenvolvimento profissional das mulheres.

“Muitas das dificuldades encontradas pelas mulheres no mercado de trabalho estão diretamente ligadas as discriminações sofridas na sociedade em geral. São opressões de gênero, raça e classe que incidem e impedem o avanço das mulheres em suas carreiras”, afirmou uma das facilitadoras, Ramíla Moura.

Como se trata de uma oficina, a dinâmica de trabalho é diferenciada. “O formato não é de palestra. Buscamos ouvir as mulheres e trabalhar os conceitos juntamente com elas”, disse Terezinha Nunes, facilitadora e uma das mentoras do projeto. “Em todas as edições, quando falamos dos silenciamentos sofridos pelas mulheres, em geral, muitas se identificam. A partir das vivências, conversamos qual a melhor alternativa para evitar ou se defender desse tipo de discriminação”, completou.

Uma das formas de silenciamentos é o mansplaining que une os vocábulos man e explaining, que significam “homem” e “explicando”. “Nesses casos os homens acham que podem nos explicar algo que já somos acostumadas a fazer e temos competência para desempenhar a função ou atividade”, disse Ramíla.

 

omvEnfrentamento à violência

 

O Coordenador do Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal (OMV), Henrique Marques Ribeiro, apresentou a Palestra Observatório da Mulher contra a Violência – Análise de Dados para o Aprimoramento das Políticas Públicas. Em que, a partir da apresentação tanto do contexto que ensejou a criação do OMV, em 2016, quanto dos resultados dos estudos por ele realizados desde então, foram discutidos os desafios para o aprimoramento das políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres.

Durante a apresentação foi defendido que o caminho para aprimoramento dessas políticas públicas passa pela análise profunda de dados e informações produzidas pelos serviços de atendimento às mulheres em situação de violência. Serviços esses que abrangem um conjunto vasto de instituições públicas atuantes em diversas áreas, como saúde, assistência social, segurança pública e justiça.

Os trabalhos realizados pelo OMV, contudo, indicam que muito ainda há de ser feito para a sistematização de informações relevantes concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, produzidas por esses órgãos.

Concluindo, então, que antes de se poder utilizar dados da violência contra mulheres para aprimorar as políticas para seu enfrentamento, é preciso aprimorar a capacidade de se produzir e analisar tais dados, especialmente aqueles produzidos em âmbito local. Isso porque, no entendimento do OMV, a construção de políticas públicas mais efetivas deve nascer do conhecimento das especificidades das realidades e saberes locais, especialmente no caso de pequenos e médios municípios.

O público das oficinas em Campina Grande foi em sua maioria de vereadoras e funcionárias da Câmara Municipal o que provocou também o debate sobre a baixa representação política de mulheres no legislativo. No município, entre 23 eleitos nas eleições de 2016, apenas a atual presidente da Casa, Ivonete Ludgero (PSD), é mulher.

 

saúdeSaúde

A oficina Saúde da Mulher, autonomia no corpo e na vida foi prestigiada por 39 mulheres, entre elas estavam servidoras públicas, donas de casa, sindicalistas, professoras, profissionais liberais, mulheres aposentadas e também trabalhadoras desempregadas.

Durante a dinâmica, todas se mostraram muito interessadas e participativas, fizeram perguntas sobre direitos de cidadania e receberam orientação sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e as políticas públicas para as mulheres na área de direitos humanos e Lei Maria da Penha.

A oficina discutiu a saúde de acordo com orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que compreendem aspectos psicofísicos e sociais para ampliar os conceitos de saúde com base na fisiologia do corpo humano e na interação entre os sistemas do corpo.

Foi destacada a prevenção, a proteção e a promoção da saúde de acordo com doenças preveníveis e não transmissíveis como diabetes, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo e as estatísticas que revelam o quanto as mulheres são afetadas.

A prevenção às doenças preveníveis e transmissíveis também foi lembrada como fundamental. Registrou-se a importância do sexo protegido para evitar Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como as hepatites virais e também o HPV.

Estavam presentes Maria de Lurdes Souza Bezerra, da União Brasileira de Mulheres (UBM-PB); Maria Antonia, da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Maira Nunes do Instituto Brasileiro de Políticas Públicas e Glaucia Nunes, responsável pela pauta feminina do Sindicato dos Servidores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

ProMul Senado (Reprodução autorizada mediante citação da ProMul Senado)

Fotos: Paula Bento