De autoria da pesquisadora e escritora Lucelena Ferreira, o “Manual Antimachismo: como enfrentar agressões de gênero no ambiente profissional” foi lançado na Biblioteca do Senado Federal, nesta 4ª feira, 7 de dezembro, como parte da programação conjunta das mulheres do Senado Federal e da Câmara dos Deputados para os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas.

Lucelena disse que estuda o tema da igualdade de gênero há mais de 15 anos e que sempre se deparou com fala o desafio de encontrar uma resposta mais efetiva à questão sobre o que fazer diante de uma situação de machismo no trabalho.

O livro mostra que as mulheres se veem vítimas de uma série de situações que envolvem “duplo padrão de julgamento” (a regra não é a mesma para homens e mulheres),  “mansplaining” (suposição machista de que a mulher não está entendendo o assunto), “manterrupting” (interrupção da fala), “piadas e falas machistas”, “objetificação”, “negging” (crítica em forma de elogio), “machocratismo” e “bropriating” (apropriação de ideias).

“As mulheres com quem eu conversava sempre me perguntavam sobre o que fazer numa situação de machismo. De acordo com os próprios relatos que me faziam, eu via que oscilavam entre uma resposta silenciosa, de sorriso amarelo, e uma reação impulsiva”, disse Lucelena. Segundo ela, os depoimentos reunidos para a construção do manual mostram outras estratégias possíveis, verdadeiros “caminhos do meio” a mostrar às mulheres na hora de dar uma resposta prática e efetiva ao machismo.

Entrevistas

Para encontrar os “caminhos do meio”, Lucelena entrevistou mulheres do mundo corporativo, associativo, acadêmico e também da política, com destaque para a participação de três senadoras: Simone Tebet (MS), Leila Barros (DF) e Mara Gabrilli (SP).

Além das parlamentares, também foram ouvidas a diretora-Geral do Senado, Ilana Trombka; Clara Marinho, reconhecida pela ONU entre as 110 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo; Danielle Alves, gestora da Universidade Corporativa do Banco do Brasil; Thais Rosa, administradora e planejadora; Georgia Bartholo, especialista em gênero e liderança; e Lydiane Silva, vice-presidenta da Associação Nacional dos Procuradores e das Procuradoras do Trabalho (ANPT), que também foi ao lançamento.

“Quando a Lucelena me fez essa proposta, a gente fez o que as mulheres melhor sabem fazer, que é realizar”, disse a diretora-Geral Ilana Trombka. Uma das entrevistadas por Lucelena, a diretora-Geral do Senado, Ilana Trombka retomou aspectos de sua própria trajetória no Senado, quando aprendeu o que era sororidade “na prática”, numa situação de conflito organizacional em que a senadora Maria do Carmo (SE) lhe prestou ajuda efetiva.

Procuradoras

A procuradora da Mulher da Câmara dos Deputados, deputada Tereza Nelma (AL) compareceu ao lançamento, acompanhada de deputadas estaduais que participam do 3º Encontro Nacional de Procuradoras da Mulher. Ela salientou a importância da atuação conjunta com a procuradora da Mulher do Senado, senadora Leila Barros, que não pôde comparecer ao encontro, por estar momentaneamente impedida de falar, por conta de uma cirurgia odontológica.

“Estou aqui como ‘reserva’, no impedimento da ‘titular’”, brincou a assessora da ProMul Karem Vilarins. “A senadora Leila Barros, nossa procuradora Especial da Mulher do Senado, pediu que registrássemos seu agradecimento por poder contribuir com seu trabalho, Lucelena, e que, além disso ficou encantada com seu talento para emprestar um sentido teórico e reflexivo a tudo aquilo que lhe foi narrado sobre o seu cotidiano – parabéns!”.